domingo, 25 de dezembro de 2011

MARCELO NOVAES







O nome deste blog é este de acima por ser uma qualidade minha  (são  essa e umas duas, o resto é defeito) saber admirar. Esse poema me causa admiração. A coisa mais idiota que se pode dizer de uma obra de arte é o tal: "EU GOSTARIA DE TER FEITO". Eu não gostaria de ter escrito este poema, como não gostaria de ser outra pessoa. A admiração é o reconhecimento das qualidades alheias, não o de suas impossibilidades. Sei o limite do que posso, sei o que posso ser com isto, sei onde amar o belo preto sem perder no branco as belezas que tem. Mas nunca procurar no branco a  beleza do preto ou o que possa remeter ao azul. Admirar é um saber que vale muito, mas não é só elogiar. Ao contrário, muito ao contrário. Adimirar é, antes, dizer : odeio! renego! detesto!  se o objeto é contrário ao que sinto pelo que julgo belo. Marcelo Novaes não gosta de comparar, eu só vejo o mundo pela visão de comparação. Ele tem suas verdades, eu as minhas. Seguramente ele não conhece nada de futebol, comparado comigo, claro. Não sei das coisas que ele gosta, nem estou aqui para bajular ninguém. Menos ainda para posar de crítico e imparcial. Não tenho nem leitura nem sou imparcial para ser critico. Sou um cara que não estudou, mas, como Caetano, eu sei o que é bom. Considero Marcelo meu amigo, até hoje não tive motivos para desconsiderar, espero nunca tê-los, mas que tivesse, nada mudaria. Sou um admirador. O que vai abaixo está aqui por eu considerar belo. Sou um admirador. Enquanto houver poetas e poemas para admirar, lá estarei. Admirando como quem segue procissão de Maria. como quem viu Romário jogando ou a cadela grávida na ponte. como vi meu pai embaralhando baralho, meu filho sorrindo, minha amiga-mãe, lu, mme contando sua dor de mãe, o beijo no filme do glauber, o sertão de João (o rosa), e muitas coisas mais, tão ditas e repisadas, sempre as repito. Sou um admirador. Admirador e mais nada.


O FOGO DA SEGUNDA HORA

MARCELO NOVAES


Um recitativo para a Páscoa.








Lá fora faz-se um fogo
novo [o Fogo da Segunda
Hora], que purifica antigas
sínteses, desestabiliza o que
se tornou triste e lava [como
que em água corrente] o coração
que sofre [os desvios os entraves
as serpentes], e deixa ficar o que é
suave.





[A hora de sorrir como filho
da vida e celebrar a Vinda
do Filho].





Aquele [fogo] que mostra [na
foto, dentro da moldura] onde
está tua mão [e a mão de quem
ela segura].





Hora de ensinar a ouvir [a que tem
ouvido] e, a quem tem fome, a pescar
[plantar e amassar o trigo, fazendo o
pão que se come].





Hora de se lembrar de Míram [mãe
de um bebê, e chorar de alegria pelo
nascimento], bendizer a gravidez e o
ritmo [e redescobrir a nona sinfonia
dentro do próprio ouvido].





Considerar que a consideração é fruto
bendito, de saber conjugar o verbo
iridescer [e reconhecer que a alma é
filamento a aquecer salas e aposentos].





Amarrar os cardarços para não cair [nem
tropeçar] nos próprios pés, hora de acender
o candelabro de sete braços, anunciar ventos
e marés [redescobrindo a bússola, o astrolábio,
a direção da Ursa Maior e do que é maior
que a Ursa].





Hora de parar de urrar de dor e ouvir a música
que canta por entre palmas brancas [e nas contas
dos rosários nas mãos das senhoras portuguesas].





Propiciar um intervalo às guerras [que seja um
epílogo ao espetáculo de fabricar inimigo].





Hora de esquecer cor e partido, compartilhar
pão e vinho, perfumes e óleos [e uma vintena
de livros].





