domingo, 22 de janeiro de 2017

Sim, vi.




Eu vi a poesia no olho. Ele não era azul (o olho da poesia) mas nem preto nem castanho, nem em cores se revelava. Sabia que era o olho porque sentia que era visto.
Eu senti o cheiro da poesia. Não era de perfume, nem fedia. Era um cheiro de livros velhos e mofados, como os que no Recife eu lia.
Eu comi a poesia. E ela não me enchia as vísceras, ela não me enchia nada. Minha fartava pela ausência, me cansava pela inércia, me sobrava onde era pouca e onde era muita me faltava.
Eu descobri o nome da poesia. Não revelo, não declaro. Mas a quem interessar possa, é um nome sem palavras nem fonemas. Como eu sei que é um nome então? Porque chamei sem a voz, vi ao fechar os olhos e senti que o que era real era esse nome não decodificado. O real pareceu menor e falso (como os diamantes verdadeiros) e o que eu descobri o nome maior e exato, como os abraços de amigos, como os afetos sem sexo, como os gostares de fato.