domingo, 27 de novembro de 2011

A VOZ, O HUMOR, A PAIXÃO.









Eu não sou muito de acreditar.


Se duvido até de Deus, porque iria crer em você?

Nada pode ser mais óbvio que a força de um criador, pelos mares, por uns mil outros motivos mais.

Mas tenho a dúvida comigo, entranhada como uma víscera.

Veja só, veja bem, meu bem, tudo indica uma criação, a perfeição das galáxias, eu existir, a percepção. Mas ainda assim duvido, e pergunto à sua pretensão: porque não duvidaria de ti, minha cara, por qual estranha razão?

A poesia, meu filho, coisas sentimentais, tudo remete ao divino, a um criador. Mas não raro duvido, não raro interrogo, não raro fraquejo. Que razão podes ter, afetada criatura, para que eu me fie em ti?

Se Deus não existisse seria uma mentira muitíssimo bem contada, em que sábios cairam e ateus não cairam por sorte.

Mas você, francamente...

Só caem nessa os otários.

Qual a razão do paralelo entre as crenças?

Simples, se quiser faço um desenho, como o tio Rei. É que crer em uma verdade é fácil, é óbvio, e a tudo leva à razão.

Mas você não é verdade, não é nada, não foi nada, é pura empulhação.

Você não cabe em mim, pelo seus defeitos torpes, suas mesquinharias. Eu não caibo em você porque sou amplo, inteiro.

Calma, calma ai. Também tenho meus defeitos, tantos quanto os teus, talvez maiores, isso é com Deus. Mas não quero-os qualidades, reconheço o que são.

Não debuto em mentiras, não me escondo na razão. Dou o nome ao que são. Numa missa ore a Cristo, numa orgia chame o cão.

Mas não chame a quem não vai. Quando estiver vazia, chame quem lhe aprouver ou vá a uma igreja. Só não conte comigo, não me faça menção, não se lembre da voz, o humor, a paixão.

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