segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

25 DE DEZEMBRO

Então é natal... Não, não faço votos de mundo melhor, de nada grandioso ou alegria perene pra ninguém.  Faço votos de que suas dores sejam suportadas com sabedoria e parcimônia. Meus votos não são para que não erres (vais errar) para que não peques (vais também)  para que tenha vitórias (viver é aprender a perder) para que alances o que almejas. Meus votos (e sei da nulidade deles) é que cada um procure o caminho de casa com leveza no voltar e quando sair, saia  desarmado, com o coração solto e leve. Que você leve um esbarrão e, idante do olhar insolente do quase agressor, peça desculpas. Que ao ver uma senhora ou senhor no ônibus, dê o lugar. Que não emporcalhe sua cidade. Mas o principal, o cerne, o centro, o caroço, é isso: É O DIA DO NASCIMENTO DE JESUS CRISTO. SE VOCÊ DUVIDA DELE (EU TAMBÉM SOU ASSIM) PENSE AS PALAVRAS DO MESSIAS. "ORAI PELOS SEUS INIMIGOS PORQUE SE FAZES O BEM SÓ A QUEM TE FAZ, QUE MÉRITO HÁ NISSO/" AS ´PALAVRAS ESTÃO INEXATAS MAS ESSE É O SENTIDO. 

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Cada pessoa é uma catedral





Se você quiser te mostro o poeta, em bronze. Ele já não respira, não exala, não é mais nada. Foi poeta. Você ai compreenderá o sagrado segredo do tempo, que passa, que leva, que nunca traz. 
Se você pedir eu te explico sobre o que nunca soube e talvez descubra, ao falar do que ignorava, que não o ignorava tanto assim.
Se você entende o que dizer o que diz: Eu sou eu só! Então me entende. Minhas lutas são sempre sós e não carecem apoio ou aplauso, nem xingamento, só respeito me basta. Só que se calem quando eu passar e não dramatizem nem riam.

Eu vi as coisas que não se deve ver: crianças com  câncer, que vão morrer; Um pai com sua filha questionando Deus. O choro das putas, o de meu pai cantando Gonzaga, e outros como  os de Lia.

Não me ca\nso de nada, nem de meu cansaço. 

Se você parar pra ouvir, no centro da cidade, ouvirá um som que só você escuta, verá o mundo como só você vê. Porque somos únicos, irmão, não existem dois igual. Não somos nada que se generalize, somos, cada um, uma catedral.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

VALENTINA

Enquanto esperas teu filho, escuto Djavan. Na madrugada. Tão Ipsep, tão nossa cara. Tudo passou, nada se acaba. Tudo já não é, mas foi bonito. Nossa amizade, nossos porres, suas brigas, eu as acalmando. Não éramos pai, nem adultos, só moleques, só crianças. Ai vieram os filhos. o teu, o meu, agora de novo o teu. O tempo passa, amigo-irmão-comprade, e não tem cabelos ou cordas onde possamos segurar. E quando já não formos, quando já não houver mais "quandos" ai sim findará nossa amizade. Não, não findará nossa amizade, ela é maior que nós. Nós teremos fim, ela não.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

O QUE TE PERTENCE?






O tempo não transige, não espera, apenas passa.
Traz e leva tudo; Dá, e saiba que não é seu o que deu. 
Teu carro é teu, tua casa, tua roupa?
Por um tempo. 
Um tempo, só isso. 
O que te pertence e nunca te faltará é o que não precisa ser afirmado.
Não precisa escritura, recibo, comprovante de qualquer espécie. 
O que te pertence não precisa que você diga "meu", nem de exclamar isso.
O que te pertence não se enumera nem se escalona ou mede em preços. 
Nada te pertence se precisa ser dito "seu".
Se algo te pertence você nunca temerá perder dentro de si.
Ainda que se acabe, não exista mais ou se perca, estará em você, em sua cabeça.

domingo, 23 de setembro de 2018

O que me espanta é o sono do assassino, a certeza dos burros, e as crianças na rua.
A promessa dos políticos, a vingança dos sem razão e a razão nunca reconhecida.
O que me vale é ter força pra ir em frente, meu pai, meu filho e mais gente, que amo e me serve de farol.
O que me importa é não perder o medo, não perder a gana, não perder minha pouca fé.
O que eu preciso é descanso, mas por pouco tempo.
O que me falta eu acharei, procurando, não comprando.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

PEDIR PERDÃO E PERDOAR



























O mundo está torto, tenho de consertá-lo. 
Não me diga soberbo, tampouco marque psiquiatra de novo.
Pensando melhor, é bem mais útil (a mim) não ajeitar o mundo.
Como eu faria?
Seria tudo por decreto, por imposição, mas não ditadura. 
Primeiro eu decretava o fim do câncer, das crianças que dormem na rua e, por lei, eu decretaria o fim do mal. Mataria o mal com tiros de azuis, como meu grande amigo e poeta, Marcelo Novaes, tão lindamente descreveu.
Só o mal seria morto!
Nada pode fazer quem não sonha o bem impossível. 
Somos poetas, sonhemos com curas e melhoras.
Somos poetas: sonhemos com Bolsonaro abraçando um veado.
Somos poetas: sonhemos que tudo será melhor, e  quando não for..., esperança.
A esperança não é a última que morre. Ela não pode morrer.
A esperança está para a vida como única coisa indestrutível.
Eu tenho um plano de melhorar o mundo todo. 
Digo: Pedir perdão e perdoar.
Todo dia, sempre. Essa minha ideia (que na verdade é do Cristo).
Pedir perdão e perdoar.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O SONHO

