segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Vendo Caê e Gil




O grande sem palavras que o determinem grandes, que se dito grandes, menores o fariam. Se exagero, releve, os poetas e loucos sempre o fazem. Sou os dois, sou ainda profeta e não me tenho em baixa conta. Agora ainda mais, porque agora é mais difícil. O parkinson, debutante, não me tirou ainda (nem o fará breve) a mania de admirar. Me limita no que pode, nos movimentos, não o querer fazê-los. Me limita... Basta! Não existe doença, não como ser. Não existe quem me detenha mais sobre a vida que a própria vida. O contrario não existe. A morte não me aguça sobre ela, não me faz despertar para ela. Ao contrário. A morte me causa pena o fim da vida, o ausente do belo não o feio que se inicia. Morte não é nada, como doença, como não-poesia. O mundo dos sentires -que é o mundo real- se compõe de poesia, e o que não é isso não existe, simples assim. Não existe o erro, o mal-mau, o medo, o frio nem escuro, nada disso. Nem a essas inexistências deve-se dar trela. O que existe é falta desses opostos. Prestar-se-a culto ao acerto, ao bem-bom, à coragem, ao calor e ao claro. Saberá que o que existe é afirmativo e gera vida e poesia e se não gera não é e; se não sendo não está. Como nunca haverá alternativa ao Cristo nem o que lhe seja contrário. 

Para não dizer tudo, digo o que me basta. Não sei de tudo mas sei o que importa. Sei que errando haverá perdão, mas não premeditar a porta, porque o erro sem perdão é o que foi calculado. Em tudo tem de haver perdão e compaixão e perdão, menos no que foi provocado. Um dano que se sabia o grave e sobretudo o mal causado.

Devo dizer que chorei de madrugada?
Devo dizer que sempre é assim?
Precisa dizer que gosto disso?

A quem ver isto, feliz natal e um bom ano novo!

Beijos e abraços aos que o aceitarem.

Em especial para meu pai, Marcelo Novaes (o poeta), Marcelo (o cagão, meu sobrinho-neto), Cleide, Marta, Caetano, Luluzinha e suas crias, minhas irmãs, minha mãe, Claunice, e, como dito acima, a quem aceite.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Minha tristeza






Tem coisas que se começam e outras natimortas; coisas feita de coisa que a palavra não alcança. A palavra não alcança a essência, o que temos de bom ou de ruim. Eu não explico porque também não sei e creio que poucos sabem. Eu não sei da razão das dores, dos ruídos medonhos, das crianças com fome e frio e o que pensam. Eu não sei de seus pais, como sentem a pele e o coração bater, se se sentem homens não parte da coisa que não sei o nome. Eu me sinto mudo para as fortes visões de paraíso, da espera de encontrar lugar melhor e se isso não é um consolo bobo. Toda noite eu durmo e tenho paz e nem penso em morte, mas ela vem tão devagar e discreta... Dir-se-ia que nem tem pressa. 

A dor que dói mais não é a minha nem a sua, é a dos meninos dos sinais, das garotas de programa, dos travestis, dos drogados. Porque sabem das mesquinharias dos outros e não encontram ombro e só encontram zombaria. A zombaria é feia, o escárnio é feio. Certa vez saí da casa de meu cunhado (era ainda casado) e passei por um grupo de adolescentes que começaram a rir de mim, do modo como como eu andava e de minha rigidez muscular causado pelo parkinson. E riam alto e diziam coisas como: anda direito, robocop, anda direito. Cheguei em casa, contei a minha então mulher e ela chorou e me perguntou como me senti na hora. Não senti nada. Nem raiva ou qualquer coisa parecida com isso. Eu tenho desprezo por quem se despreza. Eu tenho asco de quem de si se apieda. Minha tristeza está nas coisas dos meninos nos sinais. Minha tristeza está quando batem em uma prostituta. Quando xingam um travesti, quando um pai nega o filho. Minha tristeza está nas coisas que realmente doem, e olha, conheço hospitais, sei o que é estar com medo e só. Minha tristeza eu guardo para o dia em que eu beijar meu filho pela última vez. Mas ainda assim não será tristeza. Minha tristeza eu guardo para as coisas que são tristes. Choro tanto e por tudo que não resta lágrima pra mim. Só sei ser alegre, não sei ser triste, ontem, hoje, até meu fim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MAR IMENSO SEM CAIS

Quem é ela? a que fala lindo, a que cozinha comidas quase prontas, a que desfila em minhas ideias mais danadas, a que sem a qual me sinto nada.
A que nunca é esquecida, a que briga sem razão, a que perturba a minha paz dando-me uma outra que é mais quente, uma paz de amor, um paz de fogo, uma paz de gente.
Quem é ela? A que baila nas canções dos velhos poetas das músicas que sempre amei, a que me é contrária, refratária, inverso, contra-cara, contra-senso, e nisso me perco.
Quem é ela? A que tem no nome o mar, a que tem no corpo um bicho, a que tem um  cheiro bom, a que sabe me domesticar, a que gosto sem querer, a que amo e não me custa nada amar.
A que o corpo e o cheiro não saem de minhas mãos e nariz, a que olho com febre, a que sonho com fogo, a que sempre que me diz estar com saudade, a que nunca quer me ouvir cantar, a que sempre se faz escutar mesmo calada. A que o silêncio me causa angústia que só sua voz debela. A febre causada por ela só quem cura é ela. A dor por causa dela só ela anestesia. O buraco que ela deixa só ela preenche. A letra dela é a que falta para a palavra fazer sentido. O sentido dela é ligar os pólos, unir os credos, instigar o que parecia inerme, fazer zunir o que parecia silêncio, fazer o choro onde havia o seco, secar a lágrima quando for tristeza,fazer o riso lacrimoso de ser tanto, fazer o medo menor, a força nunca secar, o dia mais branco e a noite também.
Qual o gosto dela? O gosto das coisas saborosas mas sem excessos de doce ou sal.
Nada nela é menos, nada nela é nada, tudo faz sentido e diz alguma coisa.
Ela não tem o poeta que merece mas não me deixa triste isso porque quase nada lhe é igual. As coisas que amo nela são da ordem das coisas que apaixonam, que prendem, emocionam, embriagam, enlouquecem, fazem falar muito o poetaou simplesmente o emudecem.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

TEM DE ODIAR O FEIO SE AMA O BONITO




O cara perdeu a mulher da vida dele pela razão -ou falta dela-,de alguns doentes mentais quererem impor sua fé com metralhadoras. É um jornalista francês que não sei o nome e sequer vi o rosto pela tv, mas ele me representa. Gente desse tipo me representa. Ele escreveu um texto que se eu disser lindo direi pouco. Diz que os terroristas que tiraram a vida do amor dele (deixando o filhinho dele sem a mãe) não terão seu ódio. Nossa Senhora, tem como não se arrepiar? No fim do texto ele diz mais ou menos isso: todos os exércitos do mundo não tem a força minha e dele (seu filhinho). Tem como não chorar?

Ele é incapaz do ódio. Em princípio eu diria: isso é coisa de imbecil! Mas (e é bom que eu rediga) perdeu o amor de sua vida e se vê pai de um filho que não terá mais sua mãe. Ele escreve uma carta ferida que contém sangue, mas o sangue de o poeta. 

O perdão deve ser dado mas nunca a terroristas. Isso é minha opinião. A partir de agora começo a tomar enfado por esse cara. Deixou de ser um gigante para ser nada. Olhando de perto e com mais critério, vejo-o falar para plateias, não como que sente. Se sente mesmo é um idiota, e desses eu corro.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Quem é Emerson Sheik?





Emerson Sheik, esse é o cara. Disse ele (e não mentiu) que tem mais títulos brasileiros que o Vasco da Gama. Como jogador de futebol é um jogador mediano, como pensador é um jogador de futebol. As coisas não se medem assim, idiota. Sheik tem mais títulos que Romário, Roberto Dinamite, Ademir da Guia,Edmundo, Juninho, qual desses ela lambe os pés?
Disse que seria legal se o Vasco caísse. Que dizer? Há os que amam e os que odeiam, eu amo o Vasco, não odeio o flamengo.Se o Vasco cair, se der tudo errado, será o Vasco e nunca será passado. Sabe porque o Vasco é maior que o Sheik?
Porque é uma instituição, nunca passará. Sheik pensa como um jogador de futebol, Sheik é mediano jogando. O Vasco é seguido e adorado por milhões. Tivesse o Vasco nenhum título e Sheik 8000, seria só Sheik, mediano e sem sal, nunca o melhor em nada. Tivesse o Vasco não ganho um único título sequer, seria ainda o gigante da colina. Sheik faz propaganda de si mesmo, não representa nada, não é nada. O Vasco tem milhões que o amam, e quando cai eles choram mas esperam levantar. O Vasco é um religião e como tal se deve respeitar ainda que se não professe. O Vasco, ainda que mais não seja,e nem queira que isto ser, é o Vasco. Ponto final. Se compara Sheik com jogadores medianos, não com o time que fez Romário aparecer. O baixinho, sendo menor que o Vasco, é infinitivamente melhor que você. Quem é Emerson Sheik? Deixa que eu apresento: É um Romário ou Cristiano Ronaldo sem o talento do baixinho ou do português. Que só tem dos dois a arrogância (que nos dois o talento atenua) É um fanfarrão que não sabe medir as coisas ou as mede com metro errado. É um Romário sem futebol que justificasse o tanto falado. Um Romário falso portanto nunca o Romário. Um palhaço que se pretende sério e que deixou de ser palhaço (papel que lhe cabia) para querer ser superior ao que é. Como ninguém é mais nem menos o que é, deixou de ser uma coisa para não ser outra. Quem é Emerson Sheik? Ninguém que mereça menção quando se fala dos melhores. E o Vasco?


É isto.

sábado, 31 de outubro de 2015

O MAR DO MAR





Antes era vento, brisa, quando muito, ventania. Hoje é furacão, que não é o que destrói, é o que propulsiona, fomenta, dá energia, como se usa a palavra na arte, no revigorar-se, que sacode, que enche de energia.

Hoje é que sem medida, hoje é que é sem freio. Não digo que não foi tanto antes porque antes tanto não me caberia.

Ela dança, eu peço a Deus que ela não saia da minha vida.
Ela esbraveja, espreguiça, expande onde parecia ser o limite.
Ela faz um monte de coisas e não faz outro tanto, como todo mundo.
Mas o que faz é tanto, é lindo, é arrasador.
A voz dela é como se você colocasse a ternura como coisa concreta, como uma coisa que se tocasse, que se visse, e dentro de algo que contivesse.

Ela só caberia com precisão em um coisa imensurável, porque a medida dela é essa: IMENSA.

Quase não ri, nunca grita, nunca perde o sereno jeito.
Mas nela nada é "quase" tudo é dela e tão dela, como o coração que eu tinha como meu, como minha vida.

Se poetas são seres imbecis (e de fato o são) e o  amor torna o homem imbecil, sou imbecil ao quadrado.

Ela disse preferir meus "versos" aos que tentei mostrar-lhe de Cabral. Não a contesto. Versos de amor (embora toscos como os de agora) sempre justificarão os fracos poetas. Teu nome contém um mar, o mar não te abarca inteira. A quem diz "exagero"! dirá por ignorância ou inveja. Quem nunca a teve não sabe que o mar do mar é ela.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

14 ANOS






O tempo passa... frases idiotas como essa sobrevivem ao tempo. A razão é simples: Sempre haverá idiotas, sempre eles sentirão as coisas como idiotas e assim as dirão.
Meu filhote faz 14 anos! A exclamação é própria do idiota. Eu sou idiota e pai. A paternidade me fez mais idiota. Não há meio de se amar alguém que não seja idiota. Amores com frases soberbas ficaram para as musas de Shakespeare, Baudelaire, e afins; Meu filho faz 14 anos e tudo que tenho a dizer é: EU O AMO!  Sei bem das idiotices do mundo, sou um profundo conhecedor delas. Meu filho! assim o posso chamar porque é a única coisa que tenho de minha e de fato. Será meu filho mesmo eu não mais sendo. Nunca entendi a frase "meu(s) filho(s) são tudo o que tenho". Precisa mais? Sendo o que for é meu filho. Se chefe de governo, se rico pobre, preto, azul é meu filho. Veio por minha causa, existe porque eu existo. Eu fiz algo que não existia vir a existir. Claro que a graça deve ser dada a Deus, que me fez existir através dos séculos dos que me formaram... Este é um texto francamente imbecil, tenho consciência e vou terminá-lo logo.
Parabéns a Luiz Xavier (ele não gostaria de ser apelidado e não darei azo a quem queira o zoar) PARABÉNS, FILHO. Não tenho muito mais a dizer que não seja: TE AMO! sempre será assim, longe, perto, hoje e até meu fim.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Quem



Não te liguei, e me custou não fazê-lo. Tanto quanto não devo dizer. Te tive na cama, sequer te vi o ombro. Te tive de perto demais para o não tocar. Mas toquei teu rosto, linda, e você me lembrou disso com aquela voz que faz difícil agora eu não te ligar. Descanse, durma, amanhã hei de acordar. Se não... tudo bem, morrerei amando, ao som de um pagode e de uma música sertaneja, sim, Nando Reis e Ana Carolina. Quem inventou o amor foi um grande professor debochado. Quem inventou o desejo o fez em ferro fundido não em forjado. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Não matar






Ele ia baixo, de cabeça baixa, não como curvado ou como medo, nem por motivos menores de que se valem os canalhas para esconder sua hedionda cara. Ele baixava a cabeça por ter ultrapassado os de cabeça erguida e portanto saber-lhes tontos.
Ele quase nunca sorria, mas se o fazia era por coisas simplórias, dir-se-iam bobocas, sem sentido ou prosaicas demais para que fossem notadas. Se chorava? Sim, mas sem lágrimas abundantes. Apenas marejavam os olhos. Fora esquerdista outrora, ora não falava em política (quando se falava disso ele dispunha do sorriso dito acima), tinha perdido a graça para ele os rituais e cultos, mas cria. Em Deus? talvez, isso não compreendi. Andava só com sói ser aos que aprenderam algo. Gostava dos portugueses, de cheiro de maresia. Não tivera medos, não queria filhos, não sabia o gosto dos extremos. Sabia da vida passando e gostava muito de álcool e talvez cocaína, se o tivesse alguém oferecido.
Nada de exorbitante, nada de especial. Não fora Alexandre, dito o grande; nem bonito na mocidade; não era diferente de um homem em nada e em nada lhe era igual.
No dia de sua morte (um câncer no esôfago) já não havia qualquer resquício de sobriedade naquele homem. A dor lancinante do tumor em sua garganta o fazia gritar muito, e diziam: ele exagera. Logo ele que nunca fora dado a isso. Morreu com suas certezas e sonhos, levou consigo nada, apenas ele. Ele não faz falta a ninguém.
Ia esquecer do principal, do que quis dizer desde o começo sobre esse insípido ser: Ele dizia sempre que nunca matara ninguém e só por isso valeria viver.
Eis o meu héroi, meu personagem sem graça. Viver só vale a pena para os que não matam. 

domingo, 4 de outubro de 2015

Opinião








Minha opinião não foi pedida, mas é minha e sou generoso, vô-la dar. E nunca a razão foi tão pouco arrazoada, a ponderação tão pouco ponderada como em minhas opiniões. Eu acho o ventilador e a geladeira (a prolopa é muito pouco confiável) as maiores invenções humanas; Lula e o pt piores que satanás; que por gosto puro e genuíno, o caldo-de-cana teria de custar cinquenta vezes o que custa o mais caro vinho do planeta; que as músicas que xuxa fez para as crianças justificam a prisão dela (perpétua) ; que música boa é a que eu gosto, bem como filme e todo o resto que me atraia admiração; que o google é absolutamente imbecil; que o google é absolutamente genial; que dor de cabeça não existe; que mal de parkinson não deveria existir; que há uma mistificação dos diabos na palavra "mística"; que eu tenho intuições geniais que se não se aplicam no mundo pratico é por algum problema do mundo prático; minha opinião é que o cachorro é um bicho feio e pateta; o gato é filósofo maior que todos os que existiram; que tudo demais enche, seja Caetano Veloso, seja Olavo de Carvalho, seja buceta, seja o caralho. 

Embora ninguém as peça, tenho dado; opiniões opiniões são. As minhas não requerem acato nem nada, as dou pra não ficar calado. Calado o tempo todo não fico. E, convenhamos, se alguém leu isso até o fim não deve andar muito ocupado.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A TERCEIRA MARGEM DO RIO



















Eu nunca sou um só, eu sou dois, eu sou mil. Eu nunca estou em uma margem do rio ou na outra, estou na terceira. A terceira margem do rio. O que faço lá? fui/vou/irei em busca de meu pai. Não porque queira persuadi-lo a voltar mas para apenas sentir a terceira margem. Meu pai saiu de casa em sua canoa e foi atrás da terceira margem do rio, disseram-lhe uns tolos que essa tal não existia. Tolos tolos são. Para mim só ela existe, só ela faz sentido ou dá sentido a existirmos. Nunca quis o amor total nem o ódio total, quis (quero) o que os distingue sem obnubilar, sem que haja o que os confunda. Não sei como amo e porque o faço, sei que meu amor está na terceira margem do rio. Se alguém se atrever a dizer que ela não existe, eu provo que ela existe dizendo que eu moro lá. Eu moro na terceira margem do rio e isso me explica (não justifica, claro) isso (o fato de eu morar na terceira margem do rio) me faz ser o que sou. Um dia equacionarei isso e farei de mim um homem bom. Mas nunca serei melhor saindo da terceira margem. Se sou cheio de imundícies, mesquinharias e de todos os defeitos que conhece quem me conhece, é bom dizer e saber que fora da terceira margem, nas margens "normais" do rio, eu seria pior. 

Eu habito a terceira margem do rio e sou doce quando contemplo meu pai. Ele não me vê, ele não me sente. Não está em sua canoa porque precisa que o mundo dele se apoie nele para não ruir. Eu, que sou um monstro que nem o parkinson fez mais humano e humilde; que sou soberbo e cheio de mim; que adoro pisar pessoas e vituperar contra o mal fazendo maldades, que sou apressado em diminuir o gosto dos outros e exaltar o meu, que zombo de religiões, que imputo culpas que são minhas, que... Deus meu! há de haver um perdão para mim e uma cura. Há de eu ter jeito porque eu habito a terceira margem do rio, e sou frágil ao ver meu pai em sua canoa procurando a terceira margem  do rio. 

