domingo, 22 de outubro de 2017

Yin


Marcelo Novaes


Sobre a velha igreja de pedras
gastas, há uma lua enlutada
com três halos e três véus.

Pura melancolia.

E ninguém parece se dar
conta do seu
estado.

Corpo sobrenadante sobrevoante,
empurrando a nau de chuva.
A própria vigília montada
num cavalo de chuva.

Bruma, gaze, baça garça,
rumor transparente e
transalpino.

Esperança e frio
do inverno da
meia-noite.

Ei-la, ali, gelada e
muda, lua cega fria
injusta, açoitada e
incerta, movediça
em suas
fases.

Lua como poema final
feito em maré rasa.

A lua furando o céu,
doendo na noite
opaca.

Zero absoluto,
gôndola minguante
no breu, ainda ali e já tão
ausentada.

Toda medula e mágoas,
lua sereia apascentando
algas,

pérola entre sargaços,
fábula branca, ninfa
por entre véus,

azulada ou lívida,

joia semi-engastada
no pranto,

antepenúltima nave
do perdão.

sábado, 21 de outubro de 2017

Descobertas

Descobri que não era anjo, cedo.
Descobri não ser o diabo, ontem.
Descobri o que não vou contar, antes.
Descobri o amor dia 28/10/2001.
Descobri o que é lutar com o mal.
Descobri o que é menor com Cristo.
Descobri o que é igual com homens.
Descobri as desigualdades nos palanques.
Descobri onde mora o medo e tenho medo de dizer.
Descobri o que era lindo vendo o feio.
Descobri o que era feio vendo os covardes.
Descobri o que era a mulher vendo uma grávida de esperanças de engravidar.
Descobri o que era a noite quando vi as pontes de Recife na madrugada.
Descobri que o nada não existe.
Descobri que tudo também não.
Descobri que morro, mas depois disso não descobri mais .nada

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ancoradouro

 Que coisa! Nada a falar, mas direi algo. O que é a poesia? Nunca se saberá e se o sei não posso revelar. Dou a dica: é isto que vai abaixo. escrito por Marcelo Novaes, admirado por Wellington Guimarães, ainda que o mundo inteiro nos ignore ( e por qual motivo não iria ignorar?) ele é o poeta e eu sei admirar.




Marcelo Novaes


Sua sombra batendo seus passos
e desembarcando, sem propósito,
na praça central do mercado.

E ele que já fora o bardo, o poeta,
o homem nu na planície vermelha,
agora mais da metade veias lombo
punhal metal prateado.

Quase metade olhos de viuvez,
outra maior metade: orfandade.

Bigode grisalho e barba,
cobertor de estopa [que
é também agasalho],

quase metade calor sarjeta
[tanto faz o clima], a maior metade
longe:  contas do rosário.

[Ou túmulo]
 
Velho marinheiro aposentado,
mais da metade inválido – solidão,
súplica de boca fechada,

terra até o calcanhar areia
cheiro de bacalhau, meio casca
grossa, meio lascado pelo sol [e
pelos pesadelos].

Poucas vezes lançando seus
gritos na planície vermelha
[quando só, só quando] , com
o toco de cigarro aceso entre
os dedos.

Velho marinheiro magro
com seu cotovelo ossudo
fumando nos degraus da igreja,
do hospital, nas soleiras das casas,
na penumbra do outono, sem saber o
caminho ao mar de volta [nem como
devolver água à água e sal ao sol],

com dois pés no sonho,
pisando hastes de trigo
seco [ou joio],
 
quer seja ali chão de
pedra ou cimento [de
lã ou linho],

os olhos fixos no
pássaro marinho,

meio mareado meio
flutuando, meio perdido no trajeto
curvo das gaivotas [e das aves todas],

lembrando do velho santo de madeira
do pau oco e do profeta de gesso [ou pedra]
feito pelas mãos do Aleijadinho.

Na própria mão, o saco de estopa, 
na testa as veias em alto relevo,

uns poucos versos na memória
e a ficção que hoje é a voz dela:
a sereia.

