sexta-feira, 14 de setembro de 2018

PEDIR PERDÃO E PERDOAR



























O mundo está torto, tenho de consertá-lo. 
Não me diga soberbo, tampouco marque psiquiatra de novo.
Pensando melhor, é bem mais útil (a mim) não ajeitar o mundo.
Como eu faria?
Seria tudo por decreto, por imposição, mas não ditadura. 
Primeiro eu decretava o fim do câncer, das crianças que dormem na rua e, por lei, eu decretaria o fim do mal. Mataria o mal com tiros de azuis, como meu grande amigo e poeta, Marcelo Novaes, tão lindamente descreveu.
Só o mal seria morto!
Nada pode fazer quem não sonha o bem impossível. 
Somos poetas, sonhemos com curas e melhoras.
Somos poetas: sonhemos com Bolsonaro abraçando um veado.
Somos poetas: sonhemos que tudo será melhor, e  quando não for..., esperança.
A esperança não é a última que morre. Ela não pode morrer.
A esperança está para a vida como única coisa indestrutível.
Eu tenho um plano de melhorar o mundo todo. 
Digo: Pedir perdão e perdoar.
Todo dia, sempre. Essa minha ideia (que na verdade é do Cristo).
Pedir perdão e perdoar.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O SONHO

Eu sonho e não é com coisas grandes, nem feitos, nem vaidade. Meu sonho é tão sonho, tão honesto, tão justo, que chego a achar que não é sonho, é direito. Todo homem, vil que seja, poderá sonhar. Eu sonho.
Não diga que sou mesquinho, que só sonho para mim, que não sou humanitário. Não sou! Sou egoísta no meu sonho, sou contra coletividades. Cada um faça por si e tenha uma lei geral que o limite.
O meu sonho é só meu e é esperado. Esperado como um filho que sequer foi gerado, por isso mais querido, por isso mais amado.

sábado, 21 de julho de 2018

O gênio








Gênio não é quem estuda, é precoce,  sabe de capitais de todos os países aos quatro anos. Gênio não é o super, o hiper, nem jogador de futebol ou enxadistra. Não é cantor popular nem médio. Quem tem o direito a ser chamado "gênio"? Poucos, raros e sumidos. Pois é, eles se acabaram. Um lista eu não colocaria muitos, na literatura brasileira, um: Nelson Rodrigues. Machado escreveu coisas mais bem acabadas, refinadas, e, tomada pelo lado literário, melhores. Guimarães Rosa (isso é tão clichê, mas não inverdade por isso, que se torna enjoado), foi uma criador de um mundo no mundo, ou pelo menos no mundo das palavras. De onde vem o gênio de Nelson? Isso não é pergunta que se me faça, pergunte a Deus ou ao capeta. Nelson argumentava de maneira monstruosamente devastadora, não sendo um estilista, nem conhecedor da gramática como Rosa e Machado, estando mesmo a duas galáxias dos dois, fez a língua que se fala na rua ser literária. 
Shakespeare brasileiro? Sim e não. Sim, pelo fato de ser o maior dramaturgo de seu país; Não pela razão muito óbvia de que Shakespeare não pode ser reproduzido, imitado, comparado, nem medido. Shakespeare compreende um universo que só ele habitou. Mas Nelson não precisa de qualificativos e comparações descabidas, precisa ser lido. Quem o leu sabe que ele foi, antes de Olavo de Carvalho, antes de todos, o desmantelador e denunciador das nossas esquerdas, de nosso decaimento, de nossa imbecilização progressiva. Tá tudo lá nos seus livros, suas crônicas compiladas por Rui Castro, em suas memórias. Nelson previu Lula, o pt, a globo, o safadão, Bolsonaro, Neymar, Messi, os jornalistas de hoje, o fim da escrita no Brasil, o fim do Brasil.  Tá tudo lá, nos livros dele. Nunca ninguém acertou tanto e com tal precisão. Dirá o idiota da objetividade:"mas foi ele quem primeiro chamou jogador de futebol de gênio!", sim, foi, e dai? O gênio pode tudo. O comum não.  O idiota só o silêncio pode ser aceito. Nunca pegue as palavras de um gênio e as reproduza para dizer idiotices.  O gênio nunca deve ser imitado nem seguido, nem é confiável. Não pode imitado porque seria impossível, nem seguido por nunca ser seta nem caminho, no mais das vezes é confusão; Muito menos confiável porque pode estar errado. É comum o gênio estar errado, mas ele defenderá seu erro com tal brilhantismo que parecerá acerto.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