Onde eu vivo (na terceira margem do rio) eu posso ver meu pai e isso é tudo. Meu pai me mostrou a terceira margem do rio, embora ele nunca a tenha visto nem ninguém. Ele é a terceira margem do rio! ELE SEMPRE FOI, É E SERÁ. É bem ousado dizer com palavras o que seja a terceira margem do rio, mas ouso. Ouso porque sei que é meu pai. Como sei? Pelo cheiro, pelo que não cabe em si, pela voz dele no silêncio, pelo olhar dele. Não sou um ser perdido. Habito a terceira margem do rio, lá não estão os santos, sequer os médios. Lá estão os poetas loucos, os perdidos de amor e desmedidos. Lá estou eu, na terceira margem do rio, não fui buscar meu pai, fui olhá-lo, fui sabê-lo, fui senti-lo, fui dizer baixinho e chorando: MEU PAI!

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Infernal



Estou infernal.
se eu mais inflar, engulo um planeta,
arroto estrelas,
e ponho novo nome em tudo.
Refaço a contagem do tempo,
faço contrário os elementos naturais.
o fogo gerará frio,
o frio não esquentará.
Às palavras eu mudarei a forma
de dizê-las e pensá-las.
Finda minha obra não assinarei embaixo,
deixo isso pra quem quiser ser deus.

Darei nexo as coisas que não tinham ligação;
Arbitrarei a sentença de satanás;
restituirei cada filho morto aos braços de sua mãe e
passarei ao fio da espada o assassinato.
Então não descansarei: ressuscitarei Castro Alves e acabarei com a escravidão antes de ela ter existido, e gostando da ideia farei isso com todo o mal.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A lista do gostar





Duzentas que fossem as vezes necessárias eu mantinha firme a posição. Não por birra, não por burro, não por temor quais sejam. As coisas sobre as coisas não desfaço nem revejo opinião, o faço por estarem acima das minhas possibilidades de desgostarem. Não bastam as coisas que eu gosto sumirem, morrerem ou não estarem, isso até as fariam mais queridas. Eu teria de não ser eu, minha vida uma diluída em coisa que fosse gelo e que não fosse fria porque isso, mas um frio por ausência de calor, pelo contrario de seu motivo. Os que elegi em meu gostar não o fiz por motivos que possa explicar, nem poderia dizer se obrigado fosse. Não será uma goleada, um desengano, um desespero o que me fará desgostar do beijo de Corisco em Dadá no filme do Glauber. Não será uma opinião que findará um amor. Os códigos que me fazem gostar não podem ser quebrados, decodificados, encripitados, lidos ou o que o valha; São códigos de códigos com mil outros dentro. Não, minha flor, não posso ser outro, então se dispense de querer que diga o quer quer, só digo o que sou. Se não te cabe o meu reino procure um outro, nunca tente o meu mudar. Isso não é nem arrogante nem inflexionar, é antes te dizer: Do que gosto (noite, vasco, pai, filho, lua, o bardo e tantos e tantas mais) não deixarei de gostar. Ou tenta entrar na lista ou nunca queira estar. A lista do que amo se expande mas nunca encolherá.
Não sou leviano, tudo arrefece, se esgota, muda, passa, exceto minha lista de coisas queridas. O cheiro de meu pai, o sono do meu filho; a lua de Dostoievski; o olhar de Falstaff para Rick; Moacyr na sangria da barragem; você dançando; Tarde em Itamaracá; são coisas de dentro do cerne da coisa. Que não sei exato porque se fizeram tanto gostar, mas que só podem ser desgostadas não se eu as desgostar, mas se não for mais eu, não em mim mais estar.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Pedido




Peço-lhe uma palavra para começar um texto. Um cigarro para que eu não o fume nem trague, acenda-o, e solte no ar a fumaça. Peço-lhe atenção e carinho, quando menos, teu abrigo. Quando me vires por inteiro o perdão e depois a paciência. Peço que não me deixe ir onde eu quero nem ficar aqui, nem parado. Peço que não entenda tudo, mas entenda o algo. Peço que não me provoque e, se provocada, me fustigue. Não peço compaixão, não peço o que eu não pedir ou que eu não precise, peço o que tens disponível, nada que me justifique, Peço respeito pela minha luta, peço severidade pelo meus vícios, peço serenidade pela minha fúria, que me xingue quando eu precisar disso. Que me odeie, nunca que me adore. Peço que ria de mim quando eu merecer o escárnio, mas nunca covardemente, me deteste com lealdade. Nunca deboche das pontes, dos poemas e das minhas cicatrizes. Peço que me oriente pelo caminho onde eu ande errado mas jamais me diga certo o que eu tiver trilhando. Me recuse o elogio, me faça um silêncio onde eu tiver acertado. Peço que não seja severa demais, só serena, só segura. 

Não deixe que eu seja todo, me tolha, me dê espaços limitados, para que não extrapole, e se extrapolar não quebrar nada. 

Peço que compreenda que eu não quero só teu sim, e sim o teu anuir ou desagravo. Que entenda que se só disseres "sim" me porás em dúvida sobre tua escolha, se tudo me negares, porém, me convencerás de que tua opinião não vale.

Peço que não confundas o meu choro com tristeza, nem eu estar rindo com estar alegre, nem o que digo com o que sou. Que eu nunca te convença de nada, que você nunca de medo de mim reclame. 

Peço que entenda que sou ruim como um homem.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

SOU EU



Gosto é de pessoa não de gente. Do íntimo não do público; do que está oculto e eu descubro, do que tem o particular como graça. Gosto de um ser em si, não de um ser geral. Um na multidão que eu lhe veja inteiro e só, sem ser uma figura igual. 
Os socialistas não me são toleráveis, bem como o gosto de todos. Gosto do que gosto e não do que "deve-se" gostar. O egoísmo é uma forma de amar. Não falo do egoísmo do medíocre, de quem só quer para si, de quem não sabe admirar. Falo do olhar interno, do se gostar, e estando se amando saber amar. Falo da tristeza sem lho negar, sabendo-a ruim, sabendo-a má; saber-lhe antes a digerir que a renegar. 

Eu falo do canto triste, das noites frias, dos pais que não conseguem alimentar seus filhos. Das dores humanas, das perdas sem fim que como se pela frequência, pela constância, fizessem adormecer o nervo. O tal nervo que nos faz gente e nos faz homens. Homens e leões não são iguais. 

Não pretendo ver leões morrendo, mas não suporto o chorar dos que não sentem a dor dos mendigos e sente a dos leões. 

Eu guardo meu chorar para os que amo, para os que conheço, não para os que a tv quer que chore. Não tenho amor à "humanidade" nem a nada geral. Sou pessoa não censo, sou eu mesmo, não números.

Gosto tanto quanto cabe a quem gostar meu gostar, e odeio e devoro a quem for preciso para me alimentar. Não sou anjo, não santo, nem poeta, nem ateu, nem sou o contrário de nada disso. Sou eu.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

PARA CLEIDE FREITAS




Os cachorros sem dono à quem são fieis?
O que pedem os que tem aos que nada tem?
De onde Deus manda medo aos que são ateus?
De onde vem essa matança em nome de Deus?
Como pode a arrogância ser tão tola e se gabar?
Como pode a insegurança ser tão óbvia que me passo a disfarçar?
Se o que quero é evoluir porque tenho de me emporcalhar?
Se o que se sabe esta ai, o que depois se descobrirá?
Depois da verdade vindoura será mentira a que hoje há?

Deus está morto?
Deus onde está?
Deus não morre! 
Sei onde ele está. 
Quem me disse foi Talhita Prates.
Ela viu Deus onde ele estava para ela.
Eu vejo Deus na poesia, não nos poetas; nos gestos puros, não nos que os fingidos afetam; Na humildade do grande, na soberba do pequeno, na virtude dos pecados arrependidos, na música de meu baiano, em Carpina, na chuva e no sol pernambucanos.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

CAETANO NÃO!




