terça-feira, 15 de novembro de 2011

SHAKESPEARE ERA, É, SERÁ.










Shakespeare não foi o autor das peças que supostamente teriam sido escritas por outro ser. Não digo humano por razões óbvias: o bardo não era humano. Se era, era por condições escatológicas. Agora não é mais Lord Byron, é outro.


Durante sua existência, e existem documentos escritos de que um ser chamado Willian Shakespeare, existiu, publicou 38 ou 39 livros, foi pai, morreu e deixou herança registrada em cartório. Há documentos de comendas dadas pelos monarcas de então. Então não apareceu um maluco que chegasse a dizer que ele não existiu como pessoa, diz-se que ele era William Shakespeare, existiu de fato, mas não era o autor dos livros a ele atribuídos.

Tem fundamento isso?

Tem. No mundo em que vivemos, nesse tempo nosso, tudo tem fundamento. É simples, como fundamento é um têrmo que perdeu a denotação, aliás, todas as palavras perderam, se acha que fundamento não precisa ter uma base concreta de raciocínio, pode-se tomar fundamento por suposições. Então qualquer idiotice que seja dita por qualquer idiota ou malandro por simples cara-de-pau ou, no mais das vezes, interesse financeiro ou político, passa a fundamentar uma coisa sem base ou fundo.

Qual a razão de durante o tempo de vivo, creio que 68 anos, ninguém ter lhe contestado a autoria do que escreveu?

Muito simples, claro, lógico, ele era o autor.

Um outro argumento, é que não escreveu todos os livros. Bom, quem manteve o nível? Os livros do bardo não pode ter dois autores pela razão direta de não poderem haver dois Shakespeares, e na mesma época.

O que há na literatura que se iguale a Shakespeare? nada. Cada um dos livros dele tem personagens tão inteligentes que nunca se poderá encontrar em vinte milhões de vidas pessoas com tal intelecto. Hamlet, Falstaff, Ricardo, iago, Rosalinda, para ficar nesses, e nesse caso é por opção e contenção de tempo e espaço, pois se alguém se dispuser a procurar gênios , leia Shakespeare, pois cada um dos seus personagens é no mínimo cem vezes mais loquaz, mil vezes mais criativo, um milhão de vezes mais interessante, cem bilhões de vezes mais perspicaz que nós. O bobo da corte, do "Rei Lear", quem de nós, e falo até dos maiores intelectuais hodiernos, pode rivalizar com sua argumentação?







FÁCIL PARA SHAKESPEARE







O endeusamento do bardo também é perigoso. Ele fez o que fez não por coragem, nem um grande mérito pessoal, tampouco por um altruísmo ou o que seja. Não se deve perder de vista que o intelecto dele era é superior. Marcelo Novaes, grande poeta, diz que não há autores seminais, concordo, mas a questão não é essa, creio que sequer houve inovação estética, ou criação genuína. Se houve foi menor com Shakespeare que com Joyce, Goethe ou Dante. O que muda é que nenhum homem raciocinou com tanta amplitude sem perder a objetividade, usando de uma linguagem que nenhum ser dito pensante alcançou em nenhum aspecto da comunicação de idéias do que somos e como agimos. Se tem algum lugar onde se possa achar conhecimento é na literatura, se tem um autor que é uma elevação da literatura, é Shakespeare. Tenho evitado citar ou mesmo reler trechos dele para escrever isso. Não que eu queira escrever algo relevante sobre, e mesmo essa pretensa desprentensão me parece pretensiosa. Mas quero falar por minhas palavras o que sinto com relação a obra e autor. Nem um carinho ou admiração pelo autor. Toda a admiração pela obra.







Shakespeare x Bíblia





É soberbamente ridícula essa comparação. Nesse caso, e tão só nele, pode-se abrir uma exceção. Se quem lê a bíblia, lê como livro sagrado, de inspiração divina, nao há o que discutir. Somente por esse olhar a bíblia pode ser comparada a Shakespeare. O que não é pouco.Que fique claro que não estou diminuindo a um nem exaltando a outro. Estou dizendo que há coisas que não se comparam, por pertencerem a esferas de pensamento ou níveis de discernimento diferentes.





Shakespeare confrontado literariamente com os qualquer escritor de antes e depois dele, supera-os todos. Não por uma cabeça de vantagem, por longa vantagem.

Um com uma fala genial já vale um preço bom. Outro dia, vendo um filme de Bruce Willians, fiquei impressionado com uma fala do personagem. Só ela pagaria o filme. Qualquer um pode receber uma iluminação e dizer uma frase genial, mas no bardo isso se dá a cada linha. Os personagens falam coisas tão verdadeiras e bem ditas que você se for marcar... agora lembrei de uma coisa... há pessoas que ao lerem algum livro gostam de marcar as frases que lhe parecem boas, verdadeiras, e bem construídas. Tente fazer isso com Shakespeare. Você terá de marcar todo o texto. Não há ali nada para ser destacado, nada. Mais não se trata de um frasista apenas, é muito mais que isso. A capacidade argumentativa do bardo chega ao limite do que pode ser argumentado. Ele via as coisas humanas por tão variados lados, com tantas sutilezas, que podia argumentar afavor e contra no mesmo assunto. Na peça "júlio cesar" ele faz Brutus ser ovacionado e depois execredo com argumentos que em seus momentos, pareciam irrefutáveis. Mas isso é feito sempre em suas peças, até o limite do absurdo, o do "ser" e o "não ser".





SER OU NÃO SER?





Essas miríades de ambivalências, de lados opostos de ponto de vista não se situam em assuntos, em momentos, permeiam todo o caminho. Ambivalências, não ambiguades. Seus personagens são tão complexos e tão simplórios moralmente que na mão de qualquer outro seriam caricaturas, nas do bardo viraram a mais vasta gama de representação humana vista na arte.

Poucos de seus personagens principais tem dúvidas morais. São tão titânicamente soberbos que agem sem muitas culpas, as vezes dando explicações para seus malfeitos (de maneira superficial e apressada) como Ricardo, culpando a natureza, não a sí próprio, pela vileza e ignominia. Iago agia com a naturalidade de um homem que faz o mal por prazer, a ambição sequer existe. Quem justifica a malignidade de Iago por ser ele ambicioso nunca entendeu Shakespeare. Iago era mau por prazer, só por isso. Harold Bloom acerta na mosca quando diz que ele era o diabo. Porque o que caracteriza o mau não o fazer ele, é fazê-lo com consciência e ter prazer nisso.

Ricardo, Tito, Iago, são capetas, não podem ser lidos como apenas canalhas. O rei Claudio era um canalha, sem dúvida, mas era um canalha como quase todos somos. Subia um degrau grande na escalada da canalhice humana, e faz muita diferença ou toda nunca subir, porque matou, mas tinha dúvidas, fraquezas e medo. Os três (Ricardo, Tito e Iago) não tinham medos nem fraquezas. Fraquezas de humanos. Aqui é bom não simplificar, esses três camaradas, como o diabo, ou Hitler, não são aberrações, coisas de monstros. Hitler era uma figura que causava paixões em quem o conhecia, Iago era um amigo querido de Otelo. Ricardo, sempre solícito, faz uma coisa inimaginável para o maior conquistador, seduz a cunhada à beira do caixão do esposo, e era coxo e feio.

Somos todos Iagos, temos satánas em nós. Por isso buscamos a Cristo, somos maus. Shakespeare...

Porra, perdi o foco. Voltemos ao filme.





O filme





Não pode ser bom. Não vi, mas não pode ser bom. A razão? mesmo o cinema americano, que todo mundo sabe que é uma coisa pautada por dinheiro, dinheiro, dinheiro, mais dinheiro e um pouco de talento, esse filme se destacará por ter o roteirista mais idiota que a galáxia viu nascer. Disse "a" mas o artigo vai no plural, fica mais correto, embora não dê a exata medida de incomensurável cretinice dessa criatura. Sim, sou apaixonado pelo bardo, mas vejamos em que se baseia tudo que ele diz. Em entrevista na Veja ele declara que Shakespeare não era o autor do que se publicou com o nome dele porque não escreveu cartas a outros escritores dizendo que estava escrevendo tal livro. O fato de os livros serem com seu nome (Shakespeare) se deve ao fato de seu autor se envergonhar de tê-los escrito, por pertencer a uma classe nobre. Pegou um rapaz bêbado e semianalfabeto (um tal de William) e colocou esse idiota de Stratford como fantoche. Exagero?



vejamos:



Qual a razão mais convincente para achar que Shakespaeare não escreveu as peças?

Qual é a razão mais convincente para achar que ele escreveu? Deixe-me dizer, não há uma única folha de papel que foi confirmadamente escrita por William Shakespare. Para mim, existem duas questões: primeiro, não há provas documentais. Isso é um grande problema, pois não existem cartas de Shakespaeare e nem nada escrito por ele. Então temos que assumir: se ele escreveu as peças, porque tudo que ele escreveu sumiu?



Naturalmente esse rapaz tem essas folhas de papel escritas e assinadas pelo lord que ele diz ser o real autor dos textos, e também as cartas, certo? não, ele não tem. Pelo ângulo em que ele vê as coisas fica difícil viver, pensar, ou mesmo ser algo. Se pegarmos o raciocínio desse gênio e aplicarmos a tudo, chegamos ao nada.

O entrevistador o pergunta pelos motivos de ele achar que Shakespeare não havia escrito as peças e ele solta essa jóia rara da idiotice humana:

Porquê"não achar"?

Isso é incrível. Olha o mundo não é um livro de Shakespeare, cheio de argumentos geniais, mas argumento é tão estúpido que mereceria um neologismo de Reinaldo Azevedo.



Termino aqui. Chega de palhaçada!





Shakespeare é o gênio da raça toda.





O RESTO É SILÊNCIO.

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