Hora de ensinar a quem tem fome a plantar o
trigo [e recolher o trigo] e distribuir o trigo que
ninguém come [hora de acabar com o desperdício].





Hora de aproximar católicos e protestantes de
muçulmanos e budistas, ou daqueles que [mais
do que simplesmente] entenderam o recado de
Sócrates [de viver e morrer dignamente].





Hora de realimentar a lâmpada [com novo
azeite],





levantar a taça e brindar a vida [que graça
de graça sobre as impiedades expostas nas
praças dessas cidades].





Hora de trocar a lâmpada da sala-de-estar
por outra mais forte [de cem watts], de
descobrir a linha perdida da Sagrada
Escritura [aquela que é mal lembrada
e ninguém diz, pois esta é a mais
sagrada].





Olhar o fogo como Espírito Santo, aliado e
parceiro [soldado enfileirado ao lado da
cabeceira do quarto]; hora de ser mais
que hóspede no Templo Sagrado.





Aparar bigodes [afiar as navalhas,
para cortar qualquer pose de Lord
ou Czar], saber que somos todos do
mesmo molde [e pisamos um só lugar:
essa mesma terra de onde brotam as
mesmas fontes, onde não há espaço
para gangues e uniformes que servem
para afastar].





Hora das Vésperas [de recitar salmos e
sutras], de dobrar os joelhos, de santificar
o bem que pode advir de um acidente ou
dos erros, quando reconhecidos.





Hora de pedir um abraço denso ao irmão
[primo forasteiro inimigo], e de recobrir
antigas febres com atos gentis [e
posicionamentos célebres].





Hora de considerar que a fauna e flora
são nossas irmãs, de desimantar os ímãs
que agregaram limalhas [farpas, fiapos de
ferro enegrecido] e a falsa impressão de que
[ainda] somos canalhas.





Hora de esquecer a confusão e fazer calar o
que foi predito pela gralha [hora de reler
Edgar Alan Poe sem sobressalto, medo
ou antecipação].





Hora de realinhar a luz a um novo ângulo
de caminhada [não deixar que o fio de prumo
se incline mais do que quarenta e cinco graus
do que seria o rumo de Nosso Senhor, ou do
que é mais santo e justo].




Hora de aquilatar a fertilidade do húmus
e a beleza de seguir em paz pro túmulo,
sem fazer alarde.





Hora de reconhecer a prosa na poesia [e a poesia
na prosa], de acarinhar o ritmo das palavras em
direção ao que seja mais verdadeiro e íntimo,
de ver o que só viu o solitário [de garimpar o
diamante no meio do cascalho], de consultar o
dicionário [e acrescentar uma palavra sua, que
seja só uma ou uma só].






Hora de salvar a matéria prima do confisco
da mercadoria [de distinguir o falso do
legítimo], de fazer por merecer o bálsamo
[e validar o bom sacrifício de sacralizar
cada ofício], de anunciar aos amigos que
podem se ver livres dos vícios.





Hora de escolher um esmalte mais claro
[de discernir o som do estampido do
champagne do disparo do rifle], de
passar tratores sobre os fuzis,
desarmar mãos jovens em
gangues [e alimentar seus
pais que são pobres].





Hora de desocupar imóveis que jazem
sós, de remover a pedra sobre a lápide
[e anunciar que o jazigo está vazio e que
Ele já vive em nós], hora de deixar de ser
adepto [para ser santo], de se despedir do
filho com um beijo depois do almoço [de
vestir o capuz dos capuchinhos, as sandálias
de São Francisco, de esperar pássaros pousarem
nos ninhos e oferecer abrigo aos que vagam no
exílio].





Hora de discernir o cerne do brilho de superfície
[o foco do fogo fátuo, a unha do esmalte, a polidez
do verdadeiro brio], hora da seiva manter aceso o
verde no topo dos galhos [e nos altos ramos dos
ciprestes].





