sábado, 20 de abril de 2013

UMA ANTOLOGIA





Nunca fui o poeta, não seria santo, nem cultor de cinema americano. O que eu sou é coisa pouca, é  coisa alguma, é fácil ser. Mas quem quererá ser igual a mim?
Com que propósito, com que fim?
Ai está. Sou sem propósito, sem fim, indefinido e ando em círculos.

Sempre digo do que gosto, do que não gosto. Isso muda o quê? quem se importará? há poetas  a ler, coisa em que o tempo seja mais útil para quem  lê. Mas se posso vou contar, leia quem queira, goste quem gostar. E é faca sem dois gumes e contudo corta pelos dois lados.  Porque se me disserem chato, medíocre, ou o que seja, lembro-lhes que lhes avisei, que lhes previni: aqui não tem poemas nem frases geniais, nem nada para aprender. Eu só falo de mim, de estar vivo, de viver.

Aqui eu falo de como as coisas se dão e como eu as vejo. De como eu choro ou rio, do que engulho e o que desejo. Do que considero luz, e o que na treva vejo.

Percam tempo não, comigo nem com o que escrevo. Tem sempre o mesmo tom e as mesmas palavras tensas e chorosas. Sou uma antologia de choros, sou uma antologia de bobos. Sou uma antologia de noites, de pontes, de madrugadas. Sou uma antalogia de amores, de livros, de nadas. Um nada que é tão abstrato, indefinido, caótico. Sem definição possível, sem enquadrar-se em nada, que por ser inexato, que por não ter definição, vai na sendo coisa real, paupável, concreta. Como se nada fosse a pedra, como se tudo fosse como vemos ela.

Como se o muito e o nada se esbarrasem em fina camada. Que de tão fina, de tão tênue, de tão de perto ligada, sejam não duas coisas, mas uma só inteira, partilhada.


Sou mais um no mundo, e ele tá lotado. Sem dotes especiais, nem habilidades. Não tenho o que ensinar, nem conselhos, nem vantagens. Qualidades são raras, mas dentre elas uma admiro mais, é minha capacidade de admirar. Contemplar como quem reza de frente para o mar. dobrar os joelhos em frente as coisas bonitas.

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