sexta-feira, 31 de outubro de 2014

INCOMPLETAS INEXATAS





É mais fácil que algum honrado petista.
É mais crível que a inexistência de Deus.
Mais complexo que podem as teorias físicas.
Menos inútil que tudo que morreu.
É tão frio que me daria, 
se tantas não fossem as cobertas que disponho.
Tão medonho que não causasse medo.
Um colosso que fosse uma maquete.
Tão horrendo que dores me afligissem.
Mas que dores como as de sentida em sonho.
Tão sem sonho que a própria realidade, 
de real o sonho refletisse.
Me faz rir, ruim, mal e mesquinho.
Me arruína por generosidade.
Se ao dar o tanto que pudesse, 
me sobrasse o mais que eu precisasse.
É se eu cresse o tanto que é preciso para ver o que deslumbrasse,
e de noite a dúvida e o medo, me faltasse quando eu precisasse.

É saber que nada nunca volta.
Não querer que nada mais voltasse.
Aceitar o que é inevitável,
não mudar o que eu pudesse.
Não mudar não por birra, não por ócio ou asco.
Mas por ser as coisas como são: incompletas, inexatas.

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