terça-feira, 17 de outubro de 2017

PARABÉNS AO POETA DOS POETAS, O QUE SALVOU DEUS E NEM QUIS AGRADECIMENTO; AO QUE ME DEDICOU (COISA QUE NUNCA ESQUECEREI) O SEU "ESCUDO, ELMO E A SOMBRA"; AO QUE ME DEU DE PRESENTE UMA IMAGEM COMO EM BUTOH OU A FRANJA BRANCA DA LUZ. PARABÉNS POETA!

O FOGO DA SEGUNDA HORA

MARCELO NOVAES




Lá fora, faz-se um fogo 
novo [o Fogo da Segunda 
Hora], que purifica antigas 
sínteses, desestabiliza o que 
é triste e lava [como que em água 
corrente] o coração que sofre [os 
desvios os entraves as serpentes]
e deixa ficar o que é suave. 

O Fogo que mostra [na 
foto, dentro da moldura] onde 
está tua mão [e a mão de quem 
ela segura]. 

O Fogo Iridescente que aquece salas 
e aposentos - realimenta a lâmpada com 
novo azeite. E, na Hora das Vésperas, faz 
dobrar os joelhos e santifica o bem que pode 
advir de um erro ou acidente. 

[Se reconhecido o erro como assim sendo]. 

O Fogo que, no brilho noturno, aquilata a 
fertilidade do húmus e a beleza de seguir em 
paz pro túmulo, sem alarde. 

O Fogo que Vê o que só viu o solitário 
[garimpa rubi e diamante do cascalho], 
consulta o dicionário para fazer brilhar, ali, 
palavra que nunca esteve e que surge, agora, 
uma só vez. 

O Fogo que salva a matéria-prima do 
confisco [distingue o falso do legítimo] 
e faz por merecer [por contraste - de 
tanto arder e arder tanto] o bálsamo 
no sacrifício. 

Escolhe o esmalte mais claro, 
[aponta-nos que o som do estampido 
não é o do disparo], ocupa móveis que 
estavam sós, como jazigos. Esfrega a terra
sobre a lápide e diz que o Túmulo está Vazio. 

[Sem precisar erguê-la]. 

Discerne o cerne da superfície 
[o foco do fogo fátuo, a unha do 
esmalte, a polidez do verdadeiro brio]
e faz a seiva manter aceso o verde no 
topo dos galhos. 

O Fogo que encontra a cura para o Mal de 
Parkinson, distingue o que é insólito [mas bom, 
inaugural, invulgar] do que está na norma [mas 
não precisava, nem deveria estar]. 

O Fogo que sabe que a febre é estágio 
preliminar do convalescer, muitas das vezes
[Ele que aplacou a IRA dos irlandeses] e considera 
a possibilidade de Ed Motta cantar canções folclóricas 
em frente ao Éden. 

Lá fora, faz-se um fogo novo: 
o Fogo da Segunda Hora. 

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