sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Marcelo Novaes


Onde te olha a nuca




Eu sou a tua companhia secreta,
desde a sombra das idades.

Eu sou o poeta dos poetas.

Sou a resposta à tua invocação
por um pressuposto bom.

Eu sou o pressuposto.

Afasto o que te ameaça
a partir de dentro, desde
que me saibas em teu
íntimo.

É só o que peço: que não restrinjas
o meu espaço e me consintas para
que caiba por entre as frestas do
teu desejo por tantas outras
coisas que não eu mesmo.

Eu sou o bem que, por enquanto,
só se vê de longe, ainda que venha
antes e anteceda toda a tragédia
que te constrange.

Eu sou o que vê por detrás de tua
face congelada, onde te olha a nuca,
quando te viras e não vês nada.

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