quinta-feira, 14 de setembro de 2017

DE NOVO O BOLO DO VASCO





Se tudo termina (e tal  como está, haverá fim) penso que o que me dá rejúbilo agora, me dará no meu fim.
Não penso em mudar o mundo, mudando meu caráter já deu a conta, exercendo minha função de se gastar com o tempo mas sabendo que o que puder viver, viver ao máximo, não falo de anfetaminas (isso é viver o mínimo) , não falo das grandes mansões nem grandes carros (os quereria se pudesse, os admiro por não poder) Essa é a questão primeira das primeiras questões: O que não posso, admiro. O que posso, faço.
Os iconoclastas de Stalin tem meu amor, apoio, desvelo. Os iconoclastas em geral, que a tudo vejam com inveja e agem  assim  por não saberem erguer estátuas, me dão asco..
Viver admirar. Ponto! admirar o rosto lindo do sobrinho de Elaine e sua arrogância, sua espantosa comoção diária de sua beleza. Admirar o pitão gagão e sua tez , e sua voz, e sua irritação, e seu dormir, e os dedos do pé que quase perde, a alegria de uma nova vida, refletida no filho de meu amigo-irmão, André carvalho. O baralho traçado por meu pai (cuja beleza não está no gesto, está em toda uma vida de amor aos filhos. Quando eu era pequeno (e isso não conto sem chorar) meu pai passava um aperto de jó. Era aniversário meu e eu nem sonhava que teria bolo (inferia, pelas conversar dentro de casa que a coisa não tava boa) pois bem, teve bolo. |O| bolo era com um desenho do vasco. Comi  o bolo com as a garganta seca e sem mesmo vontade de comer. O bolo do vasco não era bolo. Como coisas que só tem nome de coisas mas que no fundo possuem nome falso.  O bolo do vasco foi o amor comido e seu nome não era bolo, era Pai. O bolo do vasco não me lembro  o gosto, o bolo não era nada, estava ali como símbolo, estava ali por estar. 
Não que o bolo fosse ruim, e ainda que fosse ruim, e mais, ainda que fosse de sal com pimenta, isso importaria nada.
O que aprendi com meu velho (falta muito a aprender) é que as coisas tem nome falso. O bolo não era pra se chamar assim. O nome do bolo é ternura, o nome de tudo que resta (e resta muito) não é presente, é união.
Amaria o meu pai sem o bolo,  mas com o bolo amo-o mais. Não pelo gosto do bolo, pelo gosto do amor. Sim, amor tem gosto, cheiro e gesto. Se afetação não é amor, se é amor é tudo.

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