Não se busca paz indo ao inferno. Queres me esquecer ouvindo Caetano? Não é maneira de me esquecer. Como não é lembrar de tigres e mestres (Bakugans ou Blishees), como não me esquecer é difícil. Calma lá, é difícil, não impossível, e tendo minha ajuda será mais fácil. Lembre de minhas mesquinharias e despropósitos, bem o sabes não serem poucos, bem o sabes não seres amáveis. Penses no que me deu e no que recebeu, subtraia um do outro e o resto ao resto.  Pense em coisas assustadoramente ruins que tenho e não transija. Nunca! senão... Se perdes, senão te afundas. 
Não pense em mim, essa é a\ única maneira de me esquecer. Nem pense em pensar em mim, evitando um erro que parirá outros. 
Mesmo em meus defeitos evite pensar, posto que sendo defeitos, defeitos não te parecerá, e mesmo que inconteste defeitos, te parecerão uma graça de ser e um jeito de estar, um porta que cai, uma voz inaudível, um cama audível, uma estátua adorada.
Pense no meu egoísmo, no meu destempero, na minha sordidez. Tenho muitos defeitos, muitos mesmo, sou um  cãozinho.
Caetano Veloso não!
É como um bêbado tentando se curar com conhaque  de alcatrão; como um gay que ser hetero e procura o serviço militar; como um  glutão que querendo emagrecer vai à praça de alimentação.
Não tente o outro caminho: procurar o que detesto. Seria inútil. Escutando Fabio Jr você não me teria ele como amigo pra me esquecer, seria o contrário, seria me amar pelo avesso.
Não procure na poesia, música ou qualquer coisa assim, motivos para me esquecer, procure no dia-a-dia, nas coisas prosaicas e com mas quais não sei lidar. Evite a poesia, evite o meu lugar, evite as pontes e rios (e olhe, você foi a única que viu o capibaribe comigo, que dormiu em uma pensão no centro de Recife (falei pensão) que viu a fúria-doce com que olho o rio e o amor que devoto ao poeta. Sim, você  viu meu reencontro com meu pai, viu a cara dele, viu a minha... Portanto, se é pra me esquecer não lembre de Caetano, lembre de você. o que te fiz de  mal, o que te fiz chorar. Não escute Caetano, nunca!



quinta-feira, 16 de julho de 2015

GENI OLHA PARA JESUS II




Jesus olha para Geni e se emociona. Porque não é os poetas e príncipes, cardeais e ascetas, corajosos nem sábios, poderosos ou os que fazem a vida fluir que tocam o coração sagrado. É a dor humana, é o ferimento no corpo não a trajetória a flecha.
Geni olha jesus de soslaio, tímida, sem jeito. Ela sabe de sua imundície, ela sabe do nazareno. Jesus olha Geni de cima para baixo não por outra razão que não seja prática. Geni se curva e o filho do homem se curva sobre ela e beija-lhe a mão. Geni não chora, tenta sorrir. Jesus a olha e ela sente o que quer dela. Não quer veneração e toda a pompa como que vem ela travestida. Quer um mundo de genis, um monto que cheio de pecados reconhece todos e abaixa o olhar para ele. Não quer Jesus que baixemos o olhar para ele, nem que gritemos seu nome aos berros. Quer, e isso sei que quer, que sejamos Geni. Cada vez que lembro da figura de Geni na música do Chico, mas de perto vejo que Jesus está para nós como nada pode estar.  
Não sou um religioso e sou de pequena fé, mas guardo  um nome e ele arde, Jesus de Nazaré.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Jesus e Geni I

"Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir", isso me comove desde os 10 anos, me comoverá sempre. Todo mundo achava  graça nessa música, eu não. Achava e acho lindíssima, lírica, pungente. Em um tempo em que Chico Buarque é malhado (com toda razão) por suas esdrúxulas posições políticas e a música perdeu a importância e criou abominações como as que só fazem melodias simplórias, letras idem, acrescidas de uma melosidade ou obviedade de rimas e frases feitas que tanto mais são absurdamente repetidas quanto mais sucesso fazem, eu me refugio na "Geni", do Chico, que revela (em apenas uma canção popular) o quanto pode a hipocrisia humana. Desde o começo você sente  a Geni ser execrada pela mera razão de ser "boa de cuspir", nenhum motivo fora este. O que a Geni sente? por quê ela é boa de cuspir? qual o prazer em cuspir? Qual o prazer em ferir o outro? Nem me venha\ com isso de "é escória" pois não é. Como Hitler não foi, como Barrabás não foi e Pilatos menos ainda. Exceção foi Jesus (a exceção em excesso portanto crucificado, portanto escarnecido, vilipendiado e quase todos-ou todos- os adjetivos de nossa língua para se diminuir, humilhar uma pessoa). Sim, estou comparando Jesus e Geni. São próximos, são íntimos em sua bondade e agonia. Não se arme  com a espada da falsa veneração e tente me perfurar dizendo que Cristo é incomparável porque é pela comparação que se conhece o  que é grande o que é pequeno.

domingo, 12 de julho de 2015

MENOS DE 1/3





“Há uma especial Providência na queda de um pardal. Se há de ser agora, não será depois; se não for depois, há de ser agora; se não for agora, há de ser, todavia. Estar pronto é tudo. 
Uma vez que ninguém sabe o que virá, que importa que seja logo? Assim seja!”
  
                                                                                                   Shakespeare


Por minha vontade seria um terço,  mas dada minha propensão a pouco exercício físico e muita maionese, já aceito que seja metade de minha vida os meus quarenta aniversários.  O bom do mundo é que ele não se regula por minhas vontades, eu menos ainda pelas dele.  Quarenta anos não se faz todo dia..., diria eu, se minha idiotice chegasse a tanto. Mas juro que não é todo dia que se faz quarenta, como só foi uma vez que fiz um, dois, três e, até aqui, quarenta. Citei um fala de "Hamlet", no começo, por... sei lá por quê...,  mas vais sempre bem uma citação do bardo.

Não me demoro muito comigo e estou melhor e seguindo no meu aprendizado. 
Seja mais (no mínimo) quarenta minha caminhada e de muito me valha o aprendizado.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

A poesia




A poesia e o que que se faz sem rima -ou se faz com rima- nunca pra rimar. 
A poesia tem de ser a ponte, tem de ser estrada, nunca o chegar.

A poesia não fomenta nada, nem  desgraça nada, só quer "ser" sem estar. A poesia não e falar bonito, nem falar preciso, nem seguir modelos, nem olhar para espelhos.

A poesia morre na vida, nasce em ferida, seca no olho, desce em riacho, morde e é flor, e é vida; Vida que mais que vivida ela é jorrada, ela é estupor, carnaval de outro tempo, vento de outro mar, luz do mesmo ponto cego.

A poesia mata por dentro, queima por fora, é de ser cor ou cinema mudo, é de se haver com o aqui e agora e ser de outro tempo, e ser de outra lua, de ser mineral.

A poesia ruge, urge, arde, encanta, precisa reviver. Precisa que se chame o nome: poesia! 
Precisa que se diga o vínculo: amor!
Precisa que se o fale o medo, revelar-se o segredo, instaurar-se a razão. Sim, porque antes da razão deve vir a poesia, antes da poesia mais nada, e antes desse "nada", Deus.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

67 ANOS!





Há que se guardar o tempo, que se olhar no espelho que é ele.
Há que se dizer que dele tenho guardado comigo (menos guardado que entranhado) o manuseio das cartas, seu cheiro, seu olhar.

Há que se medir por ele (não para ser-lhe igual) mas para saber do jogo, da poesia, das mulheres. das medidas certas em que põe tudo e das exatas maneiras de se viver, de ser homem.

Há de ter orgulho (mais que isso, sorte) em ser seu filho.

Há de se fazer feliz por ele estar feliz, lépido, cheio dele mesmo (que amor, chatisse e mais amor)

Pelo amor devotado, pelo perdão, por seus 67, pelos 40 que me atura, por sua braveza que é quase doçura, por me ensinar o que não sei fazer me mostrando o que por não poder aprender, nunca devo tentar (jogar).

Por tantas coisas que eu guardo comigo (e aqui é guardado mesmo, como que em caixinhas) e que são tão profundamente queridas, que as guardo não pelo que me trazem ou são, mas pela dor que causariam se ausentes. O que aprendi de ti, pai, foi que você não me causa medo pelos gritos, pelo quase medo que causa nos que o amam. O assustador de tua voz tonitruante e imperativa não é nada, absolutamente nada, comparado ao teu silêncio.

Nada é tão bom ou completo que dispense teu beijo e eu poder te chamar de pai, e te pedir a benção.


PARABÉNS!

sexta-feira, 19 de junho de 2015

ANIVERSÁRIO




Não tenho nostalgia de nada, menos ainda de mim, porque me habito, porque não cheguei ao fim.
Estou acostumado a não fazer sonetos, só busco o que posso e sei de meus limites.

O tempo passa e isso é uma descoberta, achei que eu seria eterno, até um dia desses. O tempo vem me jogar na cara a minha estrada no meio (sou um otimista, me ponho quatro anos à frente do IBGE). a minha estrada que  já não é longa o tanto que era a uma hora. Mas viver não é isso? encurtar estradas.
O quê diabos teria isso haver com mega hair eu não sei, mas eu não sei de nada, apenas desconfio de muita coisa, como o Riobaldo, de Guimarães Rosa.
O mega hair é um cabelo postiço preso por sabe Deus o que lá aos cabelos de quem os ponha, minha irmã os porá hoje. Eu não firmei opinião sobre o mega hair, mas ainda assim ela os poria se eu fosse contra. O absurdo de envelhecer é que você não controla. Você envelhece, você envelhece. Isso é de uma estranheza absurda! Estranheza, não tristeza. Envelhecem os vivos, envelhece quem ainda pode envelhecer. Semana que vem será meu pai e logo um pouco mais eu chego aos 40 anos. Eu não sei porque estou escrevendo isso. Quis fazer uma coisa não sentimental e isenta e, sobretudo, com bom humor, pois sempre falo de coisas chorosas.
Minha irmã, que faz hoje aniversário, tem muito mais afinidades com meu pai, que dela é muito próximo em aniversário e em tudo mais e eu começo a achar que só escrevo algo razoável quando sou brega e que esse texto está enfadonho mais que o natural.

