domingo, 26 de agosto de 2012

CONVERSAS


Para Elaine




Para que serve amizade?
Talvez para isso: visitar uma amiga que não fala.
E o amor?
Esse não serve para nada.
Os filhos?
Servem para nos fazer cretinos.
A poesia?
Serve para tentar evitar o inevitável da morte.
Me prove o bom da amizade, do amor, de Deus e da poesia!
Não posso.
Por qual razão preza coisas inúteis e improváveis?
Não sei.
Seja sincero, ao menos uma vez!
Serei, mas só essa.

Deus, amor, poesia e amizade são inúteis e improváveis, concordamos. Mas...

Mas...?

Para que servem coisas úteis?
Você é quem deve dizer.

Não sei explicar.

Você é retardado?

Acho que não.

Você é medíocre!
E você decepcionante.
Esperava mais de mim?
Devo dizer que sim, o chamam gênio do mal.
Queres me ofender?
Quem sou eu...
Ridícula essa falsa modéstia!
Não fica bem essas excessivas exclamações, esses chiliques, essa coisa de mulher apaixonada, essa... bem... veadagem.
Quer mostrar superioridade?
Não posso estar por baixo.
Sou rei!
De algo que nem de algo pode ser chamado. Rei do frio, do vazio, do vácuo.
Quer me dar lições? convencer-me de luares?
Não, de modo algum, tenho de ir à casa de uma amiga recém operada.
Lhe perguntei para onde iria?
Só  se pode responder, nunca afirmar?
Não banque o esperto, você quis jogar na minha cara sua amizade, seu desprendimento, sua tolice.
Sim, estás certo.
O diabo pode estar certo?
Claro que sim. O diabo quase sempre usa a verdade.
E quando mente?
quando fala de Deus, do amor, da poesia e da amizade.
Posso saber porque?
Por não poder sentir.
Como assim?
Deus, amor, poesia e amizade, estão para você como o frio para o metal, como o silêncio para o som, um não pode afetar o outro, nem mudar-lhe, nem estar em sintonia. São dispares, diferentes, nem chegam a ser oposto. Não tenho pena de você, sequer você existe. Há um criador, quem destrói sou eu. Acabou a brincadeira. Diabos não existem, é somente nossa desculpa, para não pararmos as guerras, estuprar, mentir, roubar. Fazer o diabo. E quem sabe depois colocar a culpa em Deus.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

UM TEXTO SOBRE UMA MÚSICA GENIAL



















Não deveria escrever sobre meu pai, não deveria escrever sobre nada, ou deveria escrever sobre tudo. Gosto de escrever, gosto de mostrar sentimentos, gosto de ser chorão. Detesto coletivos. Gosto de pessoas, não de povo, nem aglomerados. Gosto de bitóia totóia, gabi, pedro, minhas duas irmãs, meu filho, um menina que não sei o nome, não de crianças. gosto de Marcelo, Cabral; Pessoa; Baudelaire; Manuel;Castro Alves; Vininha, não por serem poetas, mas por escolhidos por meu gostar. Não tenho "pais", tenho um pai. Só sei ser isto, só sei ser assim. chorando e sorrindo por nada, acreditando no bom que há de vir. Juro que engano o tempo, juro que não sinto ele passar, escutando vininha, cuspindo no pt, morrendo de noite, nascendo de manhã. Quem me vir triste se enganou, quem me viu burro, pegou a pior parte. quem me mensura com medidas mesquinhas eu as estouro, arrombo, sobro, alago. Me tenho por muito, sou fundo, não raso. Eu crio um filho, eu durmo eu acordo, eu vago no mundo, eu sano eu endoido. Eu beijo, eu mastigo, eu endireito eu entorto, eu semeio, eu dizimo, eu encolho, eu aumento, eu te miro, eu te cego, eu desprezo, eu contemplo. Eu inundo, eu deserto, eu não crio, eu invento. Eu não morro, eu vicejo, queimo, ardo, arrebento. Trago junto a mim os meu livros sagrados, os meu um mandamento, minha calma e tormenta, meus quereres, meus desprezos, minha angustia, meu prazer, minha toda poesia, meu dizer: é assim! meu escrever pra você, meu querer só pra mim.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O CONTADOR DO TEMPO

Eu tenho noção exata do que seja poesia. Eu não escrevo poesia. Não tenho nenhuma espécie de frustração. Por isso posso escrever que gosto sabendo-os o que são: bobagens, bonitas bobagens. Mas bobagens sinceras são mais comovente e do que pretender o que não posso. O nome do blog é "O ADMIRADOR" porque sei admirar. Mas admirar  é saber também desprezar, preterir, comparar, catar feijão, como disse João. Vai um  poema de Marcelo Novaes, que escreveu uma porrada de poemas, vai linkado o no nome dele os blogs nos quais escreveu. 