O morto




Não vejo no morto o que via Vinícius de Moraes, no gato morto.
Não vejo no morto coisas não mortas de tudo, como João Cabral. 
Eu vejo no morto o que de fato é: nada, mais que isso não é.
O morto não é só a carne, não é só o outro, nem o cara esfaqueado em briga de bar. O morto é o que eu serei, é o que tu será.
O morto não me interessa (a coisa morta) tanto se me dá. O que me interessa é vida, o ruim dela é acabar.
O que me diz muito é voz, sangue e luar. O que muito me apraz é o nascer, rebentar, explodir. 
Se morrer é o fim, se depois nada vier, se a consciência acabar, ainda assim vale a vida, o poema, o caminhar. 
Vale mais a dor que o não sentir nada; vale mais perder que nunca entrar em contenda; vale mais o inútil do que o não tentado. Vale mais o erro que acerto pelo acaso. Vale mais viver e ter um fim do que não ter fim por não ter começado.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

43
















É de força que eu falo. Não a dos brutos, nem guindastes, ou qualquer músculo.
Falo porque agora já não é tão fácil (mas tão bom como sempre) levar os dias, as noites e madrugadas. A luta só é boa quando há motivo, razão, medo transformado em coragem, que não existe até você não poder usar outra coisa. 
Meu filho já não cabe no meus braços, meu pai já chegou aos 70; meu passo já não é tão rápido.
Piorou? NADA PIORA!!
A vida é boa e linda: grito da\ mãe, criança vinda.
A vida é  boa e é bela: 43 verões, tantas primaveras (choveu, é verdade) mas tomei banho com a água que em alguns dão febre.
É boa a vida: singela, preguiçosa, esperança e fins.
De viver ainda não cansei.
De morrer, morro de medo.
Estou ainda aqui, aqui mais velho, mais vivido, mais vívido
Não esqueci de meus sonhos, preces e juras, e se por vezes perco a\fé, descreio de minha cura, ou abaixo a cabeça pelo peso  do ferro, é pra depois me recuperar, ir à frente.
Sim, me parabenizo sem pudor, pelos meus 43, por ser filho de quem sou; Por aguentar muita coisa que os que não passam não sabem o que é.
Estou com 43, nem sábio, nem burro; Nem santo nem capeta.
Estou mais cônscio de minha sorte e de meu azar, do que tenho de bom e o que só Jesus mudará.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

O colecionador de medos





O homem é a soma de medos. De perder, de morrer, de não ter ou não corresponder. De chegar, de se ir, de nunca estar e de estando não sentir. De sonhar, de sorrir, de chorar, de inerme. De escolher, de errar, de amar, das mulheres.


O homem é o medo do outro, do nada ou do infinito. Do feio, do normal, do bonito. De si, dos outros, de Deus, do infinito. Da cruz, da paz, do concreto, do  mito.

O homem nasceu livre e se aprisonou, cresceu, tolheu, mediu, ficou restrito. 

O homem é só, é tudo, é indizível.

O homem é a estação final onde foi partida, tudo começa e finda nele, tudo nele se afirma. 

Mas o homem e o  medo são irmãos, são parceiros. 
O homem e um colecionador de mitos e de medos.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

A vida









Viver é perigoso, o Rosa o sabia, eu sei, o cara que vende cocaína sabe, o cara que a compra mais ainda. O perigo de se viver é menor que a satisfação de estar vivo, com medo de morrer porque é bom vida, ainda que com o      risco. Eu acredito em algumas coisas, dentre as milhões das que duvido  ou não creio, todas elas não vem de serem certas nem prováveis, nem benfazejas, mas de eu acreditar. Acreditar já é muito. Acreditar é tudo. Não em Deus, não na matemática, não no óbvio, pois os três acima, e sobretudo e sobretodos, são justificados em si. Acreditar no irracional, no que não pode ser visto, no que você não pode dizer, mas se fizer te fará bem e não afetará a ordem nem as pessoas. Acreditar em besteiras e saber que se você acredita nelas, elas não são besteiras. Acreditar que tudo será melhor não, mas que tudo será igual e isso será ótimo porque o que você tem já te satisfaz. Isso não quer dizer que você não almeje ir ao caribe, comprar uma Ferrari ou se curar de um câncer. Isso quer dizer que não conseguindo o que sonhas valeu, vale, valerá, a vida. Imperfeita, imprevista, solitária, doída as vezes, de perdas, de seu fim sabido, mas bonita e boa. Por uma aurora ou um crepúsculo valeria a vida. Os insetos bem o sabem (nos meus escritos insetos “sabem”) todo mundo sente.
O morto, o que nasce, o que está no meio dela, tem de respeitar a vida ou senti-la. Sentir a vida, não como se sente uma coisa em meio a outras, mas sendo a primeira, única, objetiva.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Não houve alegria






No dia em que meu filho nasceu não houve alegria. Houve descoberta, estupor e medo. Houve choro, não saber o que fazer, e mais medo. Ele abriu os olhos e abriu a boca, eu estava com muito sono. Saí para encher a cara, comemorar o rebentar do rebento, mas não o fiz, fui dormir. Como disse, não houive alegria. Eu, ao sair da maternidade só não entendia o por quê de ser pai e não lembro se fazia sol ou chovia. Não houve alegria, houve descoberta, vislumbre, promessa. Houve uma força extra contra o mal que me cerca, Houve o cuidado de saber que Deus existe e dá a quem não merece, a quem não presta, sol e filhos.. O maior dos criminosos pode não ter filho, mas tem sol. No dia que meu filho nasceu não houve alegria, houve gritos, ansiedade, espera. No dia em que ele nasceu conheci o medo em toda sua força. Entendi que o amor não causa prazer, que amar é medo de perder.

segunda-feira, 26 de março de 2018

O quê?




Fiz o tanto que mil não fariam.
Fiz chover onde era estio sempre.
Acordei o sono e fiz dormir o que parecia aceso.
Descobri das mulheres o segredo.
Inventei uma nova dimensão,
Aristóteles, Sócrates, Platão,
desbanquei com minha filosofia.
Fiz inverno o verão porque queria,
e o que é que me falta fazer mais?

Fui de tudo incumbido e dei conta.
Fiz três gols que desancaram Pelé.
Compus rap com Jards Macalé,
Cantei bêbado com Arrigo Barnabé.
Acabou a noitada eu fui pra praia.
Encontrei a verdade e me calei.
Resolvi o teorema de Fermat,
provei o que Einstein só supunha,
mostrei os erros da monalisa.
Sol estava à pino eu fiz-lhe brisa,
o que falta eu fazer mais.

Fiz um rasgo no tempo e nas galáxias,
orientando de novo os planetas,
recontei o tempo e descobri que o tempo
é coisa do passado.
Briguei com um leão amedrontado, tive pena\ e muito não bati.
Só de birra todo Shakespeare reescrevi, pra mostrar como se conta uma história.
Fiz bem mais, mas me foge da  memória, e o que é que me falta fazer mais?

quarta-feira, 14 de março de 2018

Na morte de Stefhen Hawking







Pelo livro que tentei ler, pela doença que tiveste, pela alegria, pela força, por tudo que pode um homem não podendo nada físico, por teu ateísmo que reforça em mim a prova de que há um Deus e que ele te deu força mesmo tu o negando. Valeu, homem gigante. Não entendo tua ciência, entendo tua força. Precisamos escolher, nós homens sem escolha, o caminho possível, que sempre será o da alegria, vencendo o medo, rindo da vida, amando o que resta além do limite físico. Para onde fores que lá não haja descanso. Para ti nunca o descanso foi  sonhado, para mim também não. Deus existe, nisso você errou, no resto acertou em tudo. Não falo do cientista, falo do homem. A grande coisa que descobrirás será agora e não poderás contar a ninguém: Deus existe, fecha a equação, te abrigará. Deus seja contigo.