segunda-feira, 22 de setembro de 2014

SALMO 40






Salmo 40:


"Quanto a ti, Javé, não negues tua compaixão por mim; teu amor e tua verdade sempre irão me proteger.
13.Porque me rodeiam desgraças a não mais contar; minhas culpas me atingem, e não posso fugir; são mais que os cabelos da minha cabeça, e o meu coração me abandona.
14.Javé, vem libertar-me, por favor! Javé, vem depressa me socorrer!
15.Fiquem envergonhados e confundidos aqueles que buscam perder a minha vida! Recuem e fiquem envergonhados aqueles que tramam a minha desgraça!
16.Fiquem mudos de vergonha aqueles que se riem de mim!
17.Exultem e alegrem-se contigo, todos aqueles que te buscam! Os que amam a tua salvação repitam sempre: "Javé é grande!"
18.Quanto a mim, sou pobre e indigente, mas o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e salvação. Meu Deus, não demores!"


Minhas experiências com relação a fé nunca foram transcendentais; se dependesse disso, seria ateu. Nunca senti vertigens, nem desfalecimentos, nem visões, nem chamados, nem profecias, sequer Jesus nunca falou-me nada. Creio que nunca isso se dará. Frequento lugares onde todo mundo afirma a cada instante:"- Jesus falou ao meu coração" ou: "-Jesus me diz nesse momento" ou, ainda: "- eu profetizo". Estou lendo um livro em que uma mulher diz que Jesus mandou-o-a pintar um quadro (o exposto no blog) e disse-lhe coisas bem difíceis de ingerir. 

Naldo é um cara bem falante e desprovido de bons modos no falar. Fala pelos cotovelos e conta piadas e nada na sua figura remete ao divino, pelo contrário. Consta que foi jogador de futebol meia boca, que jogava em um time meia boca, Naldo em nada lembra um sujeito que seja portador de uma verdade ou filosofia. Sua filosofia e verdade são repetidas e já sabidas, ouvidas em todas as missas, cultos, grupos de oração e comunidades quais sejam. As vezes discordo dele, outras procuro entender e outras ainda, entendo. Alguns na comunidade criada por ele o chamam "pai Naldo", como os filhos de santo chamam os babalorixás na macumba. 
A razão de escrever isto é uma: homenageá-lo. Quer saber quem é o Naldo? Não olhe a comunidade que criou, olhe a quem ela abriga: gente esquecida e idosa; viciados e até uns que não chegaram a tanto, mas se lá chegaram, chegaram aos prantos.
Quer saber quem é Naldo, além de ex raparigueiro, ex-jogador e ex-beberrão, vá comprar lanche quando não há ninguém comprando e observe com que tom de voz os que moram na comunidade se referem a ele. Mas quem quer saber quem é Naldo, veja a mulher dele falando do cara: mas babando que falando, amando um com quem acorda há anos.

Na comunidade tem uma senhora gentil, uma voz que mais que canta, mais que discerne notas e as coloca com a voz no tempo certo aos instrumentos, mais que qualquer predicado como cantora (os tem, e os usa muito bem) tem paz na voz, carinho no olhar, bondade. Adilma Batista.

Na comunidade tem um rapaz e uma menina que me ouviram e tiveram paciência comigo e mais ainda, foram amorosos. 

A comunidade é um lugar lindo, que rejuvenesce a fé. Estive lá ontem. Deus abençoe a todos e os mantenha como são.

domingo, 7 de setembro de 2014

VOCÊ, EU E CABRAL.




