quinta-feira, 30 de julho de 2015

PARA CLEIDE FREITAS




Os cachorros sem dono à quem são fieis?
O que pedem os que tem aos que nada tem?
De onde Deus manda medo aos que são ateus?
De onde vem essa matança em nome de Deus?
Como pode a arrogância ser tão tola e se gabar?
Como pode a insegurança ser tão óbvia que me passo a disfarçar?
Se o que quero é evoluir porque tenho de me emporcalhar?
Se o que se sabe esta ai, o que depois se descobrirá?
Depois da verdade vindoura será mentira a que hoje há?

Deus está morto?
Deus onde está?
Deus não morre! 
Sei onde ele está. 
Quem me disse foi Talhita Prates.
Ela viu Deus onde ele estava para ela.
Eu vejo Deus na poesia, não nos poetas; nos gestos puros, não nos que os fingidos afetam; Na humildade do grande, na soberba do pequeno, na virtude dos pecados arrependidos, na música de meu baiano, em Carpina, na chuva e no sol pernambucanos.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

CAETANO NÃO!




Não se busca paz indo ao inferno. Queres me esquecer ouvindo Caetano? Não é maneira de me esquecer. Como não é lembrar de tigres e mestres (Bakugans ou Blishees), como não me esquecer é difícil. Calma lá, é difícil, não impossível, e tendo minha ajuda será mais fácil. Lembre de minhas mesquinharias e despropósitos, bem o sabes não serem poucos, bem o sabes não seres amáveis. Penses no que me deu e no que recebeu, subtraia um do outro e o resto ao resto.  Pense em coisas assustadoramente ruins que tenho e não transija. Nunca! senão... Se perdes, senão te afundas. 
Não pense em mim, essa é a\ única maneira de me esquecer. Nem pense em pensar em mim, evitando um erro que parirá outros. 
Mesmo em meus defeitos evite pensar, posto que sendo defeitos, defeitos não te parecerá, e mesmo que inconteste defeitos, te parecerão uma graça de ser e um jeito de estar, um porta que cai, uma voz inaudível, um cama audível, uma estátua adorada.
Pense no meu egoísmo, no meu destempero, na minha sordidez. Tenho muitos defeitos, muitos mesmo, sou um  cãozinho.
Caetano Veloso não!
É como um bêbado tentando se curar com conhaque  de alcatrão; como um gay que ser hetero e procura o serviço militar; como um  glutão que querendo emagrecer vai à praça de alimentação.
Não tente o outro caminho: procurar o que detesto. Seria inútil. Escutando Fabio Jr você não me teria ele como amigo pra me esquecer, seria o contrário, seria me amar pelo avesso.
Não procure na poesia, música ou qualquer coisa assim, motivos para me esquecer, procure no dia-a-dia, nas coisas prosaicas e com mas quais não sei lidar. Evite a poesia, evite o meu lugar, evite as pontes e rios (e olhe, você foi a única que viu o capibaribe comigo, que dormiu em uma pensão no centro de Recife (falei pensão) que viu a fúria-doce com que olho o rio e o amor que devoto ao poeta. Sim, você  viu meu reencontro com meu pai, viu a cara dele, viu a minha... Portanto, se é pra me esquecer não lembre de Caetano, lembre de você. o que te fiz de  mal, o que te fiz chorar. Não escute Caetano, nunca!



quinta-feira, 16 de julho de 2015

GENI OLHA PARA JESUS II




Jesus olha para Geni e se emociona. Porque não é os poetas e príncipes, cardeais e ascetas, corajosos nem sábios, poderosos ou os que fazem a vida fluir que tocam o coração sagrado. É a dor humana, é o ferimento no corpo não a trajetória a flecha.
Geni olha jesus de soslaio, tímida, sem jeito. Ela sabe de sua imundície, ela sabe do nazareno. Jesus olha Geni de cima para baixo não por outra razão que não seja prática. Geni se curva e o filho do homem se curva sobre ela e beija-lhe a mão. Geni não chora, tenta sorrir. Jesus a olha e ela sente o que quer dela. Não quer veneração e toda a pompa como que vem ela travestida. Quer um mundo de genis, um monto que cheio de pecados reconhece todos e abaixa o olhar para ele. Não quer Jesus que baixemos o olhar para ele, nem que gritemos seu nome aos berros. Quer, e isso sei que quer, que sejamos Geni. Cada vez que lembro da figura de Geni na música do Chico, mas de perto vejo que Jesus está para nós como nada pode estar.  
Não sou um religioso e sou de pequena fé, mas guardo  um nome e ele arde, Jesus de Nazaré.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Jesus e Geni I

"Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir", isso me comove desde os 10 anos, me comoverá sempre. Todo mundo achava  graça nessa música, eu não. Achava e acho lindíssima, lírica, pungente. Em um tempo em que Chico Buarque é malhado (com toda razão) por suas esdrúxulas posições políticas e a música perdeu a importância e criou abominações como as que só fazem melodias simplórias, letras idem, acrescidas de uma melosidade ou obviedade de rimas e frases feitas que tanto mais são absurdamente repetidas quanto mais sucesso fazem, eu me refugio na "Geni", do Chico, que revela (em apenas uma canção popular) o quanto pode a hipocrisia humana. Desde o começo você sente  a Geni ser execrada pela mera razão de ser "boa de cuspir", nenhum motivo fora este. O que a Geni sente? por quê ela é boa de cuspir? qual o prazer em cuspir? Qual o prazer em ferir o outro? Nem me venha\ com isso de "é escória" pois não é. Como Hitler não foi, como Barrabás não foi e Pilatos menos ainda. Exceção foi Jesus (a exceção em excesso portanto crucificado, portanto escarnecido, vilipendiado e quase todos-ou todos- os adjetivos de nossa língua para se diminuir, humilhar uma pessoa). Sim, estou comparando Jesus e Geni. São próximos, são íntimos em sua bondade e agonia. Não se arme  com a espada da falsa veneração e tente me perfurar dizendo que Cristo é incomparável porque é pela comparação que se conhece o  que é grande o que é pequeno.

domingo, 12 de julho de 2015

MENOS DE 1/3





“Há uma especial Providência na queda de um pardal. Se há de ser agora, não será depois; se não for depois, há de ser agora; se não for agora, há de ser, todavia. Estar pronto é tudo. 
Uma vez que ninguém sabe o que virá, que importa que seja logo? Assim seja!”
  
                                                                                                   Shakespeare


Por minha vontade seria um terço,  mas dada minha propensão a pouco exercício físico e muita maionese, já aceito que seja metade de minha vida os meus quarenta aniversários.  O bom do mundo é que ele não se regula por minhas vontades, eu menos ainda pelas dele.  Quarenta anos não se faz todo dia..., diria eu, se minha idiotice chegasse a tanto. Mas juro que não é todo dia que se faz quarenta, como só foi uma vez que fiz um, dois, três e, até aqui, quarenta. Citei um fala de "Hamlet", no começo, por... sei lá por quê...,  mas vais sempre bem uma citação do bardo.

Não me demoro muito comigo e estou melhor e seguindo no meu aprendizado. 
Seja mais (no mínimo) quarenta minha caminhada e de muito me valha o aprendizado.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

A poesia




A poesia e o que que se faz sem rima -ou se faz com rima- nunca pra rimar. 
A poesia tem de ser a ponte, tem de ser estrada, nunca o chegar.

A poesia não fomenta nada, nem  desgraça nada, só quer "ser" sem estar. A poesia não e falar bonito, nem falar preciso, nem seguir modelos, nem olhar para espelhos.

A poesia morre na vida, nasce em ferida, seca no olho, desce em riacho, morde e é flor, e é vida; Vida que mais que vivida ela é jorrada, ela é estupor, carnaval de outro tempo, vento de outro mar, luz do mesmo ponto cego.

A poesia mata por dentro, queima por fora, é de ser cor ou cinema mudo, é de se haver com o aqui e agora e ser de outro tempo, e ser de outra lua, de ser mineral.

A poesia ruge, urge, arde, encanta, precisa reviver. Precisa que se chame o nome: poesia! 
Precisa que se diga o vínculo: amor!
Precisa que se o fale o medo, revelar-se o segredo, instaurar-se a razão. Sim, porque antes da razão deve vir a poesia, antes da poesia mais nada, e antes desse "nada", Deus.