segunda-feira, 1 de setembro de 2014

MEUS FANTASMAS



Quem me leva os meus fantasmas?  
Quem estanca essa sangria?
Quem pode o abraço de meu pai?
Quanto dura isso?
Alguém pediu tamanha dor ao  pior inimigo?
Tem noite quem não sangre?
Eu quero uma pausa, um calma, uma causa.
Que me acarinhem, não aguento mais chicotada!
preciso do riso de volta, de estrangular essa dor, ou esgaçar até faltar ar.
Quem me pode acusar? 
Com que razão o fazem?
Eu posso viver o oco e o mundo não me interessa, mas o abraço de meu pai...
É como se morrer toda hora, se descobrir a cada dia uma agonia. 
Viver sem os gritos dele é não viver como pessoa. É viver como bicho, por instinto, por estado.
Eu canto  o canto torpe e desesperado, dos que sentem a dor latente e doida, de quem vê o dia sem graça, que dormindo descansa.
E isso não tem tempo que resolva. Essa coisa comendo por dentro. O câncer da alma. O câncer do câncer. 
Um doer de muitos séculos dentro de uns poucos meses.
O medo de não poder discutir com ele, de nunca mais sermos pai e filho. Isso era tão natural, tão de graça...
Hoje custa, caro perdi por minha causa, por minha culpa.
E agora resta o chorar quase que sempre que houver algo que lembre um pai.

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