sábado, 7 de dezembro de 2013

A BELEZA DE CAETANO, A VIDA E SEU FIM

Uma amiga recente e virtual me perguntou se eu só gostava de mulheres. Perguntou pelo fato de eu ter postado uma foto de Caetano e tê-lo chamado de lindo. Claro que a pergunta não era essa, o que ela queria saber é se sou bicha ou se corto para dois lados (expressão antiga, idiota, mas que diz bem o que se quer dizer com um eufemismo esdrúxulo) ou sei lá o que. Respondi que não era gay e pronto, não disse mais nada. Por isso, e tão somente por isso, tenho certeza que ela acha que sou. Porque não disse que era macho. Sou homem e heterosexual, macho (no sentido que se dá a esta palavra) definitivamente, não sou. Fui ao velório de um amigo ontem. Ele tinha 27 anos. Diante do caixão me vieram as elucubrações mais comuns que se possam ter sobre vida e morte, sobre amor e filhos, sobre Deus existir ou não. Tudo me pareceu claro, pena que não sei explicar. Não era amigo íntimo mas era amigo. A vida é uma coisa que cada vez se explica mais e cada vez menos entendo. Me resta a foto do Caetano, me resta o mar. Me resta o Caetano no mar. Me resta o poema de João Cabral e não tentar entender o mundo nem a vida ou a morte. Meu campo de ação é quase inexistente, meu tempo é rápido e não sei se vai acabar amanhã. Gosto de homens sim, mas dos que façam por merecer. Não quero ser macho, quero ser gente.