Hora de visitar quem ora no ermo [que é bom lugar
pra se orar], de desvendar o mistério que se aloja no
centro [no fulcro] da célula [sabendo que será só um
pedaço o que saberemos], hora de mapear os genes
do DNA, de proclamar a chegada de Isabelas felizes
[em tardes tão cálidas, nas primaveras e nas entradas
das portas], sorrindo nos peitoris das janelas [hora de
esperar a larva florescer e criar asas dentro das
crisálidas].




[Isabela Nardoni]






Hora de encontrar a cura para o Mal de Parkinson, de
distinguir o que é insólito [mas bom, inaugural e não-vulgar]
do que está na norma [mas não precisava estar], hora de
deixar de acrescentar adjetivos tentando salvar velhas
sintaxes [alquebradas, com prazos vencidos, que não
mais dizem nada e nada dizem mais].





Hora de enxugar o suor de todas as horas [e saber
esperar os netos que irão chegar, se Deus quiser],
de separar joio do trigo [memória do mito, o dito
do ignorado, a voz do padre do clamor do Infinito],
hora de adorar a Deus sem intermediários [nem
ídolos].





É hora de ler bons livros [sem ninguém mandar,
descobrir se é importante - e porque -, conhecer
a biblioteca de Borges], hora de lembrar da
mirrada [e desmedida] figura de dom Hélder,
de valorizarmos pontes [de entendermos os que
sabem transitar no diálogo entre crenças sem se
perder, pois se desvencilharam das más matrizes].





É hora de conceber os votos feitos por homens de
visão, e de valorizar os grandes mestres de cada
nação, hora de se lembrar de Kabir [ao mesmo
tempo muçulmano e hindu, santo e mendigo],
é hora de conceber os estigmas de Theresa
Neumann e de São Francisco [em seus
contextos].





É hora de saber que a febre é um estágio
preliminar do convalescer, algumas vezes,
[de aplacar a IRA dos irlandeses], de considerar
a possibilidade de Ed Motta cantar canções
[folclóricas] em frente a um pomar.





Lá fora faz-se um fogo novo [o Fogo da Segunda
Hora]. Mais do que a recitação de um credo: o
despertar de um fogo novo [e de um
ânimo apto para afugentar o
medo].

SÓ ENCHO O SACO DE PAI JOAQUIM DESSA VEZ - OU JOGUEI NA MEGA SENA E NÃO SOU RETARDADO- OU A IMPOSSIBILIDADE POSSÍVEL









Bom, joguei na megasena. Sim, joguei, e daí?  Sempre achei o jogador da megasena, um idiota. Mas eu não sou. Digo a razão: O cara que sai do trabalho e vai pra fila de uma lotérica perder tempo com uma impossibilidade, não pode ser menos que um idiota. Meu pai joga na megasena, eu joguei, mas não somos idiotas. Não?! Não!
Meu pai joga porque sempre vai a lotéricas, então aproveita e joga. Eu joguei por razão ainda mais justa,  claro, toda idiotice feito por nós tem um motivo justíssimo. Mas o fato é que eu sequer joguei na megasena,  ela jogou em mim. Antes de dizer que cheguei em um ponto em que o maluco inspira cuidados, explicarei. Eu estava na oficina próximo de casa quando passou um cambista de jogo do bicho, não joguei no bicho, por um certo tédio de não ganhar, ou certo desejo de não perder, como queiram, mas comprei três raspadinhas, ele então ofereceu ao galego da oficina, uma megasena da virada, a mim não ofereceu, mas falou do valor, e aquilo foi como um chamado, senti que era a hora. Joguei. Um bilhete, que minha idiotice encontra limites de bom senso e pecuniários. Ele vende a três reais, compra por dois, ganha um. O que me fez comprar um impossilidade?
Vou explicar porque é impossível se ganhar em um jogo assim. Lá vai:
Escolho dezenas de 00 à 99, cem, portanto. Você tenta acertar, e...  , acerta!!  Fantástico! Grande sorte! Divino!
Mas...,  o sujeito tentar acertar mais cinco vezes é no mínimo uma coisa de retardado. Faça essa brincadeira em um bar ou qualquer lugar e as pessoas te acharão um pateta de grife.  Rirão de um idiota que se pretende mágico. O sujeito acertar 6 vezes um aposta em que a razão seja de um para um, já é um milagre (tente fazer, mande alguém escolher em pensamento dois números, 1 e 2, por exemplo, e tente acertar qual o número pensado, dificilmente você acertará as seis vezes) já é difícil, mas acertar quando à razão é de 1 para 100, decrescendo até 1 para 94 na última tentativa, é somente impossível!

