sábado, 10 de dezembro de 2011

CAETANO E GABI










Outro dia, vendo meu filho jogando residente evil, perguntei-lhe por que ele matava um personagem com a faca e não com o revólver. Perguntei por curiosidade boba, não por censura, só achava um tanto quanto suja aquele tipo de morte. A resposta dele para o ato de matar a faca foi incrível; ele disse que matava de faca para economizar balas, pois teria um desafio pela frente. Desafio no vídeo game é um obstáculo que se impõe ao jogador para mudar de fase. Bom, tenho minhas convicções pessoais e dentre elas estão a certeza de que criança não é desprovida de raciocínio, e que discerne entre o bem e o mal. Meu filho é pacífico, não fala palavrão, tira boas notas, ele é o cara.
“O mais ardiloso e dissimulado homem não engana uma criança” a frase é de Tolstoy, não é assim, mas é nesse sentido.
Porra! Ia falar de crianças, de crianças que amo, gabi, com sua boquinha, carinhosa como só ela; bitóia totóia, falsa, ruim, mas amada;  laís, vitória, minha irmã; Pedro; mas Caetano me acabou, me implodiu. Vendo a entrevista dele em Jô Soares, ao escutar a música que ele fez para Gal Costa, tive a convicção reiterada, confirmada por anos de amor e devoção, e porque não? Idolatria e adoração por Caetano Veloso, pensei comigo e tentei dizer a alguém que o som do canto triste de Caetano, me põe de pé. Eu choro ao ver o baiano me mostrar o rumo. Caetano tem de Gabi a doçura explícita, expansiva, natural. Um homem de 70 anos com a doçura de uma criança.
Sempre se fala de Caetano como um ser pervertido, sei lá o quê. Quem diz isso é um idiota. Não merece nota. Mas digo: que seja Gabi sempre  como é. É difícil, é muito difícil. Ser doce em um mundo desses. Um mundo nojento, inviável. Onde todos tem de ser fortes. Eu não sou forte, sou fraco e amo Caetano. Que gabi cresça como é, embora todos irão tentar impedir que ela seja doce sempre. Mas sobretudo a vida. Essa bate tanto na gente, que chego a desconfiar que não perder essa doçura é a única coisa que salva. Ver passar o tempo e ser doce, ser gabi.
Outro dia fui canalha, estúpido, roubei senhas de um cara digno, gente fina. Agi como canalha e não há outro nome. Quando cometemos uma canalhice dá-se o nome que tem o ato de roubar senhas: canalhice. Essa semana gabi ligou, quis falar comigo, eu não estava.  Três dias atrás me viu e mandou um beijo, disse que me amava. Isso é um orgulho que não diminui as minhas canalhices, pois se ela me tem tanto carinho, se  me ama, há algo de bom em mim que não deve mudar.
Caetano cantou a música que  me dilacerou. Salve Caetano, salve  a doçura de gabi, que ela chegue aos 70 anos como Caetano. É o meu ideal e o que desejo aos que amo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário