sábado, 12 de novembro de 2011

O MEDO








Como os admiro, homens corajosos, que nada temem, que estão plantados em razão e certezas. invejo-os, porque sou só covardia e medo.


E, podem zombar de mim, os medos mais primários, mais tolos, mais femininos.

Tenho medo da sala, de não poder abraçar ninguém, de morrer.

Mas há medos que me parecem medos de sentí-los, medo de não suportar e chorar. Chorar de medo. Nunca chorei de medo. Não por ser valente, mas por não ter sido colocado frente ao mais assustador dos sentimentos: o medo.

Quando eu for ser submetido a uma longa cirurgia estarei com meus medos todos, mas um prevalece, o medo de não poder mais ver meu filho. Tudo bem, a cirurgia é de baixo risco, mas que importa a razão ante o medo?

O medo. Ah, o medo! esse sentimento desapareceu, todo mundo é valente, no mínimo corajoso. Pois é, tenho medo. Que coisa!

Medo. De criança. Medo, medo, medo.

Queria colo. Não de mãe. O teu colo. que não terei, bem o sei. Dizer pra alguém (mas tinha de ser você) que estou com medo. Dizer chorando, ou melhor, respirar fundo e não dizer nada. Me calar. Ficar em paz. Eu não seria feliz rico, nem com toda saúde do mundo, não por essa razão só, embora queira ambos. Mas paz eu só tive no teu colo.

Eu sou corajoso, sou o cão de bravo. Não tenho medo de brocas, nem sangue, nem o cheiro do hospital. Tenho medo da hora (ai!) de beijar meu branco e viajar, na hora de olhar nos olhos de meu velho e ver ele tentando me dar força, morrendo de medo.

Nunca fui brigão, nem destemido em nada. Se mato uma barata é pra salvar a vida de luizinho. Mas esse medo é diferente, não se dá no bobo das coragens, como o de Riobaldo, embora o que envolve ele se dê. Dá-se no cerne dos medos, no principal de todos os medos, o medo de morrer.

Mas se tem medo o que o reveste e adorna, não me paralisa nem me inibe. Nisso é medo de gato, segundo elaine, ou medo de quem não tem opção, ou um medo que é tão visceral e paradoxo, tão contrário ao seu princípio ou causa que chega a ser coragem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário