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terça-feira, 1 de outubro de 2019

Meu coração e meu filho








A mim pouco importa os conluios, os conchavos, os melindres, os agravos. A pouca coisa ou a muita ou exata. Para (que não vou mudar o mundo) me importa menos uma guerra que sua febre, menos a política, a igreja, os museus, os artistas, poetas, sábios, salvos, que sua alegria. 
A mim pouco se e dá se os dias te fizeram longe (nem tanto) porque te guardo perto, mais que perto, dentro, e dentro  do centro, do fundo, onde não há quem entre sem minha permissão.
A mim nunca caberá uma intriga, um mal entendido, uma aresta. Você vive o seu, eu vivo o meu, mas somos poetas. 
A mim o fato  de dizer que te amo, não me soa repetitivo, enfadonho, toda raça reside nisso. O amor repetido a cada dia, e em cada dia aumentado.  
É isso, meu filho, não cabe  o amor em palavras, não cabe a vida em conceitos, você nunca coube no meu coração, por isso, cuide no meu coração que você carrega nas mãos,   nunca deixe-o cair, nunca deixe-o quebrar. Cuide do meu coração que te dei. Te dei e nunca vou tomar, porque se sair de suas mãos tudo perderá o sentido  e ele deixará de pulsar.

domingo, 24 de setembro de 2017

MARCELO NOVAES

       









Eu, o vate cor-de-abacate, assim cognominado pelo poeta dos poetas, o homem que salvou Deus enquanto este se afogava; escreveu "o escudo..." e a mim dedicou, venho dizer com a convicção dos profetas e a certeza dos meninos.
A cura do mal de parkinson virá! Será não por investimentos pesados na pesquisa mas por Marcelo Novaes ter escrito que já estava na hora da descoberta da cura do mal, em seu recitativo de páscoa.
Aprendi com Marcelo Novaes muitas coisas e não tenho dito isso. Marcelo, aqui  vai minha retratação, meu abraço. Fui no teu blog e vi coisas lindas (sim, Marcelo, o considero ainda o melhor poeta vivo, embora já não existam mais poetas).
Por qualquer razão que me afastou ou que te afastou, saiba que a admiração continua. Disse uma vez que se você me desse um soco eu te teria ódio mas à tua poesia é, foi e sempre será lembrada, lida e respeitado por mim.
Muito do que escreves me faz chorar (exatamente!!) O butoh; o escudo; o poema que fala de fulminar de azuis; o que você dedicou ao rosa, enfim, são tantos. Alguns desses deveriam estar em livro. Você é um injustiçado (sei que não gosta desse papel, mas é.
Você escreveu um poema lindo sobre o sorriso de uma menina. Você é foda!  Te admiro pra caralho. Fica com Deus e se não me engano, fazes aniversário este mês.
Sou o vate e tenho disso muito me orgulhado. Não pelo título, pela insígnia. Fosse presidente da república teria desprezo pelo "parecer" do cargo. Para mim o que importa é ser o  vate. Se isso não parecer muito a quem seja meu interlocutor, digo: Não foi dado o título por um qualquer especialista em qualquer ciência ou vida. Foi dadopor Marcelo Novaes, o poeta dos poetas; poeta de antanho-hodierno, poeta de verdade daqueles que não existem mais.
Um abraço, vate.

sábado, 13 de agosto de 2016

O sonho do poeta





Sinto mais pesado um dos lados do meu corpo -que não morto de tudo está- e vivo ou sobrevivo em facas educadoras, em pedras, em cactus, menos no diamante, mais no pouco, no seco, no exato.
Entre coisas que desgastam, entre coisas que se acendem, bailarinas inflamadas, touros, pontes e sevilhas. 

Aprendo com suas touradas que a poesia está completa onde ela não foi sequer pressentida.
Que não havendo morte o que há é falta de vida. 
Aprendi e guardo comigo, que não provém a beleza da coisa em si advinda. Que beleza  vem (na poesia) não de do que é, mas de como é descrita. Poucas coisas são em si mesmo bonitas e encerram em si sua beleza. A lua, o mar, o sol. Não se há de escrever poemas que apenas disto tratem (para tal já existem os poetas de Carpina) nem se falará de musas e ninfas. Tem que extrair de onde é improvável, de onde  é impossível. Impossível é o que não pode amarrar o poeta, nem prender-lhe pelo rabo. Ao poeta tudo é lícito desde que não descambe para o feio. 

