O fanático
não o que gosta muito, mas o que gosta errado, segue errado, interpreta errado.
Mesmo que o objeto ou pessoa que admira seja merecedor de sua admiração, isso
não muda nada. O fanático esta errado mesmo quando em princípio tem razão.
Porque quem tem por convicções ideias que não admitem o contrário, já começa
por errar, já começou um começo errado; e se acertar no fim, não foi acerto,
foi acaso.
Claro que
existem princípios que não se discutem, que devem ser intocáveis; mas estes não
estão em debates, só na cabeça dos fanáticos. Desconfio que os fanáticos não
são sequer gostadores das coisas ou pessoas objetos de sua aparente admiração.
O fanático gosta de sua ignorância que vira soberba e portanto, não lhe faz
pensar nem por nada em questão. Pensa: estou certo em absoluto e tudo que for
contrário a mim, errado, por definição. É típico deles o sorrisinho idiota que
simula uma superioridade que não tem. Que é fraqueza ou ausência total de
argumentação. Quando não usam outro expediente mais idiota que é repetir o que
você acabou de dizer, em tom estupefacto, querendo com a mera repetição (de
maneira ridícula, em tom burlesco e farsesco) ridicularizar o contrário.
O fanático nunca contesta com argumentos comuns
a todos, nunca. Ele recorre aos seus pontos de vista, baseado no que ele
acredita. Se um ateu discute com um religioso é comum este recorrer à bíblia e
dizer: esta na bíblia! Na cabeça de um fanático a bíblia não pode ser
contestado nem sequer por quem não acredita em Deus. Deixo claro que os fanáticos
podem ser ateus ou não; podem ser vascaínos ou flamenguistas; veados ou
heterossexuais, porque, como disse acima, não importa a razão para eles,
importa estarem seguros, não por nada em questão, não pensar.
O fanático
não é nunca inteligente e sempre arrogante. Tem frases que o identificam ou
mais que isso, o entregam. Possui alcaguetes mentais, frases feitas, ideias que
não são isso porque é pura repetição de alguém que poderia até estar certo em
sua formulação primeira. O fanático não tem pessoas as quais admira com amor
mas sem perder a perspectiva do possível erro ou do erro total em que caem
todas as pessoas, mesmo os gênios, mesmo os santos. O fanático não vislumbra a
tênue linha divisória entre o que é argumento e o que é fato. Lança mão de um
como se fora o outro e depois coloca tudo na conta do gostar. Gostar e
preferir é o reino encantado dos fanáticos. Ele não entende (ou é mais cômodo
assim) que nem tudo está na esfera das preferências, que há fatos, que há
dados. Que eu posso até achar (e isso é
problema meu) que o sol é frio, mas que o isso não fará o sol menos escaldante.
Qualquer discussão tem respeitar a lógica de princípio básico que é a lógica ter
um valor total e não poder ser relativizada
tornando apenas coadjuvante e não estrela. Se não se aceita o argumento deve-se
rebatê-lo com outro argumento e não com uma posição particular, que mesmo estando
certa não pode estar pela razão errada, a de ser minha razão pessoal. Sugiro
aos fanáticos que parem de citar a bíblia para encerrar discussões porque isso
é ridículo. Essa papagaiada de “está na bíblia” só funciona para o fanático empedernido. Quem não pode entender que há os certos e os errados de hoje que
invertem os papéis amanhã, não e mais nem menos que um fanático.