quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sem mágoa, sem melancolia





Sabia de há tempos, e por isso disse a minha amiga:  Desde o começo eu sabia do fim, desde o nascer diminuem os dias.
Ela então quis saber o que eu faria se chegasse ao fim do dia com o fim da minha vida. Disse-lhe: daria uma abraço em meu filho e um beijo em meu pai. 
Mas não falava triste, não tinha medo ou melancolia, falava como se outro que estivesse de fora, outro que sendo eu, a mim mesmo não sentia, como que estando lúcido não sentia a cirurgia. Sem dor,  sem melancolia.

Eu dizia que no abraço e no beijo não haveria tristeza, seria um "valeu" não um "que pena, acabou", uma missão encerrada, não uma que fracassou. 


Disse ainda que não consigo ser triste o tempo todo, sequer um tempo longo. Sou da alegria, da folia. Só sei viver assim, amar o sol. todo dia, de noite a lua.  Quando nem um nem outro se fizer notar, por nublado, por não poder vê-lo, sigo na minha alegria. Que sendo escura é ainda folia, que sendo folia tem de acabar como um m carnaval: sem mágoa, sem melancolia.



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