Aquele verão não durou,
o tempo foi traiçoeiro [meio
tanto meio tarde meio lento],
avançando na água e enchendo
a canoa d'água [a propósito, pela
metade – não inteira] - de água
verde.

A âncora enferrujando ao
fundo do mar salgado,

os dedos amarelos de ferrugem
e pelo fumo picado, enferrujando,
a proa singrando o mar anacrônico
meio tarde meio cedo meio além
-do-tempo-do-mar-sem-tempo,

a proa do barco singrando a imensidão
da paz ondulante excessiva celeste.

[E o carrilhão de nuvens].

A boca vincada, os olhos
insones remelentos, os versos
imorais pesados [ah, o velho sujo:
Charles Bukowski],

o toco de cigarro na mão, a luz salgada,
o hálito triste e lascado por dentes
colecionando cáries,

a fronte quebrada e alquebrada no frio
dos batentes das portas e esquadrios
das janelas emperradas [que não mais 
abrem],

olhos amarelos
como os do leopardo

[olhos amarelos de icterícia,
de cirrose],

fiapo de voz antes do grito vermelho,
ócio e caminhadas na voz quase apagada
ao entardecer ao enegrecer ao vermelhecer
do tempo,

fiapos de voz na arrebentação vespertina
das velhas ondas e na maresia presa no
olfato e na garganta,

fiapos de voz um só fiapo no tombo e na
queda seca,

fiapos de voz nas costas encurvadas nas
marés baixas no ancoradouro.

Fiapos de voz na onda negra e na planície
vermelha,
versos rezas ao anoitecer ao entardecer e
nas manhãs frias de lamúrias veladas pela
ventania.

Saudade da paz dos grilos sob a trovoada
gigante,

do punho cerrado de Deus contra os homens
[e de seu punho cerrado clamando a Deus na
planície],

agora sem poder acreditar arquejante trêmulo,
cinquenta e poucos anos de versos e genuflexão
de joelhos dobrados e se dissolvendo em ternura
e sal

[aquela ternura borrada de amarelos],

sem poder acreditar no céu rabiscado na chuva
encharcando os ossos, sem poder acreditar na
cortina d’água prateada e na tristeza como
personagem principal.

Cinquenta e poucos anos tão mal gastos e
sem poder acreditar nos ventos mornos
no pólen no caminho de volta pra aldeia,
cinquenta e poucos anos sem poder
acreditar no verbo, mas mesmo assim rezando
recitando e rezando recitando e rezando versos
de marinheiro de louco de ébrio de velho-que
-vale-pouco-porque-quase-morto, na extensão
da interminável planície,
 
sem poder acreditar nas tantas
cicatrizes,

na inocência e na passagem do
tempo,
 
nos fetos e nos rebentos que não
vingaram,

sem poder acreditar no poente,
no sonho abatido a machadadas,

sem poder acreditar nas derrotas
do comissário do almirante, no tempo
que passou sem avisar, nas pedras do tabuleiro,
na  conclusão do jogo, no fim do amor.

Sem poder crer na face coberta de
uivos,

nos musgos do mar e moluscos,
na solidão das algas e corais

[no arfar dos peixes miúdos],

sem poder crer na imperturbabilidade
das pedras e na mudez da música que
se desfez, na fábula que se desfaz,
sulcando as ondas mais ao sul,

com seus cabelos despenteados pelo
vento [Heitor ou Homero]: remo de madeira
cortado ao meio,

garça que se parte em voo
[graça de pintura chinesa],

meio mínimo demais meio aranha sem
três patas, meio espectro meio roxo meio
véu rasgado, velho macilento e marinheiro,
meio camponês sem achar o seu chapéu de
palha,

meio cego meio coxo meio eletrificado meio
perdido meio morto meio cambaleando molhado e
torto meio trêmulo e torturado em seu ferido orgulho
de soldado do mar sem arma [corda, anzol, casa ou trabalho],

examinando os danos nas pastagens secas,
os lagartos deitados nas sombras, os ratos
da planície, sem poder acreditar nos braços
flácidos,

na fome na velhice no temporal no xale de
flores [nas lágrimas sem som, na dor sem
ruído],

nos bulbos ressecados das plantas de ontem,
na aspereza lisa das conchas do mar, na febre
e na voz que se esconde na nervura da folha que
se esquece ao longe, na carroça abandonada, no cavalo
que morreu de peste e no poste que tombou apagando
as luzes.