Eu sonho e não é com coisas grandes, nem feitos, nem vaidade. Meu sonho é tão sonho, tão honesto, tão justo, que chego a achar que não é sonho, é direito. Todo homem, vil que seja, poderá sonhar. Eu sonho.
Não diga que sou mesquinho, que só sonho para mim, que não sou humanitário. Não sou! Sou egoísta no meu sonho, sou contra coletividades. Cada um faça por si e tenha uma lei geral que o limite.
O meu sonho é só meu e é esperado. Esperado como um filho que sequer foi gerado, por isso mais querido, por isso mais amado.

sábado, 21 de julho de 2018

O gênio








Gênio não é quem estuda, é precoce,  sabe de capitais de todos os países aos quatro anos. Gênio não é o super, o hiper, nem jogador de futebol ou enxadistra. Não é cantor popular nem médio. Quem tem o direito a ser chamado "gênio"? Poucos, raros e sumidos. Pois é, eles se acabaram. Um lista eu não colocaria muitos, na literatura brasileira, um: Nelson Rodrigues. Machado escreveu coisas mais bem acabadas, refinadas, e, tomada pelo lado literário, melhores. Guimarães Rosa (isso é tão clichê, mas não inverdade por isso, que se torna enjoado), foi uma criador de um mundo no mundo, ou pelo menos no mundo das palavras. De onde vem o gênio de Nelson? Isso não é pergunta que se me faça, pergunte a Deus ou ao capeta. Nelson argumentava de maneira monstruosamente devastadora, não sendo um estilista, nem conhecedor da gramática como Rosa e Machado, estando mesmo a duas galáxias dos dois, fez a língua que se fala na rua ser literária. 
Shakespeare brasileiro? Sim e não. Sim, pelo fato de ser o maior dramaturgo de seu país; Não pela razão muito óbvia de que Shakespeare não pode ser reproduzido, imitado, comparado, nem medido. Shakespeare compreende um universo que só ele habitou. Mas Nelson não precisa de qualificativos e comparações descabidas, precisa ser lido. Quem o leu sabe que ele foi, antes de Olavo de Carvalho, antes de todos, o desmantelador e denunciador das nossas esquerdas, de nosso decaimento, de nossa imbecilização progressiva. Tá tudo lá nos seus livros, suas crônicas compiladas por Rui Castro, em suas memórias. Nelson previu Lula, o pt, a globo, o safadão, Bolsonaro, Neymar, Messi, os jornalistas de hoje, o fim da escrita no Brasil, o fim do Brasil.  Tá tudo lá, nos livros dele. Nunca ninguém acertou tanto e com tal precisão. Dirá o idiota da objetividade:"mas foi ele quem primeiro chamou jogador de futebol de gênio!", sim, foi, e dai? O gênio pode tudo. O comum não.  O idiota só o silêncio pode ser aceito. Nunca pegue as palavras de um gênio e as reproduza para dizer idiotices.  O gênio nunca deve ser imitado nem seguido, nem é confiável. Não pode imitado porque seria impossível, nem seguido por nunca ser seta nem caminho, no mais das vezes é confusão; Muito menos confiável porque pode estar errado. É comum o gênio estar errado, mas ele defenderá seu erro com tal brilhantismo que parecerá acerto.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

O morto




Não vejo no morto o que via Vinícius de Moraes, no gato morto.
Não vejo no morto coisas não mortas de tudo, como João Cabral. 
Eu vejo no morto o que de fato é: nada, mais que isso não é.
O morto não é só a carne, não é só o outro, nem o cara esfaqueado em briga de bar. O morto é o que eu serei, é o que tu será.
O morto não me interessa (a coisa morta) tanto se me dá. O que me interessa é vida, o ruim dela é acabar.
O que me diz muito é voz, sangue e luar. O que muito me apraz é o nascer, rebentar, explodir. 
Se morrer é o fim, se depois nada vier, se a consciência acabar, ainda assim vale a vida, o poema, o caminhar. 
Vale mais a dor que o não sentir nada; vale mais perder que nunca entrar em contenda; vale mais o inútil do que o não tentado. Vale mais o erro que acerto pelo acaso. Vale mais viver e ter um fim do que não ter fim por não ter começado.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

43
















É de força que eu falo. Não a dos brutos, nem guindastes, ou qualquer músculo.
Falo porque agora já não é tão fácil (mas tão bom como sempre) levar os dias, as noites e madrugadas. A luta só é boa quando há motivo, razão, medo transformado em coragem, que não existe até você não poder usar outra coisa. 
Meu filho já não cabe no meus braços, meu pai já chegou aos 70; meu passo já não é tão rápido.
Piorou? NADA PIORA!!
A vida é boa e linda: grito da\ mãe, criança vinda.
A vida é  boa e é bela: 43 verões, tantas primaveras (choveu, é verdade) mas tomei banho com a água que em alguns dão febre.
É boa a vida: singela, preguiçosa, esperança e fins.
De viver ainda não cansei.
De morrer, morro de medo.
Estou ainda aqui, aqui mais velho, mais vivido, mais vívido
Não esqueci de meus sonhos, preces e juras, e se por vezes perco a\fé, descreio de minha cura, ou abaixo a cabeça pelo peso  do ferro, é pra depois me recuperar, ir à frente.
Sim, me parabenizo sem pudor, pelos meus 43, por ser filho de quem sou; Por aguentar muita coisa que os que não passam não sabem o que é.
Estou com 43, nem sábio, nem burro; Nem santo nem capeta.
Estou mais cônscio de minha sorte e de meu azar, do que tenho de bom e o que só Jesus mudará.