Mas não vou apelar, fica meus parabéns, fica um beijo, sem mais nada. Fica cumprir o resto da estrada, fica nossa irmandade acima de tudo, fica tudo. Fica o que não se acaba com o que se acaba enquanto ainda formos, fica mais que o gostar de alguém, querer que ela fique bem. Fica a nossa religião de dois seguidores (essa será semana que vem celebrada). Fica nossa infância, brigas, choros. Fica muita coisa, que sendo pouco aos outros, é tudo nessa família quase sem parentes. Ficam os anos que passaram, ficarão os que virão. Ficam palavras que não são nada se ditas pela razão diversa das que escrevo agora. Fica a lágrima não chorada, guardada, contida, represada, com que escrevo isto. Fica minha certeza de ter para contigo uma dívida. Um dívida não pagável e que não existe para ser tal. Dívida que por não ser paga é mais devido chamar de outra coisa, de chamar de gratidão.  


PARABÉNS!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

A tristeza





Sempre me comove a tristeza contida na música de Caetano, no dia chuvoso, e em outras coisas e pessoas. A minha tristeza é quase alegria, ou se não isso é outra coisa da qual não conheço o nome ou essência. Minha tristeza não é carência. Minha tristeza não é piedosa, nem para mim nem para ninguém ou nada. Minha tristeza é minha casa. Onde me abrigo, onde me refaço. Em tempos em que se almeja tanto a felicidade, ou pior que isso, a felicidade eterna, eu me comprazo em minha tristeza. Que é minha e por isso (e só isso basta para ser querida) me vem com quase-alegria à sua chegada. Minha tristeza não é mesquinha, e isso é o que me mais me orgulha em tê-la comigo. Não é por nenhuma inveja do que não sou ou do que não posso, é por que existe o alto e o baixo, a curva na ladeira, o gelo no asfalto, o medo de morrer e o medo de viver demais. Nunca pude entender porque se busca sempre a alegria e se diz que tudo que se quer é ser feliz. Como se pode ser feliz sem tristeza? Quem pode estar feliz o tempo todo sem ser idiota? 

Minha tristeza é como eu olhar para uma cachoeira, linda de manhã, alegre, expansiva, mas que á tarde se fará triste, e sua alegria da manhã advém de sua tristeza vespertina e vice-versa.
Não se vive sorrindo sem ser ator ou ter por ideologia a hipocrisia. Tudo arde, chora, causa dor: o menino que morre, o menino que matou, o agredido, o agressor, a menina inocente, o velho senil, tudo é dor. 

Não esqueço de uma frase do baiano genial que diz: "respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada". Na risada tem ainda uma lágrima, tenha sempre um pulsar do triste. O que me apavora é não ser sempre alegre, é ser sempre triste. Se há coisa pior que o bobo alegre é o chato triste. Tristeza é como tempero, deve ter em quantidade medida, em quantidade certa para que não estrague a comida. Para ser-se feliz por completo, sabendo-se que nunca se pode ser feliz por completo. Aceitar o que se tem sem o resignado dos covardes. 

Salve a tristeza, sente aqui, puxe a cadeira e vamos conversar, mas saibas que não és minha amiga, és só visita, não te hospedo, não tens (aqui comigo) onde ficar.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O nada.




Eu tive um sonho  há pouco que foi tão poesia que tentar contá-lo o diminuiria, reduzindo a sonho o que sonho seria se não fosse mais, se não fosse o que queria, todo sonho que mereceria o nome de sonho ou de poesia.

Eu tive, e tanto era lindo, que santo diria, mas não era isso, era até profano, por não ter pecado por ser mais que humano, por eu entender que era o que entendia não caber no homem, não caber em nada.

Eu tive (e pouco me importa se esta errado) ter -se sonho ou haver sonhado, ter se sentido certo, ter sempre eu errado, ou o que é real e o que foi sonhado, ou menos o pecado ou mais o perdão.


Se explicar não posso, quem o poderia? se sonhasse um sonho que foi fantasia, nada de irreal, nada que conteria um outro nada em si e por isso era tanto que a palavra nada tudo definia, como se verdade última da poesia, como se única verdade houvera, como se descoberta a nova era, como se descobrisse o véu primeiro, como se segredo não mais houvesse, como se tudo ao nada reduzira, e o nada fosse a melhor saída, e  era melhor por ser a única, e era bom e eu o sabia em sonho, e eu o via em graça, o tendo profundo, o tendo em tal monta que para mim nada mais me vale, nada mais me serve, nada mais eu busco do que aquele nada. 

terça-feira, 2 de junho de 2015


Um esquerdista





Para assumir discurso de esquerda não basta ser idiota, tampouco ladrão, ou qualquer tendência homicida enrustida ou pederastia latente (todo esquerdista cultua um macho soberano e sempre barbado) tem de ser um pouco de cada abominação humana revestida e travestida numa conversa de bondade humana, continuação da história (como um filme idiota que segue a trama de penar, purificar-se e elevar-se, ainda que isso demande a cabeça de centenas de outros seres humanos.



CURSO TRADER ESPORTIVO

sábado, 30 de maio de 2015

Ester






Já nasce com nome de rainha, nascesse com nome plebeu seria rainha também.  A filhinha de Lu! lindinha e gigante. Se chama Ester. Eu lhe disse Luluzinha, que realizaríamos nosso sonho, eu me curaria do Parkinson, você teria os filhos que queria. Não me curei do parkinson e irei para a 2ª cirurgia, mas não terminamos o sonho ainda. Você quer mais filhos, eu mais brocas e bisturi. A vida é conseguir armas pra se lutar até o fim. A vida urge em se esvair. Ester é linda e eu não acho crianças bonitas, achou-as iguais, todas se parecem. Mas Ester é linda porque sonhada, porque querida, porque é signo de sonho, porque é vida com mais vida.

Falta a minha cirurgia e outras que farei. Tenho paciência e redobro a fé, vendo Ester, tão real e linda, feita de lágrimas e devoção. Anota ai, amiga adorada, anota em teu coração, o que eu te devo não pago com nada, ou pago vendo teu sonho na mão. Te cuida e cuida de Ester. Cuida em ela não cair, não se machucar, em proteger, em amamentar. Cuida do exterior e do ao redor dela, porque do caráter a genética cuidará.

Cuida de manter fé, cuida em se cuidar, cuida ser como és, cuida em nunca mudar.

Cuida de dizer ao pai que mando-o um grande abraço, cuida em dar um beijo em nega,  cuida de descansar, cuida do que sempre cuidaste, cuida em nossa amizade, cuida em tua obrigação que é sempre rezar por mim.

Dá um beijo nela, diz que foi um tio doido que mandou. Da uma olhada para o céu e se aguentar não chora; Sobe o morro com minha irmã como quem vai ao parque. Sabe porquê, Luluzinha? porque na busca de Deus, agradecer é a melhor parte.


Beijos no coração. Mamãe.



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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sem mágoa, sem melancolia





Sabia de há tempos, e por isso disse a minha amiga:  Desde o começo eu sabia do fim, desde o nascer diminuem os dias.
Ela então quis saber o que eu faria se chegasse ao fim do dia com o fim da minha vida. Disse-lhe: daria uma abraço em meu filho e um beijo em meu pai. 
Mas não falava triste, não tinha medo ou melancolia, falava como se outro que estivesse de fora, outro que sendo eu, a mim mesmo não sentia, como que estando lúcido não sentia a cirurgia. Sem dor,  sem melancolia.

Eu dizia que no abraço e no beijo não haveria tristeza, seria um "valeu" não um "que pena, acabou", uma missão encerrada, não uma que fracassou. 


Disse ainda que não consigo ser triste o tempo todo, sequer um tempo longo. Sou da alegria, da folia. Só sei viver assim, amar o sol. todo dia, de noite a lua.  Quando nem um nem outro se fizer notar, por nublado, por não poder vê-lo, sigo na minha alegria. Que sendo escura é ainda folia, que sendo folia tem de acabar como um m carnaval: sem mágoa, sem melancolia.



sexta-feira, 22 de maio de 2015

MARCELO NOVAES



ANTES DO VERBO



Antes que se soubesse de Deus
o Filho, plenos de dons, fadado a
ser trigo e mais-que-trigo [porque
colhedor de feixes-em-extremos:
trigo e joio, joio e trigo],
antes de poder receber o abraço
do irmão traidor com o perdão no
meio, replantado como tronco, ramo,
galho, ramalhete-em-maio [abril ou
junho], antes das moedas devolvidas
ao antigo dono [poucas, por sinal],
antes do retorno dos Infernos e do
fim dos relacionamentos terrenos
[só aparente, porque – alguns – 
eternos],

antes mesmo do término da safra má e
da má safra, lavrada em água amarga
[crispada de larvas],
Antes do acúmulo do muito que na
vida caberia, aos trinta e poucos [longos
e concisos anos, vasto oceano em Mar da
Galileia],
antes da demonstração do medo
e do não-medo juntos, afrontando a
morte [para ir além, ainda, de qualquer
desejo-de-morte],
quanto mais se precisa dizer o que
não fora dito Antes [porque Antes do Verbo,
ou fora], o vidro se arrastará no vidro e 
arranhará o vidro, até o olho estar 
limpo.
 
