quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O MAR








Não, meu amor, não te digo que seja indestrutível no tempo, não ouso tanto. mas saberei a hora que te canso, que te enfado, que salgo tua boca quando querias água doce.


Mas sei da razão de quem tenta matar a sede com água salgada, de seu desespero, de sua ânsia.

Sou o contrário do que dizes ou do que calas, sou igual ao tanto que sonhavas. Caibo no teu sonho como sonho de um sonho fosse.

Sou mar, não tenho culpa de meu sal.

Sou o mar, calmaria e maremoto, não sou isso porque estás em mim, sou porque sou. Não adianta me odiar quando eu te afogar, nem me admirar quando eu estiver em paz. Saiba que sou mar, mar só, nada mais.

Sendo mar não me cabe razão ou humor, me cabe ser mar, só ser o que sou.

Não sou útil ou inútil, não existo para funções, nada em mim tem propósito, tudo em mim são paixões.

Não sei ser pequeno em nada. Não me averia em mundo mensurado.

O limitado infinito. Incomensurável demarcado. Medido por seu olhar, em horizonte ondulado.

Não sacio sedes de água que tens,

nem sede de espécie alguma.

Te lembro, sempre, eternamente,

sou mar, tão só, sempre mar, mar somente.

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