segunda-feira, 30 de setembro de 2013

NUNCA PROCURE AJUDA EM LIVROS

Eu não sou injusto. Reconheço que há coisas piores que música evangélica, Augusto Cury e televisão. Muitas coisas. É que não me lembro de agora. Uma guerra nuclear é pior do que Aline Barros. A morte é pior que ler Augusto Cury, e o inferno... o inferno é assistir ao faustão entrevistando o Augusto Cury e com fundo musical de Aline Barros. Alguém objetará: Nenhum inferno pode ser tão infernal! O cara me recomendou os livros de Augusto Cury. Disse-os muito bons e leu alguns trechos para mim. Eu escutei com todo tédio do mundo mas torcendo para não ser tão ruim quanto eles são. Fiz considerações descaradas sobre os textos, mantendo um mínimo de dignidade, eu disse: não gosto desse tipo de livro. Menti. Não gosto de livros por gêneros. Sendo bom ele pode pertencer a qualquer gênero, seguir a qualquer crença, ou pregar. Nunca concordei com Nietszche, nunca vou concordar. Li um livro de padre Fabio De Melo ( que não cansa de ser lindo, que não cessa de ser belo, nos dois sentidos: físico e espiritual. Aliás, a beleza do Fabio sempre me encantou e me deixou e deixa, perplexo. Como ele é superior a mim! tivesse a beleza dele eu estaria ocupado demais comigo. Ele pode comer todo mundo- céus!- que nojo! e não come ninguém. Em tempo: o " que nojo!" é pelo meu pensamento nojento. Eu já nem sei que diabos eu ia dizer, mas lembro. Se tem coisa boa que tenho é memória. lembrei! li dois livros do padre Fabio, um gostei bastante, o outro era um lixo. O bom é quando ele contou experiências de ser humano. Como é feio o ser humano! mas deixa de ser se assume que é. Não sei se sou claro. Os livros Augusto, que nunca vou ler, são a colocação de suas palestras postas em livros pra vender pra quem não quer ler Shakespeare e quer se enganar com historietas de sonhos e vitórias. Eu vi uma palestra do cara no you tube. O cara é medonho. A platéia embevecida babava e ele falando uma abobrinha depois de outra. O título da palestra diz tudo: controle suas emoções. Que coisa! Só um idiota pode acreditar nisso. Vendo ele falar eu pensei: eis uma mistura de santo com gênio. Diante de um acontecimento emotivo com o inesperado a lhe fazer companhia, esse ser superior, esta divindade o que faz? controla suas emoções. É um ser superior. Não é como eu. Claro que não. Em um engarrafamento no centro de Recife com o sol de derreter o que for a ele suscetível, esse homem simplesmente controlaria as emoções. Diante de uma final entre Brasil e Argentina, com todo entorno que o jogo provoca, ficar tenso e torcer é para os humanos, os fracos. Augusto Cury, que um sábio, apenas controla as emoções. Penso que quem fala em controlar as emoções nunca as teve com intensidade. Se as teve por qual motivo as quereria controlar? A vida é foda. Tudo é foda e faz chorar ou rir. Eu morro rindo ou chorando e isso não quero mudar. Ao que ele diz: controle as emoções, eu digo: solte-as, não simule mas não esconda. Aos que acham que a vida é a que Augusto Cury diz que é, eu digo: a vida é dor e perda, nunca foi felicidade. Quem aprende isso vira poeta e tenta a sorte, e quando não dá se vira no azar.

