terça-feira, 10 de setembro de 2013

JOÃO INÉDITO







Eu tinha esquecido o quê era ler um poema e me arrepiar, falar palavrão, exultar. Fazia tempo que não me havia a poesia se feita tão em nervos, tão chocante. Ele me choca. Ele me  tira do vida e me faz espantar do que ele pode mostrar. Ele está morto. Morto como um vivo não pode vivo estar. vai sair um livro inédito dele, isso pouco importa. Não muda nada. É só um livro novo de um defunto. Ele escreveu vivo, claro, mas acaso ele está morto?  mais não falo. Ele não precisa, eu não importo. Importa a  poesia de João Cabral De Melo Neto. Importa estarmos vivos e não mortos. Deixo um bom dia cabralino, que sendo cabralino é de sol, de nordeste, de dentros. "Dentros mais de abraço que de ventre".




Os Carregadores

"" Bom bom-dia, minha gente.

"" Bom dia para os presentes.

"" Bom dia, futuramente.

"" Bom dia ainda, no ventre

As mulheres de descascar

"" Bom dia tem que dizer

quem chega a todo presente.

"" Bom-dia é como Dizer bom dia é tirar

o chapéu, cumpridamente.

"" Bom-dia não antecipa

o dia que espera em frente.

"" Nem bom-dia tem a ver

se é sol ou chuvadamente

domingo, 8 de setembro de 2013

EU ODEIO MARAGOGI





Eu odeio maragogi! Nunca fui, mas odeio. Ela é uma cidade triste, feia, insuportável! Eu odeio maragogi, esse nome feio, ameaçador, inconveniente. Nunca fui a maragogi, essa cidade ladrona.
Ontem tocou o telefone, eu atendi. Era a mãe de meu filho. levei o telefone até ele. Ele estava no meu quarto. Fiquei escutando a conversa pela parte dele e rindo porque ele só dizia "hum hum". Quando ele desligou eu disse: que diálogo, hein?! nunca me interessei pelo papo dele com sua mãe, então deixei pra lá. Desço para à casa de minha mãe mais tarde e ela me diz que a mãe dele havia convidado ele para morar em maragogi com ela. Eu não posso me meter nisso, não posso mudar isso, nem escolher por meu filho. Onde ele estiver, estando bem, estarei bem. Onde ele estiver, estando mal, ficarei mal. Não posso me rebelar contra a mãe dele, ela tem direito legítimo. Não posso me meter na escolha de meu filho. Então ponho a culpa em quem posso por, na cidade que pode tirar de mim meu menino. A despeito de todo o amor e saudade que possa advir, ele é meu menino, ele é amado, aqui comigo. Mesmo que não nos vejamos com frequência, que eu não o escute falando o dia todo, que eu não tenha de cobri-lo toda noite, ele sempre estará aqui, sempre estará em mim.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

EU NÃO ME BASTO







Encontrei-o no vazio, onde estava comigo e sem vontade.
 Encontrei-o na saudade, no afeto, na verdade.
 Encontrei-o no no riso, no choro, na bondade.
 Ele é fácil de ser achado, sobretudo se o procuram de olhos fechados.
Mas com olhos de ver peixe não  o verás.
 Com olhos com que vês tamanhos não o verás.
 Com idéias de poder não o verás.
 Ele se mostra fácil, ele se mostra no teu dia-a-dia.
 Não fazendo milagres, fazendo o próprio dia.
 Vê-lo não é difícil. Vê-lo é como que certo.
Só basta que para isso tenha os olhos abertos.

Para vê-lo é preciso que os olhos olhem o contrário, olhem para dentro.
É preciso que eles sequer olhem, sejam olhos que sentem as coisas como elas são,
em sua essência, seu centro.
Para vê-lo é preciso ter medidas que não advenham de hipocrisia, afetação ou soberba.

Não procure ele se não for com lágrimas. Para agradecer ou pedir algo. Ou meramente contemplar. Mas com olhos sempre marejados.

