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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MAR IMENSO SEM CAIS

Quem é ela? a que fala lindo, a que cozinha comidas quase prontas, a que desfila em minhas ideias mais danadas, a que sem a qual me sinto nada.
A que nunca é esquecida, a que briga sem razão, a que perturba a minha paz dando-me uma outra que é mais quente, uma paz de amor, um paz de fogo, uma paz de gente.
Quem é ela? A que baila nas canções dos velhos poetas das músicas que sempre amei, a que me é contrária, refratária, inverso, contra-cara, contra-senso, e nisso me perco.
Quem é ela? A que tem no nome o mar, a que tem no corpo um bicho, a que tem um  cheiro bom, a que sabe me domesticar, a que gosto sem querer, a que amo e não me custa nada amar.
A que o corpo e o cheiro não saem de minhas mãos e nariz, a que olho com febre, a que sonho com fogo, a que sempre que me diz estar com saudade, a que nunca quer me ouvir cantar, a que sempre se faz escutar mesmo calada. A que o silêncio me causa angústia que só sua voz debela. A febre causada por ela só quem cura é ela. A dor por causa dela só ela anestesia. O buraco que ela deixa só ela preenche. A letra dela é a que falta para a palavra fazer sentido. O sentido dela é ligar os pólos, unir os credos, instigar o que parecia inerme, fazer zunir o que parecia silêncio, fazer o choro onde havia o seco, secar a lágrima quando for tristeza,fazer o riso lacrimoso de ser tanto, fazer o medo menor, a força nunca secar, o dia mais branco e a noite também.
Qual o gosto dela? O gosto das coisas saborosas mas sem excessos de doce ou sal.
Nada nela é menos, nada nela é nada, tudo faz sentido e diz alguma coisa.
Ela não tem o poeta que merece mas não me deixa triste isso porque quase nada lhe é igual. As coisas que amo nela são da ordem das coisas que apaixonam, que prendem, emocionam, embriagam, enlouquecem, fazem falar muito o poetaou simplesmente o emudecem.