MARCELO NOVAES
















Eu estou sempre na grande escadaria.
Eu estou no barco de pau a pique, entre
as duas margens do Rio Pardo. Eu não
sou quente. Eu não sou frio. Eu aguardo.










Viro um copo de aguardente - num só
trago -, e te meço, de cima a baixo. Eu
não estou no topo, mas no meio. Não sou
vesgo, não sou torto. Nem, tampouco, feio.
Aciono teu medo por controle remoto, pois
já descobri o jeito.









Maneira estranha de estar no mundo, na
grande escada: distribuindo ervas e guirlandas.
Apontando estradas. Sempre com nova postura.
Muitas vezes, no agachado. Mas agora de pé, onde
me equilibro. Forte. Rijo. Forte demais pra pretender
só uma das margens do rio.











De onde estou - bem no meio -, eu reúno as duas.
Eu miro as margens, e as possuo. Comparo os passos
dos que passeiam dos dois lados. Conto sombras e
grãos de areia. Antecipo as correntes do rio com
meus olhos de vidro. Frios. Azuis.Um azul anil.











Se me olhar, de repente – à tua esquerda, nunca à tua
frente -, saiba: eu assobio. E acordo uma memória que
dormia em tua mente.











Eu estou sempre na grande escadaria. Não sou morno,
não sou quente. Pesadelo ou fantasmagoria. Não estou
no topo, mas no meio. E sei contar o tempo. Sem perder
segundo. E do rio - bem do seu meio -, eu sei o mundo.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

SE ACABAR DEUS FAZ OUTRO










Nem todo dia dá praia. 
Nem toda praia dá surf.
Nem todo frio cinzento,
nem todo gol é golaço.
Nem toda falta é vazio,
nem tudo sobrar, opulência, 
Nem toda morte é assassinato,
nem qualquer rezar, penitência.


Nem não faltar é sobrar,
nem aturar, paciência,
nem crescer é aumentar, nem conhecer ser ciência.
Nem dormir é descansar, 
não ser mal, benevolência.
Nem não ter pra onde ir é ficar,
nem todo sertão,  Gonzaga. 
Nem todo mesmo é igual,
nem todo igual aquela,
nem todo mar é só sal,
nem todo som reverbera.

Nem todo gato é bonito, 
nem todo lado é esquerdo,
nem todo amor é o meu, 
amor de choro, de enterro.

Nem todo pai é o meu, 
nem toda chuva me gripa.
Nem o bom é só seda,
nem o ruim é só chita.
Nem o mundo acabou,
nem acabará um dia.
Se acabar Deus faz outro, manda a gente de volta pra folia.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

CAETANO VELOSO










Caetano Veloso disse que deve-se adorar as gias (g ou j?) e as coisas que não são jias (j ou g?) A bíblia diz que javé não quer que se ame as gias, nem as coisas que não são jias, só a ele. Quem tem razão? Caetano, como não seria ele?! Não adoro humanos, admiro os que são talentosos, façam o que fizerem, ganhem quanto ganharem. Alguns os tenho como professores. Não adoro nada no sentido idiota que se dá à palavra na bíblia. Adorar como no sentido de redes sociais eu também não "adoro", gosto, amo, adorar não. Não que eu santifique uma palavra, mas exatamente pelo contrário, pela vulgarização que as palavras sofrem. É abominável essas super-super adjetivizações. O que pode ser maior palavra que defina o amor do que "amar"? nenhuma.  Então dá-se à um comportamento idiota de pessoas primárias, um sentido de super-amor. Adorar não é um super-mega-hiper-power, gostar, é se prostrar diante de deuses ou natureza ou coia que o valha. Amar já é o máximo, e eu amo quem tá fazendo aniversário hoje.
Pelos 70 anos dele, por suas canções, seu chorar na morte de Tom Jobim, por tudo de bom que ele é, beijo, Caetano, amo você.  Hoje é um dia bendito por ser dia dele, maldito. E não venha com essa de ele não tomar conhecimento de minha existência, de eu lhe ter tanto amor não correspondido, de amar sem sequer ter o amor enxergado. Quem nunca amou uma pessoa pela alma nunca amou nem pode ser amado.


SALVE CAETANO. SALVE, SALVE.






sexta-feira, 3 de agosto de 2012

OS GATOS SÃO "O CARA"













Vinícius De Moraes escreveu um poema sobre gatos, e quase o céu caiu em minha cabeça quando li. Disse "quase" porque uma vez ele caiu. Estava em pé, próximo da cama, e ao ler o último verso de "o ferrageiro de carmona", de João Cabral De Melo Neto,  caí sentado na cama. Dirão meus leitores mundo afora: (se vivemos em tempos imodestos, sejamos imodestos com força) você não está exagerando? não deixo-se cair gostosamente por estar ao lado de uma cama? fosse um precipício você cairia? mesquinharias! ninguém l~e poemas em precipícios, quando se está à beira de um, se está com medo suficiente para não querer saber de poesia,  ou ... porra, mas que diabos é isso?! voltemos ao Vinícius e os gatos. A certa altura do poema do vininha ele diz que nada se parece mais vivo que um gato morto. Faz tempo que li o poema e a frase não é bem assim, mas é nesse sentido. Os gatos são os caras. Os grandes gênios nunca tiveram gatos. Tinham medo do olhar dele. O olhar do gato é revelador, nos mostra como ele nos despreza. Goethe, quando escreveu o Fausto, deve ter olhado para si e pensado: tu és foda! o que te falta fazer mais? tivesse um gato próximo, o olhar do bichano diria a ele: idiota! 
A superioridade do gato não é advinda de sua argumentação, gatos não falam ( aqui só fica desinformado quem não vem) o olhar do gato é loquaz demais para ele precisar de boca e cérebro, mesmo Shakespeare, não teria argumentos contra os gatos, não por os gatos não poderem, mas por não quererem. Semana passada vi esse vídeo, quase morro de chorar (eu só não exagero, o resto faço) ao ver um gato sofrendo. Eu nunca tinha visto uma coisa tão pungente, tão dolente, tão...chega de rimas imbecis, vamos ao gato sofrendo.






terça-feira, 24 de julho de 2012

O PRÍNCIPE E O SAPO











Eu ia falar do Lula, desisti. Gosto do belo, não de sapos. Vou falar do professor, do príncipe, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, de um gigante. O Lula tentou e tenta o que não pode, nunca poderá, sujar o impoluto, rebaixar o que não alcança. Se vê na internet coisas nojentas comparando os governos do príncipe e o do sapo. O sapo ganha em números absolutos, e os que seguem o sapo, se deleitam com isso. Apreciadores de sapos não gostam de príncipes e vice-versa. 
Como é fácil ser o que somos. A frase é idiota, mas fica. Brasileiros se dividem em dois grupos hoje em dia, só dois, nenhum mais, os que admiram sapos e os que admiram príncipes.
Os sapófilos alardeiam números absolutos onde estes não cabem. Dizem: nosso sapo gerou milhões de empregos mais que o teu príncipe, gerou mais riquezas, fez isso e isso a mais que o teu príncipe, superou-o em vários quesitos, expandiu programas sociais, elevou crédito... Eu não tenho muito a explicar a idiotas, não tenho nada. Lanço aqui uma parábola (Cristo o fazia para deixar óbvio aos idiotas o que lhes parecia obscuro) vamos lá, sapinhos, vamos lá: Havia um lugar caótico, fora do mundo, da realidade, e com um monstro terrível e indestrutível (supunha-se)  pois todos tentaram matar o monstro e todos falharam. Aparece um príncipe, mais um que tentaria destruir o  monstro que não deixava o lugar sair do caos. O príncipe inicia a luta e tem um outro inimigo além do monstro, e talvez pior porque sabotador, mesquinho, desleal. Trava-se a luta. O príncipe vence, todos boquiabertos. Agora tinha que tirar o lugar do caos. Organiza o lugar, cria mecanismos de desenvolvimento, e sai de cena com um lugar organizado, pronto para ser um lugar de fato. Depois do príncipe vem um sapo. Dentro de tudo o que príncipe criou, com todos os mecanismos do príncipe, com as armas deixadas pelo príncipe,  o sapo pode dar ao  lugar mais um pouco de circo. O sapo se torna querido e o príncipe esquecido ou odiado. O sapo nega o que o príncipe fez, e exalta a si. O sapo diz que fez tudo sozinho, não fez nada. todos os adoram, ou quase todos. Há um outro grupo minoritário que admira o príncipe, aponta o dedo para ele e diz: ELE MATOU O MONSTRO!  Os sapistas esqueceram do monstro, esqueceram que com o monstro não haveria nada, seria o caos.
O príncipe está sereno, como não estaria? ele é príncipe e matou o monstro. O tempo passa e os idiotas também. Quando um ser no futuro for se informar sobre o que aconteceu naquele tempo desinteressante, terá tédio. Se for curioso lerá sobre o tempo em que lugar se viu uma disputa sem nexo, um disputa irreal, entre um príncipe e um sapo.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