O argumento de meu sobrinho para jogar é o mesmo de meu pai: alguém ganha, não pode ser eu?


DA IMPOSSIBILIDADE POSSÍVEL

Existem coisas impossíveis, mas não são muitas. As leis físicas, naturais, essas precisam de um Jesus para deixarem de existir. Se você soltar um maça em qualquer parte da terra, ela vai cair. É impossível ela não cair. Tendo gravidade, sem nada que a impeça de ir ao solo ela vai cair. É impossível ela não cair, não improvável, impossível. Uma coisa impossível nunca pode acontecer. Ponto. Se aconteceu, pode ser improvável, mas não é impossível.
O oximoro acima (vilge! Para os menos vocabularizados, google neles!) explica-se assim: existem coisas que podem acontecer, mas são tão raras e tão improváveis que são ditas impossíveis.  Lula agindo com decência; um grupo de pagode cantando algo que preste; Ana Paula Arósio (até o nome da peste é lindo) se apaixonar por mim, são coisas improváveis, mas que podem acontecer por razão não impossíveis. Mas razões não impossíveis não quer dizer que sejam possíveis. O sol se resfriará em 5 bilhões de anos, e isso nunca aconteceu. Não é impossível, mas será o fim de tudo. Das possibilidades e impossibilidades. então o resfriamento do sol será o possível que nunca se verificou, que quando se tornou possível, nos impossibilitou (puta que o pariu! Haja colhão para escrever tanta merda!)

Então porque tantos apostadores em um resfriamento do sol, ou de um súbito amor entre eu e Aninha? O prêmio!

R$ 170.000.000,00, vai passar de 200.000.000,00.
Isso faz a lógica virar pó. Foi por coisas assim que surgiram os macumbeiros, para te fazer achar que matemática não tem lógica, que o que conta não é  a razão ou esforço pessoal ou ter ética. Não, o que conta é ter proteção do caboclo Joaquim, da pomba-gira, ou colocar galinha na encruzilhada.

Joguei e sou um ser racional. Por isso peço a pai Joaquim, saravá, meu pai, que abra meus caminhos. Aliás, abra só essa vez. Com 200.000.000,00 na conta, eu arrombo os outros.

sábado, 24 de dezembro de 2011

JESUS E O LAGARTO BONITO








Como se houvera sempre existido e fosse a força desde o princípio, para mim ele brilha, para mim ele é luz, para mim ele é tudo. Ele é meu filho. Minha visão de Jesus Cristo. Do Cristo longe da cruz, perto de nós. Toda noite Jesus vem a meu quarto, nos olha, sorri e se vai. Quando eu sou eu, e aborreço à Ele, escuto sua repreensão a minhas imperfeições. Cristo diz com dureza, com uma voz severa e ríspida que a única verdade foi ensinada há 2011 anos, e que é mal apreendida, e mal aprendida, e que lhe cansa ter de vir me lembrar a toda hora que o caminho é o do bem, e que o amor ao próximo não é uma frase escrita em livro e feita para isto: ser frase escrita em livro. Cristo sempre vem a nosso quarto, ver a mim e a pitocudo, ver um momento de paz no mundo. Há os que entendem mal o que foi dito. A esses explico: quando Jesus fala que amar a quem nos é próximo não nos faz ser verdadeiramente cristão, pois os muito ruins também o fazem; ele não quer dizer que o amor que temos por nossos parentes próximos seja tolice ou coisa assim, não. Ele parte do princípio de que deve-se estender esse amor aos outros. Então eu devo olhar cada criança como um potencial filho meu; cada idoso como meu pai; não ter amor a todo ser, mas ter amor a meu filho, meu pai, minha irmã, para refletir nas outras pessoas este amor.




