domingo, 5 de outubro de 2014
Urzes
Marcelo Novaes
Serás Tu, Poeta, Alguém atrás
do Verso Extremo e, por tal labor
[e tanto], agora [já] extenuado?
Tenho sondado notícias tuas,
há doze vinhos. E Tu insistes no
Extremo, ainda que a Musa te
sopre: “Impossível!”
É o Corvo de Poe no teu ombro.
E insistes, no entanto. Insistes no
Extremo.
Eu, de minha parte, tenho
experimentado o que chamo de
“declínio artístico”. Por ser
de baixa estirpe, minguante,
com a sensibilidade das
urzes.
Por, talvez, menos ligado ao
ritmo dos dias e do corpo, dos
ônibus e dos trens.
Ritmos que Tu, Poeta, conheces
Bem. Como as flautas anteriores às
noites e manhãs.
Ainda que não voe o Corvo
de Allan Poe. Ainda que a
Musa insista em seu
Refrão.
Tu, porém, não Desistes.
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