quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PLANO REAL

O espantoso no petismo não é só a mentira descarada, cínica,  é sua capacidade de tornar o certo em errado, e vice-versa. O Brasil cresce e vai bem, não tanto quanto os petistas dizem e os idiotas que acreditam acham, mas vai bem. A que isso se deve? qualquer ser humano minimamente informado, que não receba grana do pt (vai em minúscula) que não seja um imbecil da sola do sapato aos fios de cabelo, saberá que o crescimento de hoje se deve ao controle da inflação. Ponto. Não haveria crescimento com inflação. Então o controle da inflação foi o primeiro passo.. Um passo difícil de ser dado; um passo tentado por décadas, por vários presidentes trocas de moeda, planos econômicos desastrosos, desengano, desilusão, e muita frustração. O que parece fácil hoje, não o era quando foi criado o plano real, que acabou com a inflação de décadas, que foi o marco zero de um país que cresceria mais tarde e teria ambições legítimas de se consolidar e crescer. 
É bom lembrar a quem não tem idade ou memória o que é inflação. Eu lembro. Inflação não é só alta de preços. É o aumento sistemático de preços (de todos) pelo mesmo índice. Quando Fernando Henrique Cardoso, assumiu o ministério da fazenda do governo Itamar, a inflação mensal girava em torno de 40% mensais. Uma coisa que custasse R$ 100,00 hoje, mês que vem custaria R$ 140,00; no outro mês R$ 196,00; no terceiro R$ 274,00; ao fim de um ano custaria... bom, lembro que se trata de juros cumulativos, e que ao fim de um ano o que custava R$ 100,00, passaria a custar mais de R$ 5.500,00 reais! isso é devastador, dentre outras razões, por tirar a capacidade de referência, perde-se a noção dos valores das coisas.

TEXTO DA REVISTA VEJA DE 1994:



SACRIFÍCIO - O brasileiro comum odeia a inflação há muito tempo e as vítimas do monstro estão por toda parte. O funcionário público mineiro Wellington Campos Coutinho passou três anos pagando as prestações de uma sala que pretendia dar de presente ao filho, que estuda economia. Quando começou a pagar as parcelas, a inflação consumia 10% de seu salário. Este mês, Coutinho desistiu: a prestação consumiria metade dos 650.000 cruzeiros reais que ganha como fiscal federal. "Tive que desfazer o negócio", reclama.
O Brasil, um país com 150 milhões de vítimas da inflação, amadureceu bastante na maneira de encarar o dragão. A maioria das pessoas concorda que não há chance de estabilizar a economia se os cofres públicos continuarem furados. O que falta é alguma unidade, entre políticos, empresários e chefes sindicais, sobre a forma de distribuir o sacrifício implícito num programa sério de ajuste. É esse problema político que está impedindo a batalha final contra o monstro inflacionário. Não há no Brasil de hoje forças políticas capazes de impor uma linha de ação contínua aos demais atores sociais. Cada grupo quer uma coisa e não se vai para lado algum.
Todo mundo parece ter alguma coisa contra o ajuste. As corporações de funcionários se opõem à privatização das estatais com receio de perder seus privilégios, que são maiores do que se imagina. Na semana passada, a Secretaria de Administração Federal divulgou um relatório com os salários nas estatais. Há gente ganhando 19.000 dólares por mês no Instituto de Resseguros do Brasil, empréstimos sem juros nem correção aos empregados da Telebrás e funcionários dos escritórios da Petrobrás, no centro do Rio de Janeiro, ganhando adicional de periculosidade. Os usineiros do Nordeste não querem perder subsídios. Os empresários ameaçam aumentar seus preços toda vez que se sentem ameaçados com mais impostos. Estados e municípios querem continuar comendo a mesma fatia da torta federal. Há duas razões para isso. A primeira é a resistência ao sacrifício. A segunda é a desconfiança quanto aos que querem os cortes - neste momento, Fernando Henrique e sua equipe.
Para efeito de ajuste, o Brasil está funcionando como uma família de egoístas. O salário do chefe não cobre o gasto e todos sabem que é preciso cortar alguma coisa para que a casa não caia. Mas a mulher não abre mão do perfume, a filha adolescente não dispensa o curso de balé e o menino quer de qualquer jeito um skate novo no aniversário. Assim não dá.

Esse era o Brasil, comprava-se um sala pagando por ela 10% do ganho mensal e chegava-se a 50% do salário. 








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