Jesus deve ser questionado sim, mas como isso é vantajoso para ele.



Aos meus amigos e parentes devo dizer: sou um porre, as vezes mau, as vezes péssimo, as vezes monstro; mas amo-os todos.



Hoje é natal, não irei a lugar nenhum e nem meu branco está aqui, mas Jesus virá. Sei que virá hoje. Entrará na minha casa e dirá: hoje estás sem teu branco, bom isso, podemos conversar á sério. Sempre que venho aqui você está com seu branco, então eu rio e vou. Mas hoje te deixei só.



Mas lembrarei de todos e falaremos de crianças. falaremos de Pedro, que move sua língua rapidamente, como um lagarto bonito. Talvez Jesus ria e diga: -

não existem lagartos bonitos, meu pai não deu esse dote a este grupo de seres.

Aproveitarei a deixa e direi: mas Pedro é lindo e parece um lagarto.

Homem louco, doidivanas, o lagarto não é uma língua e um lagarto.

Não discutirei, embora veja razão no que digo.... em todo caso...

Seguirei falando sobre crianças e olharei o rosto de Jesus , e ficarei com os olhos marejados, e direi: Bitóia Totóia é ruim e falsa!

ele gargalhará quando ouvir isso, lembrará que eu a chamava bitóia totóia piliguete.

Quando eu falar de gabi ele dirá: você não a perturba, não colocou apelidos nela. Eu direi: tenho medo dela quebrar, é frágil demais. Ele dira : você sabe que não, que desses seres e neles está o poder, o poder que dou. Ai eu talvez chore. Falaremos de muitas crianças, e ele dirá: não falará de teu pitocudo?

Ai me empolgarei, farei pose e tentarei buscar na palavra algo que descreva o meu amor por meu filho. Nessa hora Jesus franze o senho e diz: louco! vais dizer a mim, com sua pobre palavrinha o que eu conheço em essência?

se esqueceu que eu te dou o dia, a vida, tudo o que tens e só para não te ver sofrer, só para te dar força, te dei teu filho?

Sabe o que queria dizer à você ? que teu tempo tá passando, que o amor pela minha palavra seja exercido. Não vim dar lições de nada. Vim dizer que sou a última instância sendo a primeira. Que não perco nada se você se perder, mas você não vai se perder, porque eu não perco nada nunca. EU SOU JESUS CRISTO, ENCERRO A VERDADE EM MIM.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL



















Isso já vem de antes, de mim, de você, e desde o tempo do nada: essas guerras, essas dores, essas mortes , e o  mesquinho das comezinhas coisas, dos recalques, do que chamamos mal, do que dizemos ruim.
Vem perto o natal e nada é  tão igual, nada me parece tão pouco auspicioso como esse dia. Não era para ser assim, por ser  lembrança do nascimento de Jesus, mas é. Embora saiba que não vou mudar o mundo e que eu faço parte dos que o fazem feio e mau, peço por mim e por você que é meu igual.
Peço que saibamos que diferença faz a palavra dita por jesus, das ditas hoje pelos que dizem o seguir. Peço paz, mas tem de começar por mim. Peço mais amor entre nós, mas tem de começar por mim, pela compreensão de que tenho de melhorar muito para reclamar dos outros, e se melhorar muito, serei mais compreensivo com meu vizinho e mais critico de mim. Não posso pedir pelo mundo, peço por mim. Se eu melhorar o meu olhar sobre os diferentes, se me for dada a graça da humildade, o mundo melhora, pois eu sou o mundo.
Um homem não é nada. Um ser sem graça e mal. Mas se pode tornar importante se souber de sua pequenez.


Que 2012 seja bom pra todos.

