domingo, 31 de dezembro de 2017

Para o bailarino poeta.

Eu não te sabia poeta das palavras, eu não te sabia amar não fosse pelo muito fácil de te amar que tua dança, ritmo e pausa, me chegavam pelos vídeos. Nunca admirei a tua arte como religião e nunca te respeitei pelo mundo de fãs que tiveste e tens. Meu amor por você era solitário, triste e humano, como qualquer amor. Não advinha de qualquer coisa que fosse compensatória, como todo amor legítimo. O amor é algo que só deveria ser dito pelos poetas grandes, mas todos falam porque não cabe  em ficar no escuro ou silêncio, precisa sair do peito senão mata o que os que o tem em demasia. O amor não se explica, se tem e se tem e mais nada. Não se escolhe e nem sabe de onde vem. Não pela tua fama, não pelo nada que é a fama, não pelo nada que o nada. O amor não precisa conhecer  a pessoa, tocar-lhe a pele, tocá-la. Ter recompensa ou reconhecimento, precisa que o objeto amado lhe diga algo inaudito, lhe belisque ou fure. Michael Jackson. Vendo uma música dele traduzida fiquei pasmo. Era tão bonita de lindas palavras simples. Eu não te sabia poeta, eu te saia querido, agora mais ainda, agora pelas palavras, agora pelo poeta. Teu fim foi breve e injusto (como o fim dos poetas) mas você não morreu de tudo, ou não morreu de nada. Vive muito mais que muita gente viva, que viva só esta pelas vísceras ainda não apodrecidas, mas fede ainda com o perfume mais caro perfumada, é feia, ainda que linda em aparência, e é triste o seu sorriso e gargalhada, como o riso dos idiotas de Rimbaud, como riso de quem não sabe nada.