quinta-feira, 9 de outubro de 2014

ARCANO XXXI: DOS INCÊNDIOS & INCENDIÁRIOS





MARCELO NOVAES


Alguém dirá que o Poeta
acendeu a fogueira noturna
para a solidão dos mendigos.


A este que o terá dito, fica a
condenação de todos os poetas
de fato, pelo sacrilégio contra
Acendedores de Fogueiras.


Quem acende o fogo, transcende
Palavras & Melismas. Melindrem-se
os sacrílegos com tão óbvia
veemência.


O poeta não rasgou o Véu de Maya:
sequer transcendeu o Calendário.
Alguns tentaram. Acenderam
Lampiões, no máximo.


Ao poeta, ou a todos, não deve
ser concedido fervor ou fascínio:
heresia contra aqueles que o
mereceriam. E estes sempre
dispensam infantilidades.


Concedam-nas, pois, aos
cantores de rock, blues &
pop: a todos os ávidos por
fã-clubes.


Aos anjos e santos não se cantam
louvores. Não lhes compraz tal ato,
ainda que se lhes cantem e cantem e
cantem, como se crianças fossem.


Já me parece muito que
não lhes sobrepuje o Cansaço,
diante dessa multidão de vozes.


Se se quer acender Fogueira aos
Mendigos da noite, ateie-se Fogo
aos altares onde figuram poetas,
indevidamente.


E ponto.

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