Para mim: cirurgia.

Para meu pai: tempo.

Para minha irmã mais velha: dinheiro.

Para as mais novas: civilização.

Para lu: mais filho.

Pra Joelma: paixão.

Para a morte: depois.

Para o burro: Jesus.

Para o bom: melhorar.

Para o melhor: perfeição.

Para a poesia: luas.

Para o dia: sóis.

Para a noite: também.

Para o amor: singeleza.

Para  o pecado: arrependimento.

Para arrependimento: perdão.

Para o que for: sentimento.

Para não ir: ficar.

Para o meiguice: gabi.

Para o rio: mar

domingo, 11 de dezembro de 2011

SOBRE AS COISAS QUE SÃO E NÃO SÃO RIO


http://bloguedospoetas.blogspot.com/2011/01/o-cao-sem-plumas-joao-cabral-de-melo.html

gostei dessa imagem de João, embora estivesse em um blog de esquerdistas, cujo link vai acima.









Não precisava estátua dele na margem do rio. É redundante a figura física de João Cabral na rua da aurora. Aurora é uma palavra que João nunca usou em sua arte. Vinícius De Moraes chamou-o diamante. João preferiu o cacto.
João é o Brasil que vislumbro. Um país sofisticado, mas por seus parâmetros de sofisticação. Mas é,  sobretudo, o ideal estético-poético de minha mirada do que seja poesia. E o que é poesia? É o paradoxo do sonho real ou sonho dos racionais. O ideário dessa corrente de gente brega e anacrônica cujo foco é o dinheiro e a macaquice a padrões de estética que não os pertencem, que são legítimos onde criados, mas que não fazem sentido fora do seu ambiente natural se tornando cópias de modo de viver, nunca me pareceu mais que cafonice. João rompe com isso. Lindamente,  a partir de uma poesia que rejeita, não o sentimento, como  os apressadinhos gostam de dizer, mas o uso da emoção para obter resultados. João tinha um jeito de ver o mundo que me  parece ser mais que o olhar de poeta, comum e vulgar. Havia uma verdade em sua poesia, um absurdo real, visto pela alma, sentido pelos olhos. Poeta sem alma?


Seria a água daquele rio
fruta de alguma árvore?
Por que parecia aquela
uma água madura?
Por que sobre ela, sempre,
como que iam pousar moscas?
Aquele rio
saltou alegre em alguma parte?
Foi canção ou fonte
em alguma parte?
Por que então seus olhos
vinham pintados de azul
nos mapas?
(O cão sem plumas, 1949-1950)


JOÃO CABRAL DE  MELO NETO

Isso é coisa escrita por quem não tem alma?

De todas as idiotices ditas para diferenciar a poesia cabralina e as outras, essa se mostra a mais tola.

Quem era Cabral?

Um poeta pernambucano. Ponto. Se tivesse nascido na Bahia não seria baiano? No japão, japonês? Na India, indiano? O que muda o nascimento de uma pessoa em relação ao seu talento criador? Os poetas grandes nasceram todos em Pernambuco?
É incrível como o argumento do idiota encontra variantes que o fazem supor que sua idiotice é pura sensatez. Nascesse na Sibéria, ou mesmo em outra galáxia, seria poeta, seria grande. Mas nunca teria escrito o que escreveu. Ele viu o rio Capibaribe, andou nas pontes de Recife. E quem faz isso, meu camarada, peço que não o faça, para que não se torne um tolo, nem veja a alma em um rio, mas se o fizer, se tocar as alma do poeta sem alma, você é batizado e estará morto para as coisas que não são rio.