COM MEDO

Que seja dito: Deus não me livre de sofrer, me livre de não aprender com a dor.  Que nunca me deixe crer em um deus de testamentos, que eu olhe para mim como causador de tudo bom e de mau. Que eu aprenda que nunca se  aprende tudo. Que eu entre na idade madura com olhos e coração de quem não tem idade. Que Deus não me livre das coisas e pessoas de fora, mas me livre de mim, de minhas lamas. Que Deus não me perdoe se um dia eu embrutecer. Que me leve quando eu não chorar, quando tempo me secar os olhos, o mundo está morto para os sem lágrimas.


A Deus peço que eu não seja salvo para um céu sem poesia. Um céu sem poetas que vá os que o querem. Não pretendo estar em céus onde não haja poesia. Cada dia eu peço menos e agradeço  mais. Não que eu tenha tudo, não que eu seja rico, não que eu sejas atleta, muito menos tenha fama. É que olho os mendigos, os  nos hospitais, e os que nem família tem. Ai eu entendo o complexo da vida, e o motivo de não endurecer.
  


A que vem isso?
É que estou com medo. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

É BONITA!





















Quando eu for submetido a uma cirurgia verei tudo como em clichê de filme ou livro vagabundo, mas posso recorrer à surrada frase e dizer que ali passará o filme de minha vida. Estou completando 37 aninhos e querendo mais. Pitocudo tem dez anos e já não cabe nos meus berços sonhados, em meus planos de nunca ele sair de onde eu possa o vigiar. É o tempo, dona vida, com seu "ser tempo", o seu passar.

Não brigo com quem não possa ganhar. O tempo envelhece mas ensina, traz-nos pesos mas as formas de carregar, dá-nos medo e as maneiras de tentar, dá-nos o o que pode ser ruim ou benfazejo, dá-nos rugas e paciência, dá-nos saber ou senilidade, mas no seu auge não dá nada, tira tudo, tiro do mundo o mundo, tira do tempo o tempo, falta de voz a quem já é mudo.

O tempo tem de ser compreendido, amado e sobretudo respeitado. Nunca houve quem fosse tão bom ou forte ou bonito, que o vencesse. Ele trabalha em silêncio e com calma, fazendo você gostar do que um dia acaba. 

O tempo é um falso parceiro, nunca ficará do teu lado. Te dá falsas impressões, falsos entendimentos, te faz pensar que és eterno quando és... já foste. 


É preciso amar o tempo. Ter-lhe respeito. É preciso ouvir Caetano Veloso. É preciso ver o pajem de terno, moreno e com cabelos. É preciso olhar os poetas de antanho, os de hoje e saber que o mal anda bem.


Viva uma ano a mais.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

AOS PETISTAS

Imagine o Brasil hoje sem FHC. Vamos lá, usemos o raciocínio de Lula, que nega méritos a quem deveria lamber os pés. Vamos lá, voltemos no tempo e coloquemos Lula como presidente em 1994. Inflação de 44% ao mês Lula faria o quê para debelá-la? daria um calote no FMI, colocaria Maria da Conceição tavares ou Mercadante no ministério da fazenda, aumentaria salário com indexadores que supliciavam a nossa economia, não abriria o mercado para o mercado externo, não teríamos privatizações, enfim, seria o caos.
Lula foi contra o plano real, contra privatização, contra lei de responsabilidade fiscal, contra o bolsa família (quando era com FHC não prestava, era esmola) foi contra tudo. Quando ganhou, depois de Fernando Henrique, foi contra tudo o que era contra no governo anterior, copiando-o, seguindo-o, mas criticando a quem seguia. 


Claro que para ser petista é necessário uma cavalar dose de ignorância, idiotice, safadeza ou tudo junto. Mas peço a algum idiota que vote nessa cambada que me desminta em uma linha aqui. Veja bem, uma linha só. Onde eu errei ou menti?
Tudo que aconteceu de bom nos últimos anos se deve ao fato de FHC ter passado antes, arrumado a casa. 




VENHA UM PETISTA AQUI E ME DESMINTA.   


VOCÊS SÃO IDIOTAS, ESTÚPIDOS, SEM ARGUMENTO LÓGICO.