domingo, 24 de setembro de 2017

MARCELO NOVAES

       









Eu, o vate cor-de-abacate, assim cognominado pelo poeta dos poetas, o homem que salvou Deus enquanto este se afogava; escreveu "o escudo..." e a mim dedicou, venho dizer com a convicção dos profetas e a certeza dos meninos.
A cura do mal de parkinson virá! Será não por investimentos pesados na pesquisa mas por Marcelo Novaes ter escrito que já estava na hora da descoberta da cura do mal, em seu recitativo de páscoa.
Aprendi com Marcelo Novaes muitas coisas e não tenho dito isso. Marcelo, aqui  vai minha retratação, meu abraço. Fui no teu blog e vi coisas lindas (sim, Marcelo, o considero ainda o melhor poeta vivo, embora já não existam mais poetas).
Por qualquer razão que me afastou ou que te afastou, saiba que a admiração continua. Disse uma vez que se você me desse um soco eu te teria ódio mas à tua poesia é, foi e sempre será lembrada, lida e respeitado por mim.
Muito do que escreves me faz chorar (exatamente!!) O butoh; o escudo; o poema que fala de fulminar de azuis; o que você dedicou ao rosa, enfim, são tantos. Alguns desses deveriam estar em livro. Você é um injustiçado (sei que não gosta desse papel, mas é.
Você escreveu um poema lindo sobre o sorriso de uma menina. Você é foda!  Te admiro pra caralho. Fica com Deus e se não me engano, fazes aniversário este mês.
Sou o vate e tenho disso muito me orgulhado. Não pelo título, pela insígnia. Fosse presidente da república teria desprezo pelo "parecer" do cargo. Para mim o que importa é ser o  vate. Se isso não parecer muito a quem seja meu interlocutor, digo: Não foi dado o título por um qualquer especialista em qualquer ciência ou vida. Foi dadopor Marcelo Novaes, o poeta dos poetas; poeta de antanho-hodierno, poeta de verdade daqueles que não existem mais.
Um abraço, vate.

sábado, 23 de setembro de 2017

Aprender com Dostoievski







Dostoievski, segundo Nietszche, foi um dos psicólogos que respeitava (o outro - e só eram dois- foi Shakespeare) escreveu "O jogador" em que narra a psicologia do jogo e toda a irracionalidade que resulta em um compulsivo. É difícil imaginar o sujeito conhecer tanto a psicologia e os desdobramentos em um comportamento vicioso e ser vítima ou aceitador do erro. Dostoievski era um ser viciado em jogo e com uma doença neurológica cercada de mistérios e superstições que existem ainda hoje e àquela altura eram maiores. Tenho compulsão por jogo e ando tendo alucinações. As semelhanças acabam aqui, para bem e para mal. Ele foi um dos maiores intelectos que o mundo viu surgir, eu escrevo abobrinhas no facebook. Mas a associação entre o anão e o gigante deve ser útil nesse momento para mim.
Ivan Karamazov, personagem dostoievskiano cujo intelecto era reputado pelos seus pares, embora nunca dissesse palavra que justificasse tal sabedoria durante todo o gigantesco livro, so falando ao fim do terceiro volume, no fim e sob alucinação. O livro narra o assasssinato do velho Karamazov, o pai, que é cometido por um de seus filhos. Um (Ivan) acha que matou, o outro (Dmitri) é julgado e condenado pelo parricídio que não cometera. Houve o tal parrecídio, só que cometido por Smerdiakov, filho bastardo do velho. Todo os livros de Dostoievski poderiam ser categorizados como lutas do bem contra o mal. O bem representado por Cristo e o mal por personagens que são falsificadores de satanás (piores portanto), são "os possessos". Uma outra característica que me diz muito neste momento de me tratar dos efeitos que minha medicação causa é demência de Dostoievski. Seu histrionismo e exagero na construção de personagens que são irreais demais para serem personagens somente e que, vejam só, tornam-se reais para além da realidade. Surreais, portanto.
Saber como funciona o raciocínio de um alucinado é útil e me apazigua. A alucinação não é uma palavra feia (não existem palavras feias) e nem é falta de caráter. Falta de cárater é não reconhecer erros, é não aceitar ajuda alegando que não precisa.
Dostoievski era um ser atormentado entre um cristianismo ferrenho e uma ligação as coisas que Cristo pedia desapego. O vício dele era maior que o meu, sua alucinação (como a lucidez) era maior que a minha, mas ao passar pela terra com suas mazelas e vícios fez espolcarem fogos e gerou uma luz para o mundo que eu não posso nem sonhar. Não posso tudo mas posso aprender com o mestre russo. Aprender que um  homem é mais que mazelas e doenças. Aprender que um homem tem sempre a aprender com Cristo. Aprender que nada é vergonhoso se não se faz por deliberação. Aprender a controlar o negro do cérebro com  o alvor do dia. Aprender que teimosia e inércia andam juntas e que disposição para melhorar nunca piorou nada. Aprender que o bem só emana de Deus e o mal vem de todo canto. Aprender que ninguém está morto se ainda pulsa a veia e você sabe disso. Aprender que os erros dos gigantes ensinam mais que o dos pequenos pelo motivo óbvio. Aprender que Ivâ karamazov era um canalha; Dmitri era um canalha; Smerdiakov era mais que isso porque matou. Aprender que a grande frase de Ivã: "se Deus não existe tudo é permitido" é verdadeira, mas absurda e ilógica por partir de uma premissa falsa. Aprender que o vício leva ao nada, é o câncer dos costumes. Aprender que o que reputam de nós é nada e o que somos é tudo.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