 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Quando Deus quis falar sobre tudo e suas razões, ele fez (e foi antes de feito tudo, foi antes de tudo ser algo) ele fez o silêncio. Se há uma hora que ele de nós se aproxima e quando o silêncio se faz total. O silêncio do perdão, do Cristo na cruz, do juízo final. O silêncio é urgente! chega de urbes e seus moleques mimados; Basta de senhores vetustos, babacas que se supõem sábios. O silêncio é coisa de saber-se usar. Ter na hora certa a palavra mas saber que na hora da palavra é melhor não dizê-la, se calar.

domingo, 17 de maio de 2015

O que fica claro é que regras existem onde pode haver. Se o pt não for extirpado (sim, é um câncer) ele destruirá (câncer que é) o organismo que o nutria. O câncer não pretende nada, não objeta nada, nada mais pode ser. O destino do câncer é matar e com o morto morrer. Extirpar o tumor! Isso inclui exército, justiça, congresso, o que seja. FORA pt! Ainda que à força, ainda que sem anestesia, mesmo com o risco de metástase.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Assim seja!

O que peço a Deus é que me guarde da mediocridade, de ser um idiota e se der, uma melhora de minha doença. Que Deus não me proteja (eu sei que não faz, não fez, não faria) dos medos covardes da morte e do frio. Que possa beijar meu filho na hora em que se encerre a minha. E, se não for abusar, que ele me dê a graça de sempre admirar poesia. Quero, com o que aprendi, e só com o tempo se aprende, a ver nas coisas prosaicas o novo que não se percebia. Porque os olhos é que envelhecem, nunca as árvores e o dia.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

ÓDIO E AMOR

Eu gosto de alguns ódios que tenho. Meus ódios não são amores recalcados ou às avessas. São ódios genuínos e legítimos, tanto como os amores a quem julgue que os mereçam. Gosto de minhas Boas arrogâncias, essas de não baixar a cabeça. Do desprezo pelos soberbos, sendo a soberba da soberba. Saber o amor sem poder o ódio me parece coisa de santo ou idiota. Nos santos é o que há de mais os santificá-los, nos idiotas é o que mais os faz parvos. Não acho tudo lindo, aliás, tudo é muito feio, falso, frágil, mau gerado ou acabado. Tudo esbarra na imperfeição, no vazio, no vago. Por isso posso amar ao lindo tanto mais desgoste o feio. E o médio me desagrada, talvez mais que horrendo, mais que o nefasto. O médio é pior que o nada, muito pior que os excessos, pior que o não revelado. O médio é "ser e estar" sem ter sido nem estado. Não falo de médio em seu pacato e não sermos altos. Ser medíocre com rigores é melhor que o gênio chato. Não confundir as cores, as franjas, os sapatos.

domingo, 5 de abril de 2015

O BEIJO EM MEU PAI



Eu choro. Choro por tudo ou por nada, nunca por mágoa.
Eu creio. Não creio em tudo. Creio no Cristo, pela sua dolorosa paixão.
Eu perco. perco no jogo, perco na vida, mas nunca a esperança.
Eu sonho. Sonho com gatos, peixes, luas e o que podem os sonhos.
Eu grito. Quando dói demais. Um grito pra dentro. Que não precisa ouvidos, que existe pra si só.
Terça fui à Recife e fiz algo que merece ser postado e que todo mundo saiba, embora ache uma babaquice ficar colocando coisas do tipo: estou triste ou feliz ou amando, no facebook. Terça eu dei um beijo em meu pai.
Como está o mundo, como ficará, como as coisas se darão, pouco se me dá. Dei um beijo em meu pai. Isso é tudo. Isso é o que há.

sábado, 4 de abril de 2015

PELÉ, O SOBERBO.




Certa vez Romário falou que Pelé calado era um poeta. Romário acertou na mosca. Perguntado sobre a possibilidade de ser alcançado ou superado por Neymar, ele, com a modéstia que ficaria feia em um Shakespeare, em Newton, em qualquer um, sai-se com essa: mesmo que façam mais gols que eu a fábrica fechou (se referindo aos seus pais) quer dizer: se o cara o superar dentro de campo, não poderá ser melhor pela razão de não ser filho dos pais de Pelé. Pelé é o melhor até o dia que aparecer um que lhe supere. Há sim, a possibilidade real, embora remota, de Neymar vir a superá-lo. Neymar jogará (salvo alguma contusão ou problema de saúde) três copas, uns 14 anos de futebol e já tem um curriculum espetacular. Messi, Cristiano Ronaldo, serão facilmente superados. Romário foi um astro e herói meu, terminou a carreira com 41 anos e 56 gols na seleção. Neymar tem 23 anos e 43 gols na seleção. Tem mais de 200 gols. Se jogar até a idade que Romário jogou passará de 1000 gols.

VASCO DA GAMA


quinta-feira, 19 de março de 2015

O AMOR E A MORTE


















Minha irmã liga e pede para eu baixar umas músicas que tratam direta ou indiretamente  de pai. Minha irmã anda preocupada com a idade de velho. Ele tem saúde e vitalidade incomum para seus quase 70 anos. Ele viverá anos e passará dos cem. Mas o que aflige minha irmã? a morte. Não há amor que não seja isso: medo da morte. Amar é sobretudo temer a morte. Amar e ter medo da morte. Amar é saber que um dia poderá se carregar meu pai. Mas como poderemos ? o peso dele é insuportável, o peso dele é algo que tememos carregar. O peso dele sobre o que ele abrange é devastador. "mas que seu filho eu fiquei seu fã" o verso é bom mas não diz tudo, embora eu saiba que nenhum verso diria tudo sobre o medo de minha irmã de perder meu pai. Não seria perder um pai, seria perder o refúgio que se busca no medo quando se tem com que se proteger. Um dia, se eu tanto viver e ela também, teremos de olhar a vida morta, a vida sem vida, teremos de dizer (aiiiiiiiiii) adeus a seu Luiz. O amor é triste, o amor é crepúsculo, o amor é duro.

A vida é composta de sons e imagens, de outras coisas mais ou menos que ficam na lembrança. A vida é foda!

Tá certo, o velho não é peru, morrerá quando chegar seu dia. Mas e dai? o que assusta é que haverá o dia. Isso corta a alma de minha irmã e a minha. É forte , saudável e poeta, meu velho, mas chegará o dia. O dia em que não acordará como acordaremos? ao não ouvir seus berros que outro som nos fará menos tristes? Onde sentiremos seu cheiro que impregnou tudo? Com quem se consolar que possa sentir  tanto quanto nós?

Então esqueçamos isso, irmã, e celebremos a vida dele. Celebremos a chatice e o estar-certo-sempre. Celebremos os chiliques, celebremos nosso pai. Nosso pai! Façamos o que podemos por ele em vida. O que podemos fazer por ele em vida é isso de agora, dizer que o amamos, amar esse amor desmedido e desprotegido.

O tempo levará ele, você e eu. Não se sabe para que serve o amor. Talvez seja para isso: temer a morte de um pai vivo. Amar tanto um pai que se tem medo de sofrer. Se ele for primeiro que nós, irmã minha, só você sentirá o que sinto, só eu sentirei sua dor. Será como se a vida ficasse mais dura, será como um  buraco negro, será como um deserto em  meio a desertos, só restará "aquela mesa"; só restará "o brilho dos olhos dele"; Só restará a lembrança do jogador mulherengo e responsável. Eu disse "só" mas é muito. Toda a riqueza do mundo não pode com o amor devotado por nós a nosso pai.

O tempo destrói tudo menos o que foi um poeta. No dia que ele for saudade a própria saudade sentira remorso e talvez o nosso choro faça a morte menos fria. Não digo que comova a morte a morte de meu pai, digo que lhe faça perceber (ainda que por fração de segundo) o que é o amor e o que ele pode.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

ATÉ QUE MAIS NÃO SEJA.




Você me diz coisas dura e tristes sobre minha frieza e eu choro e não dou-te a perceber que o faço. Eu respeito tuas dores e as entendo. São dores humanas, de fundo, de dentro. Não são maiores que as minhas nem de somemos importância. Doem, só isso, e isso é  bastante. Ai você me diz que se enganou por achar que um poeta deveria sentir mais, ser menos burro sentimentalmente. Eu não sou poeta, minha amiga. Nunca fui. Uma vez vi um pai segurando sua filhinha e fazendo exercícios para que seus músculos (ela quase não os tinha) não atrofiassem de tudo. Não achei nada de comovente nisso. Ai ele disse: "Eu creio em Deus, só não sei qual a razão de minha filha ser assim". As coisas só existem depois que eu as sinto ditas ou escritas. Sou um ignorante emocionalmente. Não sou frio. Não sou mau. Não sou poeta. As palavras do pai da menina inerte me furam a alma. A menina em si, não. Não sei o que quero dizer nem como fazê-lo, sei que não sou só instinto. Sou do abraço e de paz também. As palavras me encarceram. Não tenho muito a dizer - não tive nunca e agora menos ainda- sigo igual, porém mais calado. Não sei como  t e confortar, não posso te dar mais do que tenho - quem pode?- se queres, como disseste, apenas um  abraço e quem te ouça, estou aqui. Não morri, nunca morrerei de tudo enquanto vivo. Embora com menos sorrisos e choros, ainda sangro e retenho. Sempre será assim. Até que mais não seja.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

MEU BLOG TÁ COM MAL DE PARKINSON

O pt ACABOU.