Estávamos em Recife. Meu celular é vagabundo, meu relógio é meia boca. Ela tinha um relógio bom e uma bolsa talvez cara. Fomos à rua da aurora, sentamos no banco onde tem a estátua do poeta, eu do lado dele e pegado em sua mão; ela escutando eu citar (de maneira canhestra) alguns trechos do poeta. Ela não ligava pro poeta do qual eu falava, mas gostou de me ver babar e de como eu amo aquele rio, aquele poeta, e ilusão de tudo ser bonito. Fomos ao cinema que ia quando adolescente e que pensara não existir como cinema, apenas como prédio fantasma como quase todos os do centro de Recife. Mas havia filme em exibição. Um filme Frances que deve ser bom pelo que ela me contou, não por ser europeu. Entramos no cinema o filme já começado e eu "travado", de modo que ficamos na última fila porque a luz estava apagada e não é uma coisa recomendável se andar no escuro, com mal de parkinson, travado e com uma infinidade de poltronas à frente. Sendo cegueta e com fluência nem em português, tive que ler legendas brancas que se fossem verde-limão já seriam ruins de ver, brancas era quase impossíveis. Só as via quando o fundo era preto e nem assim com total nitidez. A acústica do cinema é o reflexo do que o cinema americano fez com a ideia do que seja cinema: um festival de explosões. Não falo de tiros, mas de uma simples "bolada" na cara de um menino parecer uma explosão nuclear.
Depois jantamos e dormimos, se é que se pode chamar de janta um sanduíche cheio de coisas para enfartar. Ela não queria enfartar, não comeu o sanduíche. Havia comido uma sopa antes que não era ruim de tudo. Me perguntou se eu gostava de sushis e coisas assim, mas mantive a calma, apenas lhe informei que não era veado pra gostar de comida oriental. Não sei se disse exatamente isso.
Foi um dia de sonho, adorei amiga. Adorei teu zelo comigo e tua severidade para com meus desatinos e carinho para o resto de mim que não fosse maluco. 
Do suco de acerola (que detesto e deixei todo) da cadeira que nos massageou, da outra cadeira que também não nos massageou e apesar de você disser que um sucuri comeria um tigre siberiano e me negar que eu fosse um, foi tudo perfeito, poético, juvenil e mágico. Como você viu sou um homem diferente, especial: jogo roupas no chão; acho que você dirige pessimamente, embora nunca tenha te visto dirigir; falo palavrão o tempo todo; nunca estou errado; enfim sou o tipo de homem raro. Mas me preocupei com seu frio e te aqueci com carinho. Vou ver se tem no youtube sucuris que batam em tigre siberianos. Sei que é improvável. Anacondas só existem no Brasil e tigres siberianos (que você nem sabia que eram siberianos, os chamou de albino) só devem existir na Sibéria.
Quando você viajar por vinte dias ou quantos forem, volte. Voltaremos a estátua, ao cinema, aos banhos frios. Agora você já sabe que sou doentinho, mas não bobinho. Viu minhas cicatrizes no peito (eu disse que eram lindas e você viu que eram) mas não arranque as baterias do meu peito. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014


O que me dá força é algo de dentro e é tão profundo que onde você ruiria, eu fomento. É algo que chega com um novo dia e as vezes nem isso. É força, querida; sabe o que isso?
Minha coragem você não tem. Nunca teria. Então não me venha com seus "ajustes". Fique longe. A quem recorro não é Maria, Maria apenas. Há outras mil igrejas e nelas Deus está em todas.



SOU UM CÃO DE RAÇA AMESTRADO QUE FAZ DE TUDO, MEU BEM, MAS QUE AS VEZES É MAU DOMADO E NÃO PERDOA NINGUÉM.

MEUS FANTASMAS



Quem me leva os meus fantasmas?  
Quem estanca essa sangria?
Quem pode o abraço de meu pai?
Quanto dura isso?
Alguém pediu tamanha dor ao  pior inimigo?
Tem noite quem não sangre?
Eu quero uma pausa, um calma, uma causa.
Que me acarinhem, não aguento mais chicotada!
preciso do riso de volta, de estrangular essa dor, ou esgaçar até faltar ar.
Quem me pode acusar? 
Com que razão o fazem?
Eu posso viver o oco e o mundo não me interessa, mas o abraço de meu pai...
É como se morrer toda hora, se descobrir a cada dia uma agonia. 
Viver sem os gritos dele é não viver como pessoa. É viver como bicho, por instinto, por estado.
Eu canto  o canto torpe e desesperado, dos que sentem a dor latente e doida, de quem vê o dia sem graça, que dormindo descansa.
E isso não tem tempo que resolva. Essa coisa comendo por dentro. O câncer da alma. O câncer do câncer. 
Um doer de muitos séculos dentro de uns poucos meses.
O medo de não poder discutir com ele, de nunca mais sermos pai e filho. Isso era tão natural, tão de graça...
Hoje custa, caro perdi por minha causa, por minha culpa.
E agora resta o chorar quase que sempre que houver algo que lembre um pai.