terça-feira, 5 de julho de 2016

Assassinado por um poema







"É preciso que a poesia se imponha", falou Caetano. Meu pai cantou "assum preto" e nem lembra disso, mas minha irmã mais velha deve lembrar, encheu-se-lhe de lágrimas seus olhos.
Marcelo Novaes fulminou de azuis os anjos negros. Deu-me o anti-horror, a poesia bruta-flor. Ontem quase me mata (já algumas vez atenta contra minha vida) com sua destotificação, com sua descontrução de ideal e ideias prontas.
João Cabral, morto atenta sempre (um dia conseguirá) contra minha boba existência.
Se morre de poesia? NÃO!  Mas é só do que se deveria morrer.
E virá o dia (e ninguém notará) em que morrerei fulminado por um poema escrito ou vivido. Saíra em jornal espalhafatoso e -coisa estranha- não chamará atenção a manchete: "HOMEM MORRE EM CARUARU, FULMINADO  POR POESIA."