Procurar eu o procurei porque não me completo nem me basto. Preciso algo de acima de mim. Não falo de poetas, nem gênios literários. Amo-os e admiro-os, mas nunca serão os que procuro quando estou cansado, nos dias de meu enfado.


domingo, 1 de setembro de 2013

THALITA PRATES




THALITA ESCREVEU ISSO:





Lugares onde eu já encontrei Deus:

- na Cantique de Jean Racine, de Gabriel Fauré...
- no Adagietto da Sinfonia Nº 5 de Gustav Mahler...
- na ária Nessun Dorma da ópera Turandot, do Puccini...
- na "Todo Sentimento", do Chico...
- n"A paixão segundo GH", da Clarice...
- no "Cem anos de Solidão", do García Márquez...
- na poesia de Adélia, Drummond e Fernando Pessoa...

E você?


UM POEMA LINDO!

sábado, 24 de agosto de 2013

OS CRIMES





Não que por mim fosse melhor o mundo, mas eu me enojo de ver essa gente que se compraz, não na melhora das coisas (sempre as há) mas perde horas e queima pestanas em ver mortos sendo explorados em programas ridículos de tv.
Não que eu esteja apto a ditar normas e orientar condutas, ou tendenciar algo, mas que por mim as pessoas não se importariam tanto com os vizinhos e seus afazeres quanto se importariam em ler um poema, ouvir cartola ou um martelo agalopado.

Onde eu nasci não passa um rio, onde eu cresci nem havia pomar, meus pais se separaram e eu adoeci logo. Não cheguei ainda à velhice, mas passei por menino faz tempo. Vi hospitais e suas coisas que desapontam ou levam adiante. Tenho ainda uma coisa a dizer aqui, que não conta para quem não me conhece e quem não me conhece não conta para mim. O que digo é que minha cirurgia é um sonho realizado e isso é bacana. Não me acostumo, e adoro isso, com as melhoras que tive. Mas não houve cura. Ainda tenho a doença e seus sintomas.  Em algumas horas rigidez muscular acentuada. Tomo menos da metade dos remédios e durmo a noite toda. A redução do sifrol reduziu compulsões. Os tremores são mínimos e os movimentos mais naturais e harmoniosos.
Ontem de madrugada vi um programa de tv. Um programa de esportes. Havia um cara que teve paralisia infantil e ele deu um show. Não vou dizer que me emocionei, nem que ele era um cara bacana e que eu sou também, embora seja verdade. Vou dizer que aquele cara, como eu, tem problemas, como quem lê isto ( que além de problemático é desocupado) todo mundo tem problemas. Mas não se deve assistir aos programas onde mortos são expostos, nem aos que se dão casa aos nordestinos. Isso é nojento. Não pode haver degradação total. Que prazer causa ver um corpo inerte todo esfolado e sangue e olhar de defunto? Os narradores de tais espetáculos afetam indignação e vociferam como se eles não vivessem daqueles cadáveres. Meu Deus! que prazer pode haver em um assassinato? que prazer pode causar um menino matar o pai, a mãe e outros parentes? Quando vejo isso torço pelo lado que apazigua na tragédia, o que pode explicar as coisas ou equacioná-las. Quando o casal nordoni foi acusado de matar a filhinha eu disse: não foi eles! errei, foram eles. Agora esse menino fez isso (tudo indica que foi ele mesmo) e fica difícil entender. O pai levava o filho e   o exibia na corporação orgulhoso. Amava o filho. Morreu com um tiro na cabeça. A menina chorava pedindo ajudo ao pai e ele surra ela e a jogo de cima de um prédio. O que dizer sobre isso? Não olhem esses defuntos desses programas vagabundos de televisão. Anteontem foi filmada a aurora boreal. Lindo aquilo. Não se trata de esconder a realidade, trata-se de olhar o que se deve. E não se deve olhar o inumano. Não se deve olhar ao que cabe a polícia cuidar.

Assim se dá com os meninos amados pelos pais: retribuem o amor. Eu não tenho nada de santo como não tenho de satânico. Sou humano, cheio de defeitos e nem precisaria dizer isso. Mas direi: bom mesmo é a aurora boreal. Olhem para ela. Não vejam a morte nesse programas hediondos.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

MARCELO, CAETANO, REINALDO.





Vou tentar linkar três coisas bacanérrimas, não dando (ave, Caetano) não dará. O primeiro ai esta:
http://esteeodardo.blogspot.com/2012/12/poente.html . É um poema de Marcelo Novaes. Acabo de fazer uma merda aqui. Antes de ler o poema copiei o link, perdi a página e agora tenho que achar de novo. Marcelo esta com um blog ( o 457º dele) que vale a pena ver por que é um blog de Marcelo Novaes, e isso é como se eu empenhasse todo o meu prestígio crítico e me arriscasse a me comprometer com todos os meus leitores. Dia desses eu quase fiquei bobo, e não fiquei por razão simples: ninguém é uma coisa que já era antes, uma coisa duas vezes, uma coisa super-coisa ou em dobro. Me espantou o fato de eu ter tido 50 visitas de página em um dia! Reinaldo Azevedo chegou a 1.000.000 em dia. Caetano, com seu antigo blog, chegou a congestionar a net toda. Mas tanto Reinaldo quanto Caê, tem escrita e fãs para tanto. Quanto a Marcelo não sei qual a quantidade de visitas de seu blog nem me importa isso. Marcelo escreve bem pra caralho se for um Jonh Lennon um dia, se só dois o lerem. Nem dois, muitos dos seus poemas são lindos e admiráveis por serem lindos e admiráveis. Quem olha o mar e se entedia não enfeia o mar, enfeia a vida, se enfeia. O texto do Reinaldo (que mete o pau em Caetano, e eu amo ambos) é puro Reinaldo Azevedo: Bem escrito, em ótimo português. Ei-lo:   http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/caetano-veloso-o-fa-de-pablo-capile-tem-se-participar-dos-festivais-do-fora-do-eixo-e-receber-seu-cache-em-cubo-cards-ou-artista-exalta-o-grupo-que-derrubou-ana/

Por fim um do Caetano sobre Paulo Rónai. Caetano escreve bem, pensa bem, canta bem e... chega! sem excesso. Caetano é só foda. Como Reinaldo, como Marcelo, como eu. O texto de Caêtas:

 http://www.caetanoveloso.com.br/blog_post.php?post_id=1542


O poema do Marcelo vai aqui inteiro:


Inconsolável no local que
mal ocupou, e por isso ainda
o traz guardado [no fundo do
olho], traçado em zigue-zague:
azul noturno, dança-de-escorpião,
calo no joelho
[e dor].


Inconsolável em estreito vão
[ou espaço comprimido], faltando-lhe
Pai & Mãe & Filho, e Todos Presentes,
no entanto [: como Halo, Sonho &
Ilusão].


Inconsolável e persistente em se
afastar do próximo [ou distante],
porque sempre carregando O Buraco,
incapaz de impedir Ambiental Invasão
[ou o Jorrar do Poente].


Inconsolável por não saber dizer-se
[nem presente] em seus aspectos
nevrálgicos, mas abarrotado de Sol
no mesmo dito Buraco, sem conhecê-lo
de todo [ou a fundo], por puro
desconsolo



domingo, 18 de agosto de 2013

CHÁS E SIMPATIAS






Eu previ isso dois anos atrás e não sou profeta nem gênio. Sou mediano em quase tudo, esperto para poucas coisas e burro em nada. Eu disse que a inflação voltaria e ela voltou. Disse que o ptzinho de merda com seu analfabeto de merda fariam um estrago, eles fizeram. Eu ficaria estupidificado, se algo ainda me levasse a este estado, com os que acreditaram no Lula um único segundo, unzinho. Tem pederastas mal resolvidos que ainda guardam certo tesão oculto pela barba do Lula, mas em geral são os mais burros e sem informação, ou os idiotas da esquerda. Embora idiotas da esquerda sejam ainda fãs de Stalin, Fidel, Pol Pot, e contra os americanos (qualquer um) o que diz dos critérios de seres de esquerda. Você vê que um cara é esquerdista (idiota, portanto) quando ele acha George Bush um demônio e chama Stalin de camarada. Chico Buarque (um gênio cantando) diz que se decepcionou com a ditadura cubana por ela ter matado 8 jornalistas dia desses. Ela matou cem mil pessoas, Chico ( que se faz retardado e hipócrita para ser esquerdista) precisou de décadas de matança em Cuba para "acordar".  Lula conseguiu acabar com o plano real, perder a maior chance que o Brasil teve de crescer em sua história, desfazer uma coisa que já tava feita e ele desatou, desmanchou, destruiu. FHC deixou tudo pronto.  Lula tinha que fazer quase nada, só continuar o que havia sido iniciado. Preferiu desfazer a lei de responsabilidade fiscal (alargando gastança, praticamente acabando com ela) preferiu o caminho de antes de FHC, de crescimento aparente, não de crescimento real. Gastar sem critério, gastar com obras inúteis, caras e fantasiosas. Está destruindo a vale, petrobrás, o real, as instituições e fazendo voltar a inflação. Com uma presidente absolutamente idiota, perdidaça, ignorante, absurda, medíocre, o que mais se queira dizer de ruim, o Brasil vive entre sonho de crescer, de ser um líder mundial, com o SUS, entre ser sede de copa e olimpíada e crescimento ridículo. É muito bom falar em crescimento e aumento de salário, em distribuir renda, em aumentar investimento. Essa é a parte boa da coisa. A ruim é dizer que para fazer isso um país tem de seguir o caminho da responsabilidade fiscal, não da bazófia. O caminho básico da responsabilidade fiscal é gastar menos ou igual ao arrecadado. Simples assim. FHC criou a lei de responsabilidade fiscal.   Lula afrouxou-a de tal modo que em alguns casos nem se aplica mais. Uma pessoa pode viver gastando 1.500,00 reais e ganhando 1.000,00? Não. As prefeituras, os governos estaduais e federal podem? claro que não. Só que com governos demora mais o processo de quebra, emitindo-se títulos ou fazendo dinheiro. Fazer dinheiro é possível? não, claro que não. É possível imprimir notas de 100, 200 e se quiser de 1.000.000,00 de reais, mas que serão papéis cada vez mais desvalorizados porque abundantes. Quer dizer que então quanto menos dinheiro em circulação mais rico um país? claro que não! Tem de haver uma razão e proporção entre bens e consumo, entre dinheiro e produção, entre contas a pagar e caixa para isso. Quando um país começa a construir estádios de futebol inúteis e superfaturados, trem bala, e essas merdas, tem de já ter resolvido problemas como saúde, educação e segurança. Aqui temos o caos na saúde, o país mais homicida do planeta e o povo menos escolarizado entre os menos escolarizados que não são conduzidos por ditadores ou religiosos (que vem a dar no mesmo) .
A inflação voltou. Ela durou 50 anos para ser debelada. Fernando Henrique Cardoso o fez. Voltou e agora quem a controlora? o ptzinho não será. Os professores universitários não tem capacidade além de mentir a seus estúpidos alunos que esquerda é uma coisa que uma pessoa normal pode levar em consideração. É muito bom falar de um analfabeto cachaceiro e desmerecer um intelectual para agradar a platéia. A inflação voltou e com ela todo o estigma de ser o que sempre fomos até FHC. Delfim Neto, Ciro Gomes e os sábios que malharam FHC devem ter a solução, mas é fácil, eu tenho, qualquer um tem. Controlar gastos, privatizar mais ainda, retirar o estado tanto quanto possa da economia. Mas isso é feio, não agrada ao populacho. O bom é dizer que somos maravilhosos, um povo divino, sábio sem escola, o povo dos chás e simpatias.

domingo, 11 de agosto de 2013

FELIZ DIA!














É melhor beijar meu filho, olhar pra rua e me calar. Esquecer do mundo, ou dizer-lhe que só me interessa coisas que são minhas. A quem for meu amigo retribuir e a quem não for, querer o bem. E não é por charme,  é por fato, não sou tão pai quanto filho. Sei melhor ser filho que ser pai. Não me acostumei a ser pai, como não me acostumei a ser homem. Me acostumei e gosto que assim seja, a ter medo de ser diferente do que sou, porque me acostumei a mim, me acostumei assim. Não é, longe disso, que eu seja bom ou menos que mau, é que sendo assim, sou eu, de outra forma seria nem eu nem ninguém. Quem diabos entende um texto desses? Explico: sou um filho nato um pai sem traquejo. Talvez pelo tempo, sou há 38 anos filho e há apenas 11 pai. Talvez me acostume com o ser pai para que me seja tão natural como ser filho. Mas se eu chegar a um pai como se deve ser eu talvez não goste tanto. Eu amo ser pai e acho ridículo alguém dizer: --meu filho é tudo   que tenho. Queria mais? achas pouco, pateta? pois um filho é mais do que três fortunas, ou mil fortunas. É mais do todas as fortunas mensuradas em dinheiro e mais que merece o ser humano. Mas já disse, repito e reitero: sou mais filho que pai, sei   me haver em papel melhor como filho. Não sou bom filho, não seria pra outro pai. Mas para o meu acho que sou e não sei qual a razão de eu achar isso. Só sei que meu pai me parece gostar do filho que tem. Talvez lhe quisesse mais responsável... Não! queria-o mais responsável com toda certeza. Mas sobre o que somos e o que queiram que sejamos vai um comprimento maior que o que desejariam. Isso era  para ser uma homenagem a meu pai e a mim, não está sendo. Homenagens nunca foram meu forte. Tendo ao exagero, a idolatria, a... meu Deus, como era babaca o Deus babaca da bíblia (do antigo testamento) dizimar povos por que adoravam outros deuses. Adorar é uma qualidade, não defeito. Mas hoje é dia dos pais e meu dia, queira ou não (quero, só acho demais para mim) é dia dos país! é dia de meu pai. Detesto qualquer socialização, sobretudo de afetos. Hoje não é  dia dos      pais. Não tenho pais. Tenho um. Feliz dia dos pais a meu pai. A palavra pai não tem nada de bom em si, como de resto nenhuma tem. Há pais que matam e não valem mais que facínoras. O que dá todo o sentido da palavra para mim é ser meu pai um, por assim dizer: Luiz Guimarães. Beijos a meu pai e feliz dia.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

NÃO ACABA






Não acaba, não vai acabar! o que aprendi com meu baiano: amar, amar e amar.
A ser doce e olhar os homens vendo neles o que há: dor, saudade, poesia. Sem vergonha de chorar.
Eu não escapo de me emocionar quando escrevo. Vim parabenizar ao Caêtas pelo aniversário e pela capacidade de ser quem me mostrou, sendo ateu, a mais bela frase sobre Jesus. De dizer as minhas palavras quando não as tive, sobre filme do Glauber. De agradecer pela vez que chorou despudoradamente quando morreu Tom Jobim, e pela vez em que chorou sorrindo quando morreu Michael. Tenho que dizer que não é idolatria, é amor. Tenho que dizer que não amo-o por qualidades totais, mas por todos os defeitos afogados por elas.
O baiano disse, numa canção, que se um dia aprendesse a cantar bonito muito seria por causa de uma irmã sua. Por tempo tenho comigo que o que aprendi com o leãozinho é da mesma espécie, ou da mesma força. E força dele é de explodir no tempo seu canto infinito, solitário, só dentro da solidão, como disse Décio Pignatari.
Caetano é o menino de 71 anos. Caetano é mais que o que posso ao escrever. No teu aniversário te desejo muita vida, te beijo com amor. Te beijo com carinho, te beijo sem vergonha de amar um homem e disso poder me orgulhar. Você me ensinou, baianinho a beijar homens sem  nada a justificar. Me ensinou que tudo o que sei não vale um caminho sob o sol. Me ensinou, mestre que é, que mais que o tempo ninguém ensina, mais que o amor ninguém pode, mais que a poesia ninguém é.