segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Roberto e Jô



Venho de ver Jô Soares entrevistando Roberto Carlos. Que dizer? 
Fica um conselho de facebook, portanto idiota, como o são todos os conselhos: Nunca julgue pela aparência. Bom, eu disse que era idiota. A entrevista me pareceu cretina antes de eu vê-la, e mesmo depois me dou conta de que não foi grande coisa, enquanto entrevista. As perguntas e respostas foram amenidades e mais amenidades. O que me emocionou foi as lágrimas dos dois. Ambos são meus ex ídolos. Roberto deixou de ser por eu achar suas canções menos relevantes que a de outros e jô pela adesão descarada e idiota ao pt. Continuo achando o mesmo dos dois. Como artistas já não valem muito em meu reino, cujo critério meu é o único que vale. Sou, como Fernando Pessoa, soberano em meus gostares.  
Se não sou mais admirador desses, sou ainda de admirar o choro de um homem. O choro de um homem me comove. Me comove tanto que provoca o meu. Um homem chorando é lindo. A  mulher não me comove tanto. O choro da mulher é mais objetivo, mais real, concreto e quase óbvio. O choro de um homem (quando sincero) é de arrepiar. O choro do homem, quando é intenso, inevitável, quando vem como sem controle ou como natural, quando não se pode conter e arrebenta. Homem que não chora e disso se gaba é um idiota. Se dizem de alguém: ele não chora! Para mim não dizem nada, ou por outra,  dizem  fraco ao que se pretendia dizer forte. 
A força de um homem vem do seu choro, de sua dor, de seu fado. Nunca de seu Braço. 
A força de um homem nunca vem de sua inteligência, arrogância, dinheiro, cargo. Vem de sua força de chorar ou não chorar, se a dor é tão funda que ele não chora para à dor causar desagravo. 
O sonho de um homem não é menos que sua lágrima. 
Roberto e Jô foram ídolos no passado. Roberto e Jô choraram abraçados. Não importa o motivo, não importa a que idéias ou ideais eles sejam simpatizantes ou partidários. Para além das escolhas ( e antes delas) existe uma pessoa (que é a primeira instância a que se deve respeitar) depois o sexo, depois as atitudes (não o que se fala mas como se é) depois o que as fazem amadas. O chorar de um homem não me faz ser fã ou ver nele mais que o que vejo, ou tanto, como um homem espetacular (sim, tem homens que julgo assim, embora saiba que não existem homens espetaculares) mas me faz chorar com ele. 
Não importa o mundo das opiniões e o critério menor com que julgamos o outro. Importa-me dizer que Jô Soares e Roberto Carlos choraram abraçados. Me lixo para a fama deles. Pouco me importa em quem votam, o que fazem, o que acham. Choraram, Roberto e Jô. Choraram e eu chorei junto.