terça-feira, 27 de janeiro de 2015

SOBRE OS FANÁTICOS





O fanático não o que gosta muito, mas o que gosta errado, segue errado, interpreta errado. Mesmo que o objeto ou pessoa que admira seja merecedor de sua admiração, isso não muda nada. O fanático esta errado mesmo quando em princípio tem razão. Porque quem tem por convicções ideias que não admitem o contrário, já começa por errar, já começou um começo errado; e se acertar no fim, não foi acerto, foi acaso.
Claro que existem princípios que não se discutem, que devem ser intocáveis; mas estes não estão em debates, só na cabeça dos fanáticos. Desconfio que os fanáticos não são sequer gostadores das coisas ou pessoas objetos de sua aparente admiração. O fanático gosta de sua ignorância que vira soberba e portanto, não lhe faz pensar nem por nada em questão. Pensa: estou certo em absoluto e tudo que for contrário a mim, errado, por definição. É típico deles o sorrisinho idiota que simula uma superioridade que não tem. Que é fraqueza ou ausência total de argumentação. Quando não usam outro expediente mais idiota que é repetir o que você acabou de dizer, em tom estupefacto, querendo com a mera repetição (de maneira ridícula, em tom burlesco e farsesco) ridicularizar o contrário.
O  fanático nunca contesta com argumentos comuns a todos, nunca. Ele recorre aos seus pontos de vista, baseado no que ele acredita. Se um ateu discute com um religioso é comum este recorrer à bíblia e dizer: esta na bíblia! Na cabeça de um fanático a bíblia não pode ser contestado nem sequer por quem não acredita em Deus. Deixo claro que os fanáticos podem ser ateus ou não; podem ser vascaínos ou flamenguistas; veados ou heterossexuais, porque, como disse acima, não importa a razão para eles, importa estarem seguros, não por nada em questão, não pensar.

O fanático não é nunca inteligente e sempre arrogante. Tem frases que o identificam ou mais que isso, o entregam. Possui alcaguetes mentais, frases feitas, ideias que não são isso porque é pura repetição de alguém que poderia até estar certo em sua formulação primeira. O fanático não tem pessoas as quais admira com amor mas sem perder a perspectiva do possível erro ou do erro total em que caem todas as pessoas, mesmo os gênios, mesmo os santos. O fanático não vislumbra a tênue linha divisória entre o que é argumento e o que é fato. Lança mão de um como  se fora o outro e depois  coloca tudo na conta do gostar. Gostar e preferir é o reino encantado dos fanáticos. Ele não entende (ou é mais cômodo assim) que nem tudo está na esfera das preferências, que há fatos, que há dados. Que eu posso até achar (e isso  é problema meu) que o sol é frio, mas que o isso não fará o sol menos escaldante. Qualquer discussão tem respeitar a lógica de princípio básico que é a lógica ter um valor total e não poder ser  relativizada tornando apenas coadjuvante e não estrela. Se não se aceita o argumento deve-se rebatê-lo com outro argumento e não com uma posição particular, que mesmo estando certa não pode estar pela razão errada, a de ser minha razão pessoal. Sugiro aos fanáticos que parem de citar a bíblia para encerrar discussões porque isso é ridículo. Essa papagaiada de “está na bíblia” só funciona para o fanático empedernido. Quem não pode entender que há os certos e os errados de hoje que invertem os papéis amanhã, não e mais nem menos que um fanático.

Nenhum comentário:

Postar um comentário