sábado, 14 de setembro de 2013

O HOMEM E OS SELOS




Isso não é um poema. Não preciso avisar, mas aviso. Eu nunca escrevo poemas. Não por não gostar ou preferir não escrever. Não escrevo poemas por não ser possível a mim fazê-lo. Simples assim. Eu escrevo. Eu tenho coisas comigo que as guardo como se guarda uma boneca. Eu aprendi que as meninas guardam bonecas por razões respeitáveis. Tão respeitáveis quanto os homens colecionam selos. E nunca se deve questionar ou menosprezar o homem que coleciona selos. O homem coleciona selos e decepções. Selos e medos. Selos e dores recalcadas. O homem coleciona carros e mulheres. O homem vai à igreja, morre. O homem é vazio. Somos vazios. Isso não é criticar a nós, a mim, ou nada que remeta a isso. Isso é constatar um fato. O homem mata, morre, nada justifica matar. Mas os homens colecionam. Guardam para si coisas que os façam achar que durarão muito ou que são importantes para om tempo. Quando menos, se sentem amparados como crianças aos pais. Como seus pais estão mortos ou já não cabe seu colo, eles colecionam selos. Alguns colecionam mortos, outros colecionam outros. Mas se resume a isso: colecionar. O homem vai a um lugar, no caminho cai de uma moto, ou tem uma parada cardíaca, ou qualquer coisa que o mate, acabou. O sonho do homem é mais duro que o de um cão. O homem tem de colecionar sem perguntar pelo sentido de agir assim.  Em que haveria de melhorar sua vida se descobrisse o que é a verdade última das coisas? O homem vai à igreja. Procura Jesus Cristo. Procura quem o liberte de si mesmo. Mas o homem não quer deixar de lado sua coleção de selos. Quer a verdade, o caminho e a vida, sem que estas coisas atrapalhem suas coleções. Ainda vaga na noite e vê crianças com frio nas calçadas. Ele olha, passa adiante e pensa na coleção de selos. Mas pensa: melhor não pensar nisso.  Não pensando ele resguarda os selos. Já passa o tempo. Ele vai ao hospital prolongar sua vida por mais uns parcos anos. Mas ainda tem os selos guardados. Ele não quer perder os selos quando já perdeu o vigor, parentes, cabelos, e as luzes da juventude. Está velho o homem. Estrada acabada. O homem vai fechar os olhos pela última vez, dar seu último olhar pra noite, sua última dor sentida. Os selos não morrem. Os selos voam ao vento. Os selos não são nada, como aquele homem morto.

CUIDO




Não é por nada não, mas se eu descobrir o motivo de ser mais importante coisas que são ditas importantes em comparação com coisas que considero importantes, eu me conformo. Tem coisas de alta cultura que eu até alcanço, mas tem umas tantas... Os que seguem o meu blog, ou seja: os que não existem, sabem que me arvoro a críticas literárias. E daí? daí que você não tem cultura para tal, diria um leitor, se o tivesse (leitor). Não estaria errado basicamente, mas estaria no conjunto. Mas que conjunto se só há uma afirmação, e ela é clara e límpida: no lugar de crítica literária deveria ler mais. Ficaria do lado de quem diz, mas quem diz é brasileiro. Brasileiro não tem critérios para discernir um gato de um tigre (são felinos. dirão). Quando alguém diz um disparate, sendo especialista em determinado assunto, se diz: Foi fulano quem falou! Não se discute o que falou mas o fato de ter falado. Isso tudo para dizer que poesia concreta é uma merda. Que Lobão está certo com relação a semana de arte moderna (certo em sentido maior e mais amplo que o que quem o vê falando da "semana..." alcança. Caetano Veloso se comportou como um rematado imbecil naquela coisa asquerosa de posar para fotos como um Black bloc. Olavo de Carvalho está com um livro que ainda não li mas adorei. O supremo está em cheque e junto vai toda a justiça brasileira. Os comentários do blog do Reinaldo Azevedo são absurdamente estúpidos, ele é foda, mas só ele. Ivete Sangalo é gostossíma, boa praça, só falta cantar. Bem, não há muito novo sob o sol. Eu, pra variar, escrevendo merda. O oriente esperando guerra. Nordestino, chuva. vascaíno: ganhar três partidas seguidas. A coisa que mais caracteriza nossa espécie é a esperança. Quarenta milhões de chances de errar e o cara ainda joga na megasena. Mas tem muito o que se admirar no mundo, cuido disso agora. Cuido porque não vou mudar nada e tudo passará sem mim e isso é duro. Vou cuidar do belo que do feio cuida o cão. Cuido de novo que sempre é novo mesmo se repetindo no tempo. Cuido do amor aos meus amigos e a parentes nessa caminhada que leva a não sei onde, mostrando as flores no caminho. Cuido de não ser frio com nada e sentir a dor no rosto do outro. Cuido de me ter alerta para o mal que há em mim (gigantesco)  para que eu não queira recompensa em vida futura e seja honesto comigo e com a vida. Cuidar em não se esquecer que o dia tem aurora e crepúsculo e ambos são do mesmo material. Cuidar de amar mas também não ferir. Cuidar em olhar a madrugada e nunca esquecer que a lua, como meu filho, foram presentes imerecidos.  Cuidar em respeitar o diferente. Diferente não estúpido. Cuidar de minhas coisas e descuidar de excessos nos cuidados. Ir de prumo reto, em frente e só. Ter aqui guardado a linda melodia de vento em noite. Ter pena de nada. Compaixão por o que precise, dureza para amaciar os crespos.
E vou levando os dias com quase certeza de que preciso trilhar o caminho e que ele é qualquer um. Mas que tenha comigo o olhar pra os outros como um judeu ensinou.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

JOÃO INÉDITO







Eu tinha esquecido o quê era ler um poema e me arrepiar, falar palavrão, exultar. Fazia tempo que não me havia a poesia se feita tão em nervos, tão chocante. Ele me choca. Ele me  tira do vida e me faz espantar do que ele pode mostrar. Ele está morto. Morto como um vivo não pode vivo estar. vai sair um livro inédito dele, isso pouco importa. Não muda nada. É só um livro novo de um defunto. Ele escreveu vivo, claro, mas acaso ele está morto?  mais não falo. Ele não precisa, eu não importo. Importa a  poesia de João Cabral De Melo Neto. Importa estarmos vivos e não mortos. Deixo um bom dia cabralino, que sendo cabralino é de sol, de nordeste, de dentros. "Dentros mais de abraço que de ventre".




