quinta-feira, 11 de novembro de 2010

PENA DE SI MESMO





Eu estou escutando uma música que eu amei. É do Chico César. Eis um trecho:




Olele, olalá. segurei Carimbó siriá, carimbo síridó é gostoso, é gostoso em Belém do pará.



Não sei se escreve assim, mas assim vai.



Vai um recado junto, para você que me lê (na internet acha-se coisas idiotas sem querer)e veio dar aqui sem querer.

Não fique lendo essas merdas que escrevo. Faça alguma coisa que preste, ou leia Machado De Assis, lhe será mais instrutivo. Mas este é um texto que vale a pena ser lido.

Eu sempre escrevo em letras maiúsculas, pois sofro de mal de Parkinson. E muitas vezes fica difícil..., bom, não vou explicar isso. Quem tem mal de Parkinson sabe que coisas como tomar um banho, escovar os dentes, girar o corpo, em alguns momentos do dia, são bem complicadas

Pois é, tenho mal de Parkinson, sei o que é você dizer para sí mesmo: porque isso foi acontecer comigo?

O que é pior: ter mal de Parkinson ou ser pobre?

Certo, tudo bem, qualquer imbecil diria que é preferível ser saudável e rico.

Deixe agora eu falar de mim, como Lula faz, e chora, e com ele o brasil se comove, se emociona, se ridiculariza.

Tenho Parkinson desde os 26 anos. Com vinte e cinco eu tinha uma saúde total. Com vinte e cinco anos ninguém adoece, muito menos desse mal. Então eu ganhei uma loteria às avessas. O que eu passei foi difícil, poucas pessoas na vida entraram em consultório médico, saindo de lá com a convicção de morreriam muito antes do que esperavam ( meu primeiro diagnóstico foi de esclerose lateral amiotrófica, que é letal e mata em poucos anos). Agora tenho 35 anos, há 9 (quase 10) tenho Parkinson, e a essa altura nesse preciso momento, eu estou quase paralisado, me levantarei para tomar remédio.





Aqui estou, eu, o vate, o bardo cor de abacate. Título me dado por Marcelo Novaes, maior poeta brasileiro. E com toda pompa que o título me confere, eu digo: escutem uma música do chico cesar, ou do Buarque, vão pra recife de madrugada, olhem as pontes de lá e lembrem de joão cabral; releia ou leia o que Cristo disse, sobretudo isso.

Pense nessa história, que me parece tão verdadeira mas tão falsa para os ateus.

O que tem eu, lula, chico cesar em comum?

Tudo. Somos ambiciosos, mentimos, agimos por vaidade e por nosso bem estar.

Então se vai se comover com alguém, com uma história de vida, se comova com a de Jesus Cristo. Eu sou feliz, tenho amigos que me amam, familiares idem, e mesmo quando o Parkinson me enche, eu não perco o bom humor.

Lula passou fome na infância e chora aos quase setenta por isso. Minha história pessoal não é comovente. Se alguém pode dizer-se feliz, esse sou eu. Por saber que não existe felicidade futura, só a presente. Se você acha que será feliz no futuro, saiba, e é o vate quem diz, que você é infeliz, será infeliz sempre. Não existe felicidade futura. Tem uma música do gil que diz: “o melhor do mundo é aqui e agora”.

Com Parkinson, travado, pobre, sou feliz. Muito. Gosto de meu filho ir pra casa da mãe e eu ficar morrendo de saudade. Gosto de meu ventilador, de água gelada(com bastante gelo) de ligar pra minhas irmãs pequenas e chamar-lhes chatas, e ouvir a voz da menor me chamando de bocoió. De ver meu pai jogando baralho, de ver o filho da lu com a linguinha de fora, de conversar com putas e dar-lhes conselhos, de ver o moacy cirne montar guarda porque uma barragem vai sangrar, de reler Shakespeare, de falar merda, e de muitas outras, são muitas, que me fazem rir ou chorar, mas por amor, nunca por pena de mim mesmo.

E o que tem a música do chico cesar com isso?

Eu escutei ela e fiquei meio veado, tive vontade de rebolar. Nunca rebolei, não sóbrio. travado como estou menos ainda. Mas que a música e do caralho, isso é.

Sejamos felizes, não caiâ-mos em picaretagens sentimentais. Uma história merece ser lembrada e contada para sempre, a de Cristo. A minha, a de lula e a de chico cesar, devem ser des-contadas.



Ôlelê, ôlalá....

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