O pecado do poeta é o feio, o simples, o vulgar. Os lugares-comuns, a frase feita, o pensamento dos outros. Ao poeta é dado o direito de não ser bom poeta, não é dado o direito de querer fingir sê-lo.

O poeta não chora, ele soluça.
Ele não ama, ele, ele constrói o amor para que outros amem.
O poeta não dorme, ele morre e volta a ser quando acorda. 
O poeta não sente, ele arde.
A dor do poeta não cabe em sua lágrima, e isso o angustia,
A fome do poeta não cabe em seu estômago.
O riso do poeta é de que vive o mundo.
Que o medo do poeta nunca se concretize.
Que o sonho do poeta seja tão real que não seja mais sonho de poeta.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Eu mostro um poema de João Cabral e ela: Que merda é essa?
Ela acha isso. Eu a excluo. Quem acha um poema de João uma merda tem de queimar no inferno. Que ela vá só, ouvindo forró, pagode, sertanejo, o que seja. Mas se for para o céu, eu lá não esteja. Se tem um lugar onde Cabral é uma merda e a este chamam "céu" fico no inferno. Se o capeta não gosta de Cabral, estou salvo. Mas desconfio de um inferno onde se gosta de Cabral e de um céu onde não se gosta.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Vendo Caê e Gil




O grande sem palavras que o determinem grandes, que se dito grandes, menores o fariam. Se exagero, releve, os poetas e loucos sempre o fazem. Sou os dois, sou ainda profeta e não me tenho em baixa conta. Agora ainda mais, porque agora é mais difícil. O parkinson, debutante, não me tirou ainda (nem o fará breve) a mania de admirar. Me limita no que pode, nos movimentos, não o querer fazê-los. Me limita... Basta! Não existe doença, não como ser. Não existe quem me detenha mais sobre a vida que a própria vida. O contrario não existe. A morte não me aguça sobre ela, não me faz despertar para ela. Ao contrário. A morte me causa pena o fim da vida, o ausente do belo não o feio que se inicia. Morte não é nada, como doença, como não-poesia. O mundo dos sentires -que é o mundo real- se compõe de poesia, e o que não é isso não existe, simples assim. Não existe o erro, o mal-mau, o medo, o frio nem escuro, nada disso. Nem a essas inexistências deve-se dar trela. O que existe é falta desses opostos. Prestar-se-a culto ao acerto, ao bem-bom, à coragem, ao calor e ao claro. Saberá que o que existe é afirmativo e gera vida e poesia e se não gera não é e; se não sendo não está. Como nunca haverá alternativa ao Cristo nem o que lhe seja contrário. 

Para não dizer tudo, digo o que me basta. Não sei de tudo mas sei o que importa. Sei que errando haverá perdão, mas não premeditar a porta, porque o erro sem perdão é o que foi calculado. Em tudo tem de haver perdão e compaixão e perdão, menos no que foi provocado. Um dano que se sabia o grave e sobretudo o mal causado.

Devo dizer que chorei de madrugada?
Devo dizer que sempre é assim?
Precisa dizer que gosto disso?

A quem ver isto, feliz natal e um bom ano novo!

Beijos e abraços aos que o aceitarem.

Em especial para meu pai, Marcelo Novaes (o poeta), Marcelo (o cagão, meu sobrinho-neto), Cleide, Marta, Caetano, Luluzinha e suas crias, minhas irmãs, minha mãe, Claunice, e, como dito acima, a quem aceite.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Minha tristeza






Tem coisas que se começam e outras natimortas; coisas feita de coisa que a palavra não alcança. A palavra não alcança a essência, o que temos de bom ou de ruim. Eu não explico porque também não sei e creio que poucos sabem. Eu não sei da razão das dores, dos ruídos medonhos, das crianças com fome e frio e o que pensam. Eu não sei de seus pais, como sentem a pele e o coração bater, se se sentem homens não parte da coisa que não sei o nome. Eu me sinto mudo para as fortes visões de paraíso, da espera de encontrar lugar melhor e se isso não é um consolo bobo. Toda noite eu durmo e tenho paz e nem penso em morte, mas ela vem tão devagar e discreta... Dir-se-ia que nem tem pressa. 

