quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ONDE TE OLHA A NUCA






MARCELO NOVAES







Eu sou a tua companhia secreta,

desde a sombra das idades.

Eu sou o Poeta dos poetas.







Sou a resposta à tua invocação

por um pressuposto bom,

até então ausente.









Eu sou o pressuposto,

o olho onisciente antes

do teu rosto.







Afasto o que te ameaça

a partir de dentro, desde

que me saibas em teu

íntimo.









É só o que peço: que não restrinjas

o meu espaço e me consintas para

que caiba por entre as frestas do

teu desejo por tantas outras

coisas que não eu mesmo.









Eu sou o bem que, por enquanto,

só se vê de longe, ainda que venha

antes e anteceda toda a tragédia

que te constrange.









Eu sou o que vê por detrás de tua

face congelada, onde te olha a nuca,

quando te viras e não vês nada.

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