quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Sou





Gosto de falar de mim mas sempre por inteiro. Nunca só o bom, nunca só defeitos. Nunca me exaltando, nunca me rendendo; Nunca com piedade, sempre com condescendência, não a dos descarados, mas as do que sabem que precisam se ajoelhar, baixar a cabeça e só erguer a fronte ante quem a si próprio assoberba, 
Gosto de falar dos outros, mas só dos que amo ou admiro, nunca do vizinho, nunca do menor, nunca do pouco e do pequeno. Sou o que está longe de ser bom e justo. Sou o que troca as coisas, erra, erra de novo e mais uma vez, mas nunca pelo mal em si, pelo mal em mim. 
Sou o que gosta sem medo de doer, sou o que chora mas sabe sofrer. Sou o que não vale nada mas grangeia amizades e carinho.  Sou o que mesmo estando errado desperta carinho ou piedade.
Sou o que trava, o que tem dificuldades, as vezes de andar, as  vezes de descobrir a verdade, as vezes de voltar quando já foi muito ao mar, as vezes de rezar, outras amaldiçoar. Sou igual a todos e ninguém é igual a mim. Sou o mais errado estando certo ao fim. Sou dos defeitos desmesurados e qualidades contadas, o que sabe descer, subir e cair inteiro; O que se levanta rápido, o que tem duas cicatrizes no peito; O que está aqui para sorrir e chorar do mesmo jeito, as vezes pelo mesmo motivo, as vezes sem motivo sem nada, só pra mostrar que estou vivo, só pra viver e mais nada.

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