segunda-feira, 7 de julho de 2014

NÃO SOMOS, MAS SEREMOS AINDA.





Se não chovesse, se não faltasse, se o que sobra o pouco compensasse.
Se tudo coubesse onde queria guardar. Se tudo vestisse e adornasse sem se  expor demais, nem sem se fazer notar ao ponto de indiferente. Se tudo pusesse um fim a sangria sem limitar-se. Se contendo algo se espalhasse. Se soberbo o simples se mostrasse. Se a lenda realidade se tornasse sendo lenda ainda ou uma outra verdade. Se o mundo se enchesse de carinhos com todos e todos beijassem a terra e como retribuição ela não mais chorasse. Se toda guerra em paz terminasse... Se a paz a cada dia se afirmasse... Se não de poemas não mais precisasse o mundo. Nem de remédios, nem de remediar nada. Se o mundo de manhã compreende-se que a tarde faz falta à manhã assim como a esta faz à tarde. Se pudesse o mundo viver o grande bem das puras amizades. Amizades que não se diriam ser puras porque puras seriam de verdade. Não haveria de se procurar verdades por não ser isso necessário. Teríamos ela em nós, como coração ou braço. Se o mal não fosse chamado pelos de sempre "pelo bem comum da humanidade". Se não fosse a generosidade uma coisa generosa, fosse natural por não poder ser de outra forma e dela ninguém se admirasse. Se o amor fosse o mote, e o viver as variações da rima, seria o que já éramos pra ser. Não somos, mas seremos ainda.

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