quarta-feira, 15 de julho de 2015

Jesus e Geni I

"Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir", isso me comove desde os 10 anos, me comoverá sempre. Todo mundo achava  graça nessa música, eu não. Achava e acho lindíssima, lírica, pungente. Em um tempo em que Chico Buarque é malhado (com toda razão) por suas esdrúxulas posições políticas e a música perdeu a importância e criou abominações como as que só fazem melodias simplórias, letras idem, acrescidas de uma melosidade ou obviedade de rimas e frases feitas que tanto mais são absurdamente repetidas quanto mais sucesso fazem, eu me refugio na "Geni", do Chico, que revela (em apenas uma canção popular) o quanto pode a hipocrisia humana. Desde o começo você sente  a Geni ser execrada pela mera razão de ser "boa de cuspir", nenhum motivo fora este. O que a Geni sente? por quê ela é boa de cuspir? qual o prazer em cuspir? Qual o prazer em ferir o outro? Nem me venha\ com isso de "é escória" pois não é. Como Hitler não foi, como Barrabás não foi e Pilatos menos ainda. Exceção foi Jesus (a exceção em excesso portanto crucificado, portanto escarnecido, vilipendiado e quase todos-ou todos- os adjetivos de nossa língua para se diminuir, humilhar uma pessoa). Sim, estou comparando Jesus e Geni. São próximos, são íntimos em sua bondade e agonia. Não se arme  com a espada da falsa veneração e tente me perfurar dizendo que Cristo é incomparável porque é pela comparação que se conhece o  que é grande o que é pequeno.

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