A dor que dói mais não é a minha nem a sua, é a dos meninos dos sinais, das garotas de programa, dos travestis, dos drogados. Porque sabem das mesquinharias dos outros e não encontram ombro e só encontram zombaria. A zombaria é feia, o escárnio é feio. Certa vez saí da casa de meu cunhado (era ainda casado) e passei por um grupo de adolescentes que começaram a rir de mim, do modo como como eu andava e de minha rigidez muscular causado pelo parkinson. E riam alto e diziam coisas como: anda direito, robocop, anda direito. Cheguei em casa, contei a minha então mulher e ela chorou e me perguntou como me senti na hora. Não senti nada. Nem raiva ou qualquer coisa parecida com isso. Eu tenho desprezo por quem se despreza. Eu tenho asco de quem de si se apieda. Minha tristeza está nas coisas dos meninos nos sinais. Minha tristeza está quando batem em uma prostituta. Quando xingam um travesti, quando um pai nega o filho. Minha tristeza está nas coisas que realmente doem, e olha, conheço hospitais, sei o que é estar com medo e só. Minha tristeza eu guardo para o dia em que eu beijar meu filho pela última vez. Mas ainda assim não será tristeza. Minha tristeza eu guardo para as coisas que são tristes. Choro tanto e por tudo que não resta lágrima pra mim. Só sei ser alegre, não sei ser triste, ontem, hoje, até meu fim.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A TERCEIRA MARGEM DO RIO



















Eu nunca sou um só, eu sou dois, eu sou mil. Eu nunca estou em uma margem do rio ou na outra, estou na terceira. A terceira margem do rio. O que faço lá? fui/vou/irei em busca de meu pai. Não porque queira persuadi-lo a voltar mas para apenas sentir a terceira margem. Meu pai saiu de casa em sua canoa e foi atrás da terceira margem do rio, disseram-lhe uns tolos que essa tal não existia. Tolos tolos são. Para mim só ela existe, só ela faz sentido ou dá sentido a existirmos. Nunca quis o amor total nem o ódio total, quis (quero) o que os distingue sem obnubilar, sem que haja o que os confunda. Não sei como amo e porque o faço, sei que meu amor está na terceira margem do rio. Se alguém se atrever a dizer que ela não existe, eu provo que ela existe dizendo que eu moro lá. Eu moro na terceira margem do rio e isso me explica (não justifica, claro) isso (o fato de eu morar na terceira margem do rio) me faz ser o que sou. Um dia equacionarei isso e farei de mim um homem bom. Mas nunca serei melhor saindo da terceira margem. Se sou cheio de imundícies, mesquinharias e de todos os defeitos que conhece quem me conhece, é bom dizer e saber que fora da terceira margem, nas margens "normais" do rio, eu seria pior. 

Eu habito a terceira margem do rio e sou doce quando contemplo meu pai. Ele não me vê, ele não me sente. Não está em sua canoa porque precisa que o mundo dele se apoie nele para não ruir. Eu, que sou um monstro que nem o parkinson fez mais humano e humilde; que sou soberbo e cheio de mim; que adoro pisar pessoas e vituperar contra o mal fazendo maldades, que sou apressado em diminuir o gosto dos outros e exaltar o meu, que zombo de religiões, que imputo culpas que são minhas, que... Deus meu! há de haver um perdão para mim e uma cura. Há de eu ter jeito porque eu habito a terceira margem do rio, e sou frágil ao ver meu pai em sua canoa procurando a terceira margem  do rio. 

Onde eu vivo (na terceira margem do rio) eu posso ver meu pai e isso é tudo. Meu pai me mostrou a terceira margem do rio, embora ele nunca a tenha visto nem ninguém. Ele é a terceira margem do rio! ELE SEMPRE FOI, É E SERÁ. É bem ousado dizer com palavras o que seja a terceira margem do rio, mas ouso. Ouso porque sei que é meu pai. Como sei? Pelo cheiro, pelo que não cabe em si, pela voz dele no silêncio, pelo olhar dele. Não sou um ser perdido. Habito a terceira margem do rio, lá não estão os santos, sequer os médios. Lá estão os poetas loucos, os perdidos de amor e desmedidos. Lá estou eu, na terceira margem do rio, não fui buscar meu pai, fui olhá-lo, fui sabê-lo, fui senti-lo, fui dizer baixinho e chorando: MEU PAI!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A lista do gostar