Sem poder crer na lua minguando no céu
envernizado de preto,

nas manchas do leopardo,
no gatinho perdido no meio
do capim alto - soluçando, soluçando,
soluçando.

Cinquenta e poucos anos e sem poder
acreditar no calhamaço de notas sem valor,
nos lustres na balaustrada nos homens ilustres,
no porto no ancoradouro, meio tolo meio falso meio
fake meio freak meio foda meio inteiro desgraçado
- por isso mesmo, pela metade,

por isso mesmo com vontade de morrer mais
do que tudo no branco harmonioso do nada do
esquecimento, no silêncio ermo de um precipício
d’ água sem princípio

[morrer no Início da Criação, antes de ter sido],

morrer de bruços num mar de brumas
sob um céu sem pátria num poente cor
de rosa, morrer pelo resto de sua vida sem
dor sem alarde sem saudade sem ninguém

[a lhe zumbir no ouvido canções estéreis],

morrer na solidão da planície,

trocando a pena de viver pela pena de
um corvo, no verso de Edgar Allan Poe.

Reza a lenda


Marcelo Novaes


A primeira palavra que me vem a mente ao reler esse poema foi: monstruoso. É uma palavra moderninha e como tal, idiota, mas foi o que senti ao reler essa maravilha.




Reza a lenda 
[e deixa de ser lenda 
quando se reza, porque 
reza se torna] que Pitágoras 
teve de pagar ao primeiro 
aluno, para poder 
ensinar a sua 
arte. 

[Mas Pitágoras era filósofo 
e sua parte no lucro era outra: 
Arte Oculta]. 

Reza a lenda 
[e deixa de ser lenda 
quando se reza, porque 
reza se torna e em prece 
e história se condensa] que 
o muito saber não ocupa espaço, 
só muito tempo e esforço: estilhaça o 
corpo, às vezes definha, às vezes amassa. 

Reza a lenda [e deixa de 
ser lenda quando se reza, porque 
se fixa na tábua do tempo como prego] 
que Kafka teve apenas cinquenta leitores 
em toda a vida e que Baudelaire ganhou 
apenas dezessete francos por toda a sua 
obra. 

Reza a lenda [e a repete Gerardo 
de Mello Mourão, bardo velho - e 
porque a repete já é fato (velho bardo), 
sobretudo porque a repete ouvida da fala 
sofrida de amigo gago: esforço que sacraliza 
a fala em oração perene e indubitável] que a 
literatura é implacável e que só vale para dar 
testemunho. 

[O que já é muito]. 

Isso é o mesmo que quisera e dissera 
outro que rezava lendas e causos em poesia 
bem prosada e proseada, o velho e bom Guimarães Rosa, 
que não escrevia pra ninguém nem pra alguém [nem nonada], 
mas pro dia do Juízo Final. E só pra isso prosodiava o rapsodo 
no lombo do mundo todo: O Único Sertão. 

Marcelo Novaes


Onde te olha a nuca




Eu sou a tua companhia secreta,
desde a sombra das idades.

Eu sou o poeta dos poetas.

Sou a resposta à tua invocação
por um pressuposto bom.

Eu sou o pressuposto.

Afasto o que te ameaça
a partir de dentro, desde
que me saibas em teu
íntimo.

É só o que peço: que não restrinjas
o meu espaço e me consintas para
que caiba por entre as frestas do
teu desejo por tantas outras
coisas que não eu mesmo.

Eu sou o bem que, por enquanto,
só se vê de longe, ainda que venha
antes e anteceda toda a tragédia
que te constrange.