Deste tudo que me lembro,
lembro-me bem de que baixava
entre terras de sêde
que das margens me vigiavam.
Rio menino, eu temia
aquela grande sêde de palha,
grande sêde sem fundo
que águas meninas cobiçava.
Por isso é que ao descer
caminho de pedras eu buscava,
que não leito de areia
com suas bôcas multiplicadas.
Leito de pedra abaixo
rio menino eu saltava.
Saltei até encontrar
as terras fêmeas da Mata
JOÃO CABRAL DE MELO NETO

E as coisas que não são rio lhe parecerão menores, prosaicas, ínfimas, mesquinhas. Não, meu amor, não ande no rio depois de conhecer o poeta, nem olhes para mim se eu estiver perto. Minha cara se transfigura quando estou naquela ponte. Uma face que não posso descrever; mas sente a passagem do tempo e das eras; Das  dores da alma  e dos partos; das alegrias bestiais e que só os filhos podem dar; de ter uma super alma dentro de um corpo pequeno, um limitador do infinito.

As coisas que não são rio se tornaram chatas, então faço-as atravessar à margem, e tornarem-se rio, reafirmarem-se, serem rio. Minha cirurgia, as derrotas do vasco , o constatar de minha morte, da morte dos que amo, do inexorável do tempo, sua homicida ampulheta, o amor que não vem, o que se foi, transformo em rio.

Pois que reinaugurando essa criança
pensam os homens
reinaugurar a sua vida
e começar novo caderno,
fresco como o pão do dia;
pois que nestes dias a aventura
parece em ponto de vôo, e parece
que vão enfim poder
explodir suas sementes:
que desta vez não perca esse caderno
sua atração núbil para o dente;
que o entusiasmo conserve vivas
suas molas,
e possa enfim o ferro
comer a ferrugem
o sim comer o não.

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

Transformo as coisas em rio para isso: o sim comer o não.

sábado, 10 de dezembro de 2011

CAETANO E GABI










Outro dia, vendo meu filho jogando residente evil, perguntei-lhe por que ele matava um personagem com a faca e não com o revólver. Perguntei por curiosidade boba, não por censura, só achava um tanto quanto suja aquele tipo de morte. A resposta dele para o ato de matar a faca foi incrível; ele disse que matava de faca para economizar balas, pois teria um desafio pela frente. Desafio no vídeo game é um obstáculo que se impõe ao jogador para mudar de fase. Bom, tenho minhas convicções pessoais e dentre elas estão a certeza de que criança não é desprovida de raciocínio, e que discerne entre o bem e o mal. Meu filho é pacífico, não fala palavrão, tira boas notas, ele é o cara.
“O mais ardiloso e dissimulado homem não engana uma criança” a frase é de Tolstoy, não é assim, mas é nesse sentido.
Porra! Ia falar de crianças, de crianças que amo, gabi, com sua boquinha, carinhosa como só ela; bitóia totóia, falsa, ruim, mas amada;  laís, vitória, minha irmã; Pedro; mas Caetano me acabou, me implodiu. Vendo a entrevista dele em Jô Soares, ao escutar a música que ele fez para Gal Costa, tive a convicção reiterada, confirmada por anos de amor e devoção, e porque não? Idolatria e adoração por Caetano Veloso, pensei comigo e tentei dizer a alguém que o som do canto triste de Caetano, me põe de pé. Eu choro ao ver o baiano me mostrar o rumo. Caetano tem de Gabi a doçura explícita, expansiva, natural. Um homem de 70 anos com a doçura de uma criança.
Sempre se fala de Caetano como um ser pervertido, sei lá o quê. Quem diz isso é um idiota. Não merece nota. Mas digo: que seja Gabi sempre  como é. É difícil, é muito difícil. Ser doce em um mundo desses. Um mundo nojento, inviável. Onde todos tem de ser fortes. Eu não sou forte, sou fraco e amo Caetano. Que gabi cresça como é, embora todos irão tentar impedir que ela seja doce sempre. Mas sobretudo a vida. Essa bate tanto na gente, que chego a desconfiar que não perder essa doçura é a única coisa que salva. Ver passar o tempo e ser doce, ser gabi.
Outro dia fui canalha, estúpido, roubei senhas de um cara digno, gente fina. Agi como canalha e não há outro nome. Quando cometemos uma canalhice dá-se o nome que tem o ato de roubar senhas: canalhice. Essa semana gabi ligou, quis falar comigo, eu não estava.  Três dias atrás me viu e mandou um beijo, disse que me amava. Isso é um orgulho que não diminui as minhas canalhices, pois se ela me tem tanto carinho, se  me ama, há algo de bom em mim que não deve mudar.
Caetano cantou a música que  me dilacerou. Salve Caetano, salve  a doçura de gabi, que ela chegue aos 70 anos como Caetano. É o meu ideal e o que desejo aos que amo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O RIO NUNCA SECA