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Como o mundo não começou hoje, deduz-se, seguindo o raciocínio dos petistas (raça em extinção, mas não nos iludamos, aparecerão em outros partidos, com o mesmo terno tingido, e que vê um mundo melhor para o ser humano com o socialismo buarqueano) que ninguém é culpado de nada, o culpado é quem veio antes. Mas sejamos simplórios como os petistas e esquerdistas, FHC não foi o primeiro presidente brasileiro, e nem Collor, nem... bem, quem foi o primeiro presidente do Brasil? vou chutar: Theodoro da Fonseca. Agora vou conferir no google. Acertei! errei na grafia, o correto é Deodoro da Fonseca. É ele o culpado pelo aumento da energia (uma absurdo!) do roubo na petrobras e por tudo que há de errado no Brasil ( o certo, todo mundo sabe, foi o pt quem fez) Deodoro pode argumentar (no que escrevo mortos argumentam) que houveram outros antes deles e os outros antes deles tiveram antecessores outros antes deles, e a assim retroagimos até o princípio. O único ser que não veio depois de ninguém (e portanto não pode culpar antecessor) é Deus. Então é isso: o pt não tem culpa de nada, o culpado é Deus.









sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

UMA SINGELA HOMENAGEM AO "O VELHO E O MAR"




Eu vivi a febre dos poetas, o erro dos que amam, o sonho das madrugadas. As dores dos hospitais e as orgias que todos negam. Não cansei de viver, é bom que eu diga, roerei o osso até o fim. Mas deve o pescador deve dizer dos peixes mas nunca viver dos pescados. Lembrar que sempre haverá um outro a pescar amanhã, que sendo menor que os de antanho o dignificam tanto por ser a força despendida a que foi capaz na vez primeira e que não pode ser repetida, mas que é o máximo que pode agora, é o máximo que extrai da vida. Estar vivo é saber que pescar peixes menores faz parte da vida. Mas nunca esquecer que deve usar toda a força pra segurar o anzol. Não a que se tinha jovem e arrancava as entranhas do peixe. Mas a força lenta e paciente que vai  machucando-o por dentro, minando-o, até o dia em que der. Até que o peixe vença a gente.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

AGORA NO DIA CERTO






Se só vale no dia, no dia faço valer.
Se é preciso (preciso sempre há de ser)
que eu reitere meu carinho por você no dia exato de teu aniversário, faço-o, mas não sem prazer.
A quem meu carinho é sincero, a quem acolho no coração... isso já é mais do mesmo, Luluzinha, isso já remete ao que tanto te escrevi. Releve a falta de assunto e o mesmo modo de sempre dizer "te amo".

Mas existe modo novo de se expressar o que sempre existiu e foi dito antes por todos, dos poetas altos, aos bêbados , os dementes e os que perderam a razão em função de sua devoção a racionalidade.
Tudo bem, Luluzinha, esse texto tá parecendo coisa de quem não tem o que dizer ou quem gastou  o assunto dezessete dias atrás.
Mas dezessete fossem seus aniversários eu não teria a acrescentar mais que o que venho dizendo nos anos após te conhecer.
Aprendi com o que li, com os os hospitais, aprendi nas lutas e nos medos. Aprendi com padres e com ateus sinceros, aprendi com erros e muito com o frio; aprendi com risos e muito com Caetano; Aprendi a amar homens, a engolir choro, a suportar alegrias extravagantes; aprendi mais em 2014; aprendi muito com Olavo de Carvalho, com minha irmã; Aprendi sobre o respeito e o quanto deve-se respeitar solos sagradas (igrejas e a casa de meu pai) aprendi a resignar-me; Aprendi com as brocas, e muita coisa ainda aprenderei. Mas de você aprendi como se deve aprender. Tem a maneira certa de aprender as coisas. Aprender e apreender o que for bom. Até o mal deve ser "bem aprendido" para não ser usado, para nunca ser saída.

Parabéns, professora Luluzinha!

Continua aprendendo com Pedro e com Ester, depois tu me ensina.

Te amo!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

DEZESSETE DIAS ANTES



Aqui dentro de mim tem um torcer por ti. Um querer que sejas feliz e isso dure até teu fim. Aqui dentro de mim mora um que te ama e te deve o que não pode mensurar. Que te tem obediência, que tem por você respeito cuja força não pode conquistar. A força pode  o medo, não o amor. O amor de uma amizade que nunca vai se acabar. E não diga "nunca" ser muito tempo, não sou eterno evai se acabar nossa amizade; Mas isso só quando eu morrer, quando não for mais eu, quando nem tiver gostos, nem vontades. Minha vontade é te abraçar, te dizer: felicidades. Não abraçar fisicamente, que é chato, cansativo e não traz verdades. Um abraçar com a alma, um abraço de um amigo.
Quando não havia ninguém houve você e seu marido. Houve quem não me virasse a cara (e não culpo a quem o fez. O que tive foi e é merecido) todos não viram no morto mais que  o cadáver, você viu no morto coisas não mortas de tudo.
Aqui dentro de mim mora um poeta e um demônio;  Um ateu e um beato; um doce e um salgado. Mas saiba que mesmo no lado negro da coisa, mesmo no pior de mim, há o respeito e admiração por ti.
Aqui, onde só eu sei as coisas que doem e as que fazem viver, tem as minhas escolhas e entre elas você.
Com dezessete dias de antecipação venho te dizer: PARABÉNS AMIGA, AMO MUITO VOCÊ!

ANDERSON SILVA DE VOLTA AO MEU CORAÇÃO





Aí é quando choro, me  despeço de minhas mesquinharias. É quando um gigante cai e sabe que não existem gigantes. Descobre pela dor o que poderia ter descoberto antes. Anderson Silva vence, caí, chora.  Anderson Silva voltou ao meu afeto, ao meu coração. De nada mudou quando desgostei dele nem para ele nem para mim, mas devo dizer que sou poeta e sei admirar.  Com olhos de poeta, de quem ama só por amar.
Ao cair no chão e chorar sem pudor, ele retorna ao grupo dos que amo. Sabe – foi duro mas aprendeu-  que não existem homens imbatíveis. Que a queda é pra todos, a alavanca que impulsiona o que se levanta a Deus pertence e a todos ele dá. Basta saber chorar muito, saber se ajoelhar.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

SOBRE OS FANÁTICOS





O fanático não o que gosta muito, mas o que gosta errado, segue errado, interpreta errado. Mesmo que o objeto ou pessoa que admira seja merecedor de sua admiração, isso não muda nada. O fanático esta errado mesmo quando em princípio tem razão. Porque quem tem por convicções ideias que não admitem o contrário, já começa por errar, já começou um começo errado; e se acertar no fim, não foi acerto, foi acaso.
Claro que existem princípios que não se discutem, que devem ser intocáveis; mas estes não estão em debates, só na cabeça dos fanáticos. Desconfio que os fanáticos não são sequer gostadores das coisas ou pessoas objetos de sua aparente admiração. O fanático gosta de sua ignorância que vira soberba e portanto, não lhe faz pensar nem por nada em questão. Pensa: estou certo em absoluto e tudo que for contrário a mim, errado, por definição. É típico deles o sorrisinho idiota que simula uma superioridade que não tem. Que é fraqueza ou ausência total de argumentação. Quando não usam outro expediente mais idiota que é repetir o que você acabou de dizer, em tom estupefacto, querendo com a mera repetição (de maneira ridícula, em tom burlesco e farsesco) ridicularizar o contrário.
O  fanático nunca contesta com argumentos comuns a todos, nunca. Ele recorre aos seus pontos de vista, baseado no que ele acredita. Se um ateu discute com um religioso é comum este recorrer à bíblia e dizer: esta na bíblia! Na cabeça de um fanático a bíblia não pode ser contestado nem sequer por quem não acredita em Deus. Deixo claro que os fanáticos podem ser ateus ou não; podem ser vascaínos ou flamenguistas; veados ou heterossexuais, porque, como disse acima, não importa a razão para eles, importa estarem seguros, não por nada em questão, não pensar.