Eu sou o que vê por detrás de tua
face congelada, onde te olha a nuca,
quando te viras e não vês nada.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

PARABÉNS AO POETA DOS POETAS, O QUE SALVOU DEUS E NEM QUIS AGRADECIMENTO; AO QUE ME DEDICOU (COISA QUE NUNCA ESQUECEREI) O SEU "ESCUDO, ELMO E A SOMBRA"; AO QUE ME DEU DE PRESENTE UMA IMAGEM COMO EM BUTOH OU A FRANJA BRANCA DA LUZ. PARABÉNS POETA!

O FOGO DA SEGUNDA HORA

MARCELO NOVAES




Lá fora, faz-se um fogo 
novo [o Fogo da Segunda 
Hora], que purifica antigas 
sínteses, desestabiliza o que 
é triste e lava [como que em água 
corrente] o coração que sofre [os 
desvios os entraves as serpentes]
e deixa ficar o que é suave. 

O Fogo que mostra [na 
foto, dentro da moldura] onde 
está tua mão [e a mão de quem 
ela segura]. 

O Fogo Iridescente que aquece salas 
e aposentos - realimenta a lâmpada com 
novo azeite. E, na Hora das Vésperas, faz 
dobrar os joelhos e santifica o bem que pode 
advir de um erro ou acidente. 

[Se reconhecido o erro como assim sendo]. 

O Fogo que, no brilho noturno, aquilata a 
fertilidade do húmus e a beleza de seguir em 
paz pro túmulo, sem alarde. 

O Fogo que Vê o que só viu o solitário 
[garimpa rubi e diamante do cascalho], 
consulta o dicionário para fazer brilhar, ali, 
palavra que nunca esteve e que surge, agora, 
uma só vez. 

O Fogo que salva a matéria-prima do 
confisco [distingue o falso do legítimo] 
e faz por merecer [por contraste - de 
tanto arder e arder tanto] o bálsamo 
no sacrifício. 

Escolhe o esmalte mais claro, 
[aponta-nos que o som do estampido 
não é o do disparo], ocupa móveis que 
estavam sós, como jazigos. Esfrega a terra
sobre a lápide e diz que o Túmulo está Vazio. 

[Sem precisar erguê-la]. 

Discerne o cerne da superfície 
[o foco do fogo fátuo, a unha do 
esmalte, a polidez do verdadeiro brio]
e faz a seiva manter aceso o verde no 
topo dos galhos. 

O Fogo que encontra a cura para o Mal de 
Parkinson, distingue o que é insólito [mas bom, 
inaugural, invulgar] do que está na norma [mas 
não precisava, nem deveria estar]. 

O Fogo que sabe que a febre é estágio 
preliminar do convalescer, muitas das vezes
[Ele que aplacou a IRA dos irlandeses] e considera 
a possibilidade de Ed Motta cantar canções folclóricas 
em frente ao Éden. 

Lá fora, faz-se um fogo novo: 
o Fogo da Segunda Hora. 

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A voz do meu pai






Ele, e não haveria de ser outro, me liga me diz o que todos já diziam e eu não acreditava. Mas não foi o fato de ser ele (o que já seria muito) foi a modulação de voz, foi o carinho, foi como  disse a palavra "filho". Ele não faz nada além de estar no meu coração, e não está em outro lugar que minha alma. Ele é meu pai, eu sou seu filho. Como isso é prosaico, como é óbvio, como chorar por isso? Foi a modulação de voz. Quando fui fazer a cirurgia e tiveram de abrir um pequeno corte em minha testa, ele fez careta e saiu para não ver. O corte (pequeno e um pouco doloroso) o fez sentir minha dor. O que é ser pai senão isso? sentir a dor do filho?