Os Carregadores

"" Bom bom-dia, minha gente.

"" Bom dia para os presentes.

"" Bom dia, futuramente.

"" Bom dia ainda, no ventre

As mulheres de descascar

"" Bom dia tem que dizer

quem chega a todo presente.

"" Bom-dia é como Dizer bom dia é tirar

o chapéu, cumpridamente.

"" Bom-dia não antecipa

o dia que espera em frente.

"" Nem bom-dia tem a ver

se é sol ou chuvadamente

domingo, 8 de setembro de 2013

EU ODEIO MARAGOGI





Eu odeio maragogi! Nunca fui, mas odeio. Ela é uma cidade triste, feia, insuportável! Eu odeio maragogi, esse nome feio, ameaçador, inconveniente. Nunca fui a maragogi, essa cidade ladrona.
Ontem tocou o telefone, eu atendi. Era a mãe de meu filho. levei o telefone até ele. Ele estava no meu quarto. Fiquei escutando a conversa pela parte dele e rindo porque ele só dizia "hum hum". Quando ele desligou eu disse: que diálogo, hein?! nunca me interessei pelo papo dele com sua mãe, então deixei pra lá. Desço para à casa de minha mãe mais tarde e ela me diz que a mãe dele havia convidado ele para morar em maragogi com ela. Eu não posso me meter nisso, não posso mudar isso, nem escolher por meu filho. Onde ele estiver, estando bem, estarei bem. Onde ele estiver, estando mal, ficarei mal. Não posso me rebelar contra a mãe dele, ela tem direito legítimo. Não posso me meter na escolha de meu filho. Então ponho a culpa em quem posso por, na cidade que pode tirar de mim meu menino. A despeito de todo o amor e saudade que possa advir, ele é meu menino, ele é amado, aqui comigo. Mesmo que não nos vejamos com frequência, que eu não o escute falando o dia todo, que eu não tenha de cobri-lo toda noite, ele sempre estará aqui, sempre estará em mim.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

EU NÃO ME BASTO







Encontrei-o no vazio, onde estava comigo e sem vontade.
 Encontrei-o na saudade, no afeto, na verdade.
 Encontrei-o no no riso, no choro, na bondade.
 Ele é fácil de ser achado, sobretudo se o procuram de olhos fechados.
Mas com olhos de ver peixe não  o verás.
 Com olhos com que vês tamanhos não o verás.
 Com idéias de poder não o verás.
 Ele se mostra fácil, ele se mostra no teu dia-a-dia.
 Não fazendo milagres, fazendo o próprio dia.
 Vê-lo não é difícil. Vê-lo é como que certo.
Só basta que para isso tenha os olhos abertos.

Para vê-lo é preciso que os olhos olhem o contrário, olhem para dentro.
É preciso que eles sequer olhem, sejam olhos que sentem as coisas como elas são,
em sua essência, seu centro.
Para vê-lo é preciso ter medidas que não advenham de hipocrisia, afetação ou soberba.

Não procure ele se não for com lágrimas. Para agradecer ou pedir algo. Ou meramente contemplar. Mas com olhos sempre marejados.

Procurar eu o procurei porque não me completo nem me basto. Preciso algo de acima de mim. Não falo de poetas, nem gênios literários. Amo-os e admiro-os, mas nunca serão os que procuro quando estou cansado, nos dias de meu enfado.


domingo, 1 de setembro de 2013

THALITA PRATES




THALITA ESCREVEU ISSO:





Lugares onde eu já encontrei Deus:

- na Cantique de Jean Racine, de Gabriel Fauré...
- no Adagietto da Sinfonia Nº 5 de Gustav Mahler...
- na ária Nessun Dorma da ópera Turandot, do Puccini...
- na "Todo Sentimento", do Chico...
- n"A paixão segundo GH", da Clarice...
- no "Cem anos de Solidão", do García Márquez...
- na poesia de Adélia, Drummond e Fernando Pessoa...

E você?


UM POEMA LINDO!