O fanático não é nunca inteligente e sempre arrogante. Tem frases que o identificam ou mais que isso, o entregam. Possui alcaguetes mentais, frases feitas, ideias que não são isso porque é pura repetição de alguém que poderia até estar certo em sua formulação primeira. O fanático não tem pessoas as quais admira com amor mas sem perder a perspectiva do possível erro ou do erro total em que caem todas as pessoas, mesmo os gênios, mesmo os santos. O fanático não vislumbra a tênue linha divisória entre o que é argumento e o que é fato. Lança mão de um como  se fora o outro e depois  coloca tudo na conta do gostar. Gostar e preferir é o reino encantado dos fanáticos. Ele não entende (ou é mais cômodo assim) que nem tudo está na esfera das preferências, que há fatos, que há dados. Que eu posso até achar (e isso  é problema meu) que o sol é frio, mas que o isso não fará o sol menos escaldante. Qualquer discussão tem respeitar a lógica de princípio básico que é a lógica ter um valor total e não poder ser  relativizada tornando apenas coadjuvante e não estrela. Se não se aceita o argumento deve-se rebatê-lo com outro argumento e não com uma posição particular, que mesmo estando certa não pode estar pela razão errada, a de ser minha razão pessoal. Sugiro aos fanáticos que parem de citar a bíblia para encerrar discussões porque isso é ridículo. Essa papagaiada de “está na bíblia” só funciona para o fanático empedernido. Quem não pode entender que há os certos e os errados de hoje que invertem os papéis amanhã, não e mais nem menos que um fanático.

domingo, 25 de janeiro de 2015

QUANDO PERDI O MEDO





Eis-me aqui! venho só e trago a lança na mão. Estou só e minhas mãos tremem como eu pensara não mais tremerem quando lutei sonolento e perfuraram minha cabeça com brocas. Não doeu, é verdade, mas me deixou uma cicatriz menor que a dos meus peitos, tão pequena que nem vista é. Mas ai dos que pensam que só o que se vê existe. Ai desses que julgam pelos sorrisos e choros que se choram nas praças, dos amores de Romeus, nas casas dos ricos, na forma que se impõem o que se nos é imposto. Setenta mulheres amadas que se fossem, duas fortunas e meia perdidas no jogo, trezentas cirurgias para amenizar meu mal, seriam suportáveis. A dor que me fustiga não tirou meu bom humor. Não gosto desse papo de dor, sobre tudo com essa palavra horrenda "fustiga", mas é dor, lateja. Não cossa, não inflama, mas é dor. Dói.
Coitado dos homens totais (já fui um) eles não sabem a dor de se ver só. De se ver com lança na mão mas sem atinar para que serve. Um combatente que não vê diferença entre o que ganham e os mortos; entre os que riem e choram, entre os de entre e os extremos.
O que me resta é essa lança sem sentido e medonha, um restinho de fúria, um esgar de medo.
Medo, ah o medo, tinha-o e desprezava-o... como fui idiota! Hoje, sem medo e sem gracejar com a vida eterna (essa me basta) sinto que o que havia de medo ficou para o passado. Medo tenho de dor física, não mais de ser enterrado.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

SHAKESPEARE E OS GATOS QUE NÃO FALEI.







A net caiu, então escrevo. Não tenho muito a dizer, aliás, não tenho nada. Por essa razão fiz um blog: para falar de mim e do que acho do mundo, já que ninguém me pergunta. Os blogs são chatos e pretensiosos, é coisa para gente como eu. Mas não tendo assunto, nem o que fazer, falo dos gatos e talvez de Shakespeare. Primeiro o bardo. Estou lendo um livro que ganhei que fala sobre  um ano na vida do bardo de Stratford. Não tenho amor por Shakespeare, tenho curiosidade. Amor eu tenho pelo Rosa, por João Cabral, por Dostoievski, e outros que me parecem mais normais (e o são) que o autor de Hamlet. Sem espichar no mesmo lenga-lenga dos elogios ou  na real autoria das peças, repito: tenho por Shakespeare uma curiosidade quase mística-ateia; Não faço pouco esforço para não ficar impressionado com o que foi escrito por ele mas não tem jeito... Sem babações, quem pode apontar quem o rivalize em intelecto na literatura? Qual personagem literário se aproxima em inteligência e Capacidade cognitiva e de expressar isso,  como Hamlet? Quem tem a profundidade que tem o raciocínio de Shakespeare? A negação disso é impossível! Quem vai me apresentar o que perguntei acima como resposta? A essa eu respondo: ninguém! Porque não há. Stravoguim, de Dostoievski, era tratado como gênio mas quase não falava. Ivan, dos “Irmãos Karamazov”, era tido como um gênio, mas vê-se ao fim que era um tolo. Zaratustra era Nietzsche falando: era poético, era belo, mas oco. Os grandes sábios da literatura são mudos. Os outros personagens é que lhe consideram gênio. Hamlet não. Ele fala que é uma beleza. Fala o tempo todo e com solilóquios estupendos e devastadores. A cada vez que Hamlet fala se agiganta o talento verbal e argumentativo dele. Tá bom , eu não ia cair no puxa-saquismo, eu sei...Mas como falar de arte e criação literária, inteligência e intelecto sem bajular Shakespeare?
E a net não chega....
Harold Bloom, diz que os livros de Shakespeare podem ser denominados de o livro do conhecimento. Há  como discordar disso? Quem  conheceu a alma e lama humana, suas paixões, seus medos, seus recalques, sua exuberância, seu profundo e raso, quanto William Shakespeare? Não se trata de um gosto literário, nem impor um autor aos demais. Se trata de constatar o óbvio. As vezes vejo artigos ou ensaios que se referem a Shakespeare como “o maior escritor Inglês”  ou “um dos maiores dramaturgos de todos os tempos”, ou merdas que se parecem com isso e que escondem uma intenção: a de mostrar-se culto e isento, dando assim maior status ao que ensaísta ou jornalista cultural, ou quem quer que seja. Fica a pergunta aos tais isentos: Se ele era o maior autor Inglês não poderia ser o melhor de todos porque a Inglaterra não é o mundo. Quem então foi maior que Shakespeare na questão literária?
Dostoievski? Gênio um pouco subestimado em nosso tempo por sua popularidade, mas foi devoto do bardo e não lhe lambe os pés.
Tólstoi? Gênio, como seu compatriota de acima, porém superestimado, ao contrário de Dostoievski. Qual de suas espetaculares obras se comparam as de Shakespeare? Nenhuma! Ana karenina consome um longo Romance para dizer imensamente menos que Rosalinda; Lady mackbet, Pórcia e várias outras.
Balzac? A prolixidade balzaquiana (atingida a maturidade literária) é aceitável e o faz um dos grandes dos literatas de todos os tempos, mas um personagem Shakespeariano de terceiro escalão humilharia “o tio Goriot” inteiro. Aliás, se for se comparar o nível dos intelectos dos personagens criados por Shakespeare com os demais autores, torna a comparação muito mais humilhante, porque qualquer personagem criado pelo bardo, pensa e tem uma linguagem superior ao um esteta de qualquer autor, de qualquer tempo.
Fiz a comparação entre romancistas e Shakespeare por ter lido mais romance que teatro, e se em outro gênero ele não tem quem lhe faça sombra, quem dirá no seu.
Não vejo nada, mas rigorosamente nada, em Freud, que não seja encontrado em Shakespeare e em linguagem simplificada. Nem vou diz. Nem vou dizer que Shakespeare foi o pai da psicologia, do auto-conhecimento, da introspecção, por razões claras: se ele não foi o criador da psicologia e afins, ninguém o fez melhor do que ele em tempo algum.
Se comparar ele com os filósofos é como empurrar bêbado de ladeira e bater em defunto. Shakespeare contém  condensação melhorada de toda a filosofia e os filósofos todos (até os gregos) não o contém.
Grandes poetas como Fernando Pessoa, Baudelaire, Camões (que não li) elevam o nível do pensamento posto em linguagem na tentativa de recriar a realidade, ou de torná-la mais suportável. Shakespeare escreveu os tais sonetos que eram ele em estado puro e metrificado, então sempre que se pensar em poesia e nos grandes poetas, esqueça-se  Shakespeare ou não o convide para a festa, ele estragaria ela com seus devastadores poemas.
Ninguém é acima ou pós Shakespeare. Ele é ainda o topo do pensamento humano. Nossa! Eu disse que não ia babar...
Goethe? Esse tinha uma linguagem próxima (não igual) e um densidade (não igual) admirável. Fausto é um livro gigantesco. Mas o personagem maior de Goethe, busca conhecimento e o de Shakespeare, distribui. justiça se lhe faça, o personagem sábio de Goethe existe, é Mefistófelis, mas sua sabedoria é disfarçada, pouco atrevida, escondida atrás do sobrenatural (ele é o diabo) Goethe foi um Gênio dentre os gênios, mas Shakespeare ainda foi superior.

A linguagem de Shakespeare era sobrenatural, seus argumentos, seus pontos de vista dos lados de uma mesma questão (vide o discurso de Brutus e a fala de Shilock) a capacidade de ver as coisas por um ângulo e por outro, as vezes vários e conseguindo convencer por todos, faz dele o maior intelecto que se pode admirar. Ainda há os que defendem a autoria de outro cara sobre as peças de Shakespeare, o que é uma tolice sem e medida dos que nunca leram nada sobre o agita-lança. E há imbecis que vão além, dizem que foi de vários autores as peças atribuídas ao bardo. Incrível! Não havia um só Shakespeare, mas um monte deles numa mesma época!
Quando digo conhecimento e intelecto não me refiro a razão,  claro. Razão você pode encontrar num analfabeto,  conhecimento é diferente der razão. Razão é uma escolha feita por quem conhece, e para conhecer há um caminho mais curto que toda uma vida, há os livros de Shakespeare.