Quando não formos  nada, nem eu, nem ele; quando não houver mais vida, mais pulmões, nem ar, nem corpo, nem nada; Se houver algum tipo de coisa parecida com memória ou leve lembrança do que tenha sido antes de mais não ser, restará a lembrança dele em mim, restará a modulação de voz e a maneira como ele disse: FILHO.

domingo, 15 de outubro de 2017

Malu




Não sei dar "cantadas". Não sei gostar direito. Sei amar exagerado, com quase doer o peito. Quando falo de quem amo, não falo, eu rezo. Então não sabendo amar, amo em demasia, amo como quem sofre o amor que lhe pesa o dorso, a garganta, a espinha.
Sei te dizer algumas coisas, noutras me atrapalho como só os patetas se atrapalham. E quando eu disser de mim pateta, não creia que sou frágil ou com baixa auto estima. Sou o contrário disso, me tenho em alta conta, sabendo que ninguém é mais do que outro, sou eu e vivo no meu extremo. As vezes isso é mal as vezes bom, as vezes é só escudo com que defendo a minha luta.
Não há pena, não há tédio, não há dor. Sou alegria, sou alegre, sou amor. Nem sempre isso, mas nunca o contrário, nunca o avesso. Escrevo, falo, berro e ninguém lê, escuta, ou se irrita, mas escrevo porque  estou vivo e ainda pulsa a vida.

Eu não encontrei a cantada, escrevo um texto pra te dizer: Não sou bom nem mal, lindo nem feio, parte nem meio, tudo ou nada. Não tenho nada especial nem nada me falta, nada me sobra a não ser tempo; Tudo me basta e o mundo é pouco; Sou lúcido tanto que sei quando estou louco. Se não tenho metáfora que valha para te dizer, digo direto: gostei de você.
Das impossibilidades que disse haver não sei se são impossibilidades nem quero saber, só sei que amei te conhecer.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Dou-te




Dou-te como presente, de mais valor que fosse em preços medido, que fosse tão sem peso que não se saberia pesado ou leve; Que fosse como gelo de temperatura tão intensamente altas que queima quanto queima o fogo.
Se não te dou  o mais prático, dou-te o mais precioso. Não é presente! Entenda bem, o que te dou, não te dou de generoso, nem para te agradar, nem você precisaria ou mesmo quis. Não negocia-se em bolsas, ninguém nunca morreu por falta ou menos ainda de excessos, Podes até não gostar e no fundo nem sequer dou por querer dar.
O que Paulo, tendo tudo e sabendo tudo, dizia ser inútil sem ele.
Pelo que Cristo foi sacrificado; pelo que liga os pólos, que une os contrários, que nunca foi, é ou será esquecido, e que desde de Deus tem sido reavivado. Te dou meu  amor, meu coração.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Mães, filhos e outros nomes

             Há na lua de Dostoievski, uma mais que lua, senão mais bela mais emblemática.Há no choro da mãe que enterra o filho algo mais que dor, algo mais que fado. É uma dor de perder-se o grito, é mais olhar, contemplar, acima do sofrer de fato. É um mega sofrer, mas a palavra não traduz a dor. A mãe que enterra o filho morto não enterra um morto, enterra a si mesma, enterra-se sem dó e sabendo-se morta. Uma mãe que mata o filho destrói tudo, destrói ele e ela. Por ser mãe perene, não dó na primavera. O filho que mata a mãe é  dos mais sujos assassinos, mata quem o gerou, o que fez dele um destino. Filhos não devem morrer, mães não devem matar, filhos não podem xingar. 
O filho xinga a mãe, a mãe tenta não gostar do filho, o filho nega o amor a quem não lhe deve nada e a quem ele tudo.  O bebê não morre no homem, com 30,40,42  precisa de colo e abraço. De ninho, de amor. 

O pai que diz ao filho "vai com Deus" diz como quem fala, uma coisa pensando outra. Quando digo a meu filho: vá com Deus, não quero dizer isso exatamente, quero dizer: vai com meu filho, Jesus e traz de volta meu coração. O filho de um bêbado, de um decaído, de um assassino ou ladrão, não foge a sina do amor, da sina de de onde veio o nada a ser tudo.

O amor precisa ser ressuscitado e ter outo nome: mãe!
O respeito pelo outro deve ser ressuscitado e ter outro nome: Pai!
O mundo deve respirar outro ar, que deve ser chamado: Bem!