DE NOVO O BOLO DO VASCO





Se tudo termina (e tal  como está, haverá fim) penso que o que me dá rejúbilo agora, me dará no meu fim.
Não penso em mudar o mundo, mudando meu caráter já deu a conta, exercendo minha função de se gastar com o tempo mas sabendo que o que puder viver, viver ao máximo, não falo de anfetaminas (isso é viver o mínimo) , não falo das grandes mansões nem grandes carros (os quereria se pudesse, os admiro por não poder) Essa é a questão primeira das primeiras questões: O que não posso, admiro. O que posso, faço.
Os iconoclastas de Stalin tem meu amor, apoio, desvelo. Os iconoclastas em geral, que a tudo vejam com inveja e agem  assim  por não saberem erguer estátuas, me dão asco..
Viver admirar. Ponto! admirar o rosto lindo do sobrinho de Elaine e sua arrogância, sua espantosa comoção diária de sua beleza. Admirar o pitão gagão e sua tez , e sua voz, e sua irritação, e seu dormir, e os dedos do pé que quase perde, a alegria de uma nova vida, refletida no filho de meu amigo-irmão, André carvalho. O baralho traçado por meu pai (cuja beleza não está no gesto, está em toda uma vida de amor aos filhos. Quando eu era pequeno (e isso não conto sem chorar) meu pai passava um aperto de jó. Era aniversário meu e eu nem sonhava que teria bolo (inferia, pelas conversar dentro de casa que a coisa não tava boa) pois bem, teve bolo. |O| bolo era com um desenho do vasco. Comi  o bolo com as a garganta seca e sem mesmo vontade de comer. O bolo do vasco não era bolo. Como coisas que só tem nome de coisas mas que no fundo possuem nome falso.  O bolo do vasco foi o amor comido e seu nome não era bolo, era Pai. O bolo do vasco não me lembro  o gosto, o bolo não era nada, estava ali como símbolo, estava ali por estar. 
Não que o bolo fosse ruim, e ainda que fosse ruim, e mais, ainda que fosse de sal com pimenta, isso importaria nada.
O que aprendi com meu velho (falta muito a aprender) é que as coisas tem nome falso. O bolo não era pra se chamar assim. O nome do bolo é ternura, o nome de tudo que resta (e resta muito) não é presente, é união.
Amaria o meu pai sem o bolo,  mas com o bolo amo-o mais. Não pelo gosto do bolo, pelo gosto do amor. Sim, amor tem gosto, cheiro e gesto. Se afetação não é amor, se é amor é tudo.