terça-feira, 23 de agosto de 2011

PARA MOACY CIRNE.

PARA UM HOMEM QUE SE EMOCIONA COM UMA SANGRIA DE BARRAGEM.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

FIOS NA CABEÇA, METAL NO PEITO






Cada vez que passa um dia, é um a menos para minha cirurgia. Meu médico me precaveu de não ser essa a cura. Eu ainda terei parkinson depois da cirurgia, bem o sei. Tomarei remédios, terei fios na cabeça e um metal no peito. Mas terei uma coisa de que prescindia, terei um arma, um bastão ou coisa que o valha.


Um homem, desde menino, desde que exista, precisa de algo com que possa encarar a vida, seja o seio de sua mãe, um copo de aguardente, um caminho. O parkinson me tirou isso. Não podia reagir, Agora posso. Não é lutar contra a doença, isso é tolice. Doença não é uma coisa, ser, ou time. È saber que o que posso, farei. O que não, Cristo fará.

Sim, eu vou chorar no dia, como já faço agora. Por minhas razões. Eu as tenho. Porra, como as tenho! Mas não chorem ainda, amigas minhas, amadas e de meu coração. Esperem até o fim, ai chorem.

Dez anos. Há dez anos veio tudo de uma vez. Primeiro um errado diagnóstico que me custou um sorriso forçado, dado a meu pai para confôrtá-lo. Sim, amigas choronas, foi no hospital em que farei a cirurgia que eu passei com meu pai de carro, pensei em dizer algo triste, me calei. Meu pai colocou a mão na minha perna... bom , isso já falei. Vocês leram. Lu e Mirse. Amigas de riso e de choro.

Amigas, eu posso não melhorar o quanto espero, ou mesmo não me dar bem (toc toc toc) mas lutei e lutarei o que possa. Sem medo de me frustrar, sem medo de nada. Porque sei o que passei nessa longa caminhada, e sempre fiz sorrir e adquiri carapaça. E quando meu filho me perguntou quando eu iria ficar bom, em uma ponte de ferro aqui de caruaru, eu engoli mais que o choro, engoli a vida, engoli o diabo e digeri ele. Quando eu ouvi meu pai disser que ainda ia me ver bom, eu acolhi aquilo como verdade que demoraria.

Meu filho nunca mais tocou no assunto comigo. Minha mãe disse que ele não quer que ninguém toque nesse assunto na casa da mãe dele.

Está próxima a hora em que serei submetido a uma cirurgia complexa e invasiva, da qual não pretendo sair atleta, ou lépido e saltitando. Quero sair dela melhor, muito melhor que antes.

E, só aqui vocês podem chorar, amigas leais e queridas, quando eu estiver melhor, e eu ficarei, só aqui no dado dia, vocês podem chorar.

e quando eu puder andar só na rua, irei à rua da aurora. Andarei nas margens do rio que amo, o cheiro do mangue. Não estarei curado, nem será milagre, Mas o quanto eu estarei agradecido a Jesus Cristo, será como se milagre fosse. Porque com 25 anos, novo e boonito, vi o mundo cair. E caiu sobre mim, e foi pesado, quebraria meus ossos. Foi ele que me deu um sorriso quando vi meu filho querer subir nas minhas costas, como outro menino fazia na de seu pai, e ele não poderia fazer na minha, aceitou, compreendeu. Foi ele que me ensinou a parte boa da vida, que me fez ver coisas grandes nas coisas. Não sou um espetáculo de pessoa. Sou mal e mesquinho como todos. Mereceria coisas piores que as que tive,

Não volto a escrever nada nesse blog até depois de minha cirurgia. Claro que isso só interessa as minhas duas amigas e leitoras, mirse e lu.