Duzentas que fossem as vezes necessárias eu mantinha firme a posição. Não por birra, não por burro, não por temor quais sejam. As coisas sobre as coisas não desfaço nem revejo opinião, o faço por estarem acima das minhas possibilidades de desgostarem. Não bastam as coisas que eu gosto sumirem, morrerem ou não estarem, isso até as fariam mais queridas. Eu teria de não ser eu, minha vida uma diluída em coisa que fosse gelo e que não fosse fria porque isso, mas um frio por ausência de calor, pelo contrario de seu motivo. Os que elegi em meu gostar não o fiz por motivos que possa explicar, nem poderia dizer se obrigado fosse. Não será uma goleada, um desengano, um desespero o que me fará desgostar do beijo de Corisco em Dadá no filme do Glauber. Não será uma opinião que findará um amor. Os códigos que me fazem gostar não podem ser quebrados, decodificados, encripitados, lidos ou o que o valha; São códigos de códigos com mil outros dentro. Não, minha flor, não posso ser outro, então se dispense de querer que diga o quer quer, só digo o que sou. Se não te cabe o meu reino procure um outro, nunca tente o meu mudar. Isso não é nem arrogante nem inflexionar, é antes te dizer: Do que gosto (noite, vasco, pai, filho, lua, o bardo e tantos e tantas mais) não deixarei de gostar. Ou tenta entrar na lista ou nunca queira estar. A lista do que amo se expande mas nunca encolherá.
Não sou leviano, tudo arrefece, se esgota, muda, passa, exceto minha lista de coisas queridas. O cheiro de meu pai, o sono do meu filho; a lua de Dostoievski; o olhar de Falstaff para Rick; Moacyr na sangria da barragem; você dançando; Tarde em Itamaracá; são coisas de dentro do cerne da coisa. Que não sei exato porque se fizeram tanto gostar, mas que só podem ser desgostadas não se eu as desgostar, mas se não for mais eu, não em mim mais estar.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

SOU EU



Gosto é de pessoa não de gente. Do íntimo não do público; do que está oculto e eu descubro, do que tem o particular como graça. Gosto de um ser em si, não de um ser geral. Um na multidão que eu lhe veja inteiro e só, sem ser uma figura igual. 
Os socialistas não me são toleráveis, bem como o gosto de todos. Gosto do que gosto e não do que "deve-se" gostar. O egoísmo é uma forma de amar. Não falo do egoísmo do medíocre, de quem só quer para si, de quem não sabe admirar. Falo do olhar interno, do se gostar, e estando se amando saber amar. Falo da tristeza sem lho negar, sabendo-a ruim, sabendo-a má; saber-lhe antes a digerir que a renegar. 

Eu falo do canto triste, das noites frias, dos pais que não conseguem alimentar seus filhos. Das dores humanas, das perdas sem fim que como se pela frequência, pela constância, fizessem adormecer o nervo. O tal nervo que nos faz gente e nos faz homens. Homens e leões não são iguais. 

Não pretendo ver leões morrendo, mas não suporto o chorar dos que não sentem a dor dos mendigos e sente a dos leões. 

Eu guardo meu chorar para os que amo, para os que conheço, não para os que a tv quer que chore. Não tenho amor à "humanidade" nem a nada geral. Sou pessoa não censo, sou eu mesmo, não números.

Gosto tanto quanto cabe a quem gostar meu gostar, e odeio e devoro a quem for preciso para me alimentar. Não sou anjo, não santo, nem poeta, nem ateu, nem sou o contrário de nada disso. Sou eu.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O nada.




Eu tive um sonho  há pouco que foi tão poesia que tentar contá-lo o diminuiria, reduzindo a sonho o que sonho seria se não fosse mais, se não fosse o que queria, todo sonho que mereceria o nome de sonho ou de poesia.

Eu tive, e tanto era lindo, que santo diria, mas não era isso, era até profano, por não ter pecado por ser mais que humano, por eu entender que era o que entendia não caber no homem, não caber em nada.

Eu tive (e pouco me importa se esta errado) ter -se sonho ou haver sonhado, ter se sentido certo, ter sempre eu errado, ou o que é real e o que foi sonhado, ou menos o pecado ou mais o perdão.


Se explicar não posso, quem o poderia? se sonhasse um sonho que foi fantasia, nada de irreal, nada que conteria um outro nada em si e por isso era tanto que a palavra nada tudo definia, como se verdade última da poesia, como se única verdade houvera, como se descoberta a nova era, como se descobrisse o véu primeiro, como se segredo não mais houvesse, como se tudo ao nada reduzira, e o nada fosse a melhor saída, e  era melhor por ser a única, e era bom e eu o sabia em sonho, e eu o via em graça, o tendo profundo, o tendo em tal monta que para mim nada mais me vale, nada mais me serve, nada mais eu busco do que aquele nada.