O vasco não foi campeão. Estava com meu filho ao meu lado, meu sobrinho, duas tvs na sala e muita torcida. Mas o vasco não foi campeão. O jogo acabou, saí da sala, pitocudo ficou vendo o que queria, mas não houve o grito de campeão. Meu pai ligou,  disse que torceu mas infelizmente não deu.
Não fomos campeões, isso sei, mas somos vascaínos, ainda  e sempre, vascaínos.

Millôr Fernandes tem uma frase genial sobre isso. Ei-la:  “vitória é aquela vez em que não perdemos”. Vamos perder sempre mais do que ganhar durante toda vida. Amores, saúde, tudo. Mas há um jeito de nunca perder, ou por outra, sempre ganhar; e te ensino, e te mostro, sou bonzinho. Lá vai:

Quando teu “vasco” perder, ou você descobrir que existem milhões de seres mais capazes que você, ou mais bonitos, ou mais o que seja, olhe pra dentro e procure algo bom. Não por vaidade ou soberba, mas pelo mero prazer de saber que tem limites e que é sabedor deles e que pode tentar superá-los. Há uma virtude na luta que é estar lutando, estar nela, dentro dela, de todo corpo, de toda alma.
O vasco perdeu, é certo. Eu torci muito pelo contrário, mas não deu. Saí da sala triste, meu filho notou. Não chorei, mas não tinha motivos para rir. Ninguém se alegra na derrota, mas há os que não sabem perder.
Eu disse a pitocudo, não com palavras, com gestos, disse-o: 

A PAIXÃO ACABOU?

NÃO!

SOMOS VASCAÍNOS.

A RIO NUNCA SECA.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

EU SOU A ALEGRIA, SEMPRE.









Eu sou a alegria, só sei estar assim, só sei de mim sorrindo, só sei sofrer assim.


Não há paradoxo em sofrer sorrindo, é mais de ser em mim (o riso) oxímoro do oxímoro.

Não rio da derrota, nem rio da desgraça, mas folgo de saber que dores vem e passam.

Só o que fica em mim é isso, essa alegria perene. Uma alegria de amor pelo sorriso de irene.

O sorriso de Irene que despertou no meio da dor um refúgio, um consôlo, um pausa.

Eu sou a alegria e sou mais pela manhã. Por renovada, por matutina, por ter mais brilho, auspiciosa, límpida, perfeita. Ao invés de me excluir porque não volta, me aceita.



Se o Vasco perder domingo, se eu não ficar rico, se tudo embaçar, entorpecer, se turvar. Se o que eu temia acontecer, se o que eu sonhava malograr, se eu me ver sem você, se o crepúsculo dobrar, se o que houver for negrume onde clarinho eu queria, se esquecer de ser alegre e entristecer um dia, sabendo-me triste, sabendo-me só, meu amor, me ligue, liga, amor pra mim, e diz: você é alegria porque está assim?

Talvez argumente que a dor me alcançou, que o peso do tempo, do parkinson, da luas e das pontes pesaram sobre mim. então me lembre o que me fazia chorar e sempre fará. Então, lembrando das pontes, das luas, do Vasco, dos gatos, de sua prece para Maria, dos retirantes de João Cabral, e para o meu filho, para o céu; e lembrando tanta coisa que me fez chorar, eu volte ao que sou.

Porque sou a alegria, não posso te faltar. No teu dia-a-dia, na luz do teu olhar.