quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

SEMPRE









Há os bons, os médios, e os Chico Buarques. Há os feitos, as conjecturas, e os gols de Romário. Há os times, campeões, que só tentam, e o Vasco. Há os poetas, medíocres, bons, e Cabrais e Bandeiras. Há os que admiro, os que desprezo, os que venero. Há os momentos: de sofrimento, de felicidade, os no teu colo. 


Sempre há de haver, posto que vive nas eras insone e desperto, sempre à vista, nunca óbvio, sempre latente, nunca de fora, o Cristo sagrado, verdade amorosa, verdade da verdade. Insone e desperto, pungente e concentrado, seguido até por quem o tem rejeitado. 


Sempre existirão os amores, os horrores, e meu filho dormindo. Pais como eu, pais como tu, e o velho Luiz, que é amor até quando em fúria, até quando é triste.


Sempre há de haver um poema novo, um poema antigo, e eu os contemplando. Se for parnasiano, moderno, romântico, de cordel ou do que seja. Falando de amor, de um bêbado que copula, de um rio, ou de uma musa, haverá os que admiram, depois de mim, como os que vieram antes. 


Nunca cessarão as guerras, as brigas religiosas, os que roubam seringas de hospitais para dar a empreiteiras, prometendo desviar rios, ou rodovias inviáveis. Mas antes e depois deles hão de haver FHCs, dando fim a nulidades.


A mãe que joga o filho no lixo, a que tenta entender  o filho morto, e a que o tem no braço. O lado de fora, o de dentro, e o largo. As doenças, as vacinas, paliativos, curas, e o último suspiro. O primeiro choro, é o segundo, e o aprender com eles. Os professores, advogados, rufiões, e curandeiros. Os que aprendem, os que ensinam, os Shakespeare. Os  quentes, os frios, e os que Jesus vomita. Os que me emocionaram, os que me irritaram, e o Padre Fábio.




O que me assusta, me fascina, me incendeia, é que nesse "haverá" eu não "serei", ou serei em outro estado. Morto eu, tudo cessa? tudo será acabado?
não amor, isso não cessa, será revivido, será relembrado, em um amor do futuro, em um amor do passado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário