quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Ele falava, eu entendia: - Você precisa escutar a rebeldia.
Ele falava, eu entendia: - nós precisamos conviver em harmonia!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014



Há que se ter cuidado e atenção com tudo e com a vida. Sobretudo com o que fica. O que fico não são as coisas que muito nos tocam ou apavoram; as que muito doem ou que nos muito alegram. O que fica é o que o tempo não leva; sendo poucas essas, há de se guardá-las, há de se retê-las, são o  que nos restarão e o que valeram a pena ter tido e vivido
.

SOBRE O QUE NÃO VOU CONTAR




Sempre que acordo acordo leio a  veja (no site) tenho raiva do pt, ódio de Lula e um certo mau humor. Sou avesso a escrever e ver coisas sentimentais ou as lê-las. Acordei cedo, desci e minha mãe ia para feira com minha irmã, fazia café e aproveitei para tomá-lo com tapiocas. Ainda que eu fosse um ídolo de rock americano isso seria desimportante até para os fãs dos ídolos de rock americano. Como não sou, continua sendo desimportante. O que escrevo é para mim dizer sobre o que me vem à cabeça ou dá na telha ou para não explodir, como as vezes faço. Vez em quando rivotril, vez ou outra rezo, quando meu compadre vem: puteiro, e descanso como quem nunca pecou e nem tenho medo lembrado de meu pai. Fazia anos que ele não vinha a minha casa e saímos juntos e sós, solteiros e em paz e alegria de celebração. Celebrar uma amizade. E bebemos e farramos, vimos o dia raiar. O que fizemos foi de conta nossa. Nem haveria o que explicar nem se lamentar. Respeitamos a todos, fizemos amizades e sorrimos muito. Meu amigo é louco e não cuida da saúde, se continuar comendo o que como e bebendo o que bebe, estará morto em pouco tempo. Eu não tenho saúde, só bebo em casos em que ele venha a caruaru (isso demorou uns 10 anos) mas tenho parkinson há quinze anos e não me iludo: a coisa uma hora vai acabar.

Vemos nossos filhos juntos e brincando, olhando meu compadre e o passado de farras homéricas que fizemos, veio-me a alegria de aceitar a passagem do tempo, de me preparar para o que seja. Como  diria Caetano "ter coragem de saber-me imortal".

Não existe lugares certos ou errados, tampouco pessoas certas e erradas. Só uma coisa me interessa agora: respeito. Respeitar aos outros e a mim. Onde estiver ou sair seja com respeito.



Tudo é estar pronto. Tudo é não ter medo. Essa é minha verdade. Foi descoberta por mim.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

ARCANO XXXI: DOS INCÊNDIOS & INCENDIÁRIOS





MARCELO NOVAES


Alguém dirá que o Poeta
acendeu a fogueira noturna
para a solidão dos mendigos.


A este que o terá dito, fica a
condenação de todos os poetas
de fato, pelo sacrilégio contra
Acendedores de Fogueiras.


Quem acende o fogo, transcende
Palavras & Melismas. Melindrem-se
os sacrílegos com tão óbvia
veemência.


O poeta não rasgou o Véu de Maya:
sequer transcendeu o Calendário.
Alguns tentaram. Acenderam
Lampiões, no máximo.


Ao poeta, ou a todos, não deve
ser concedido fervor ou fascínio:
heresia contra aqueles que o
mereceriam. E estes sempre
dispensam infantilidades.


Concedam-nas, pois, aos
cantores de rock, blues &
pop: a todos os ávidos por
fã-clubes.


Aos anjos e santos não se cantam
louvores. Não lhes compraz tal ato,
ainda que se lhes cantem e cantem e
cantem, como se crianças fossem.


Já me parece muito que
não lhes sobrepuje o Cansaço,
diante dessa multidão de vozes.


Se se quer acender Fogueira aos
Mendigos da noite, ateie-se Fogo
aos altares onde figuram poetas,
indevidamente.


E ponto.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

SANTOS E POETAS



Poucas coisas são tão dolorosamente pungentes quanto duas crônicas de Nelson Rodrigues, esse tarado anjo, esse safado sagrado. Uma delas fala de um homem que salvou seu filho, que por ele e por isso, será sempre lembrado; a outra de sua filha, cega de nascença, amada como pode o amor de um pai, como pode o amor de um pai por um filho cego: amor compassivo em ser amor, cortante, dilacerado.
Homens são só isso, São menores, são medrosos e sem verdades. O que os elevam são suas dores, seus engolir choros amargos. 

Me lembre de uma crônica de Rubem Braga na hora de minha morte. Queria isso de última lembrança. Morrer amando o que amei a vida toda. Morrer com calma é o que faz minha angústia, meu desespero agora. Quero que no fim das minhas horas eu seja não saudade nem tristeza. Quero morrer poeta. Quero morrer menino. Quero morrer sem certezas. Quero morrer sem esperar nada. Em paz comigo e sem vigarices de outra vida depois dessa. Se tiver (creio que há) que não seja essa minha meta. Que não busque eu recompensas. Não quero o fim que todos buscam e de que falam nas igrejas. Nada de outra vida sem poesia, com coros de anjos dia e noite, com fanatismos sem razão. 

Se houver outra vida, se outro nível de consciência em que não me concebo estar, deixe-me morto. Prefiro-me morto a estar vivo sem pensar.

Prefiro-me pecador e poeta à santo sem sentir. Quem não sente não é santo, os santos sentem até demais. Santos são poetas e poetas não são santos. Santos são nasceram santos. Santos são poetas. Poetas não chegam a ser santos sem ser perseguidos por satanás. Não existe santidade sem o inferno por trás. Não é que os infernos façam santos, mas o forjam. 

Entenda que não escrevo para lhe desagradar. Reconheço seu carinho, reconheço tudo o que fez por mim. Só tenho a lhe agradecer. Mas sou eu, nem mais nem menos, e é isso que sempre vou ser.

domingo, 5 de outubro de 2014

FHC





Poucas vezes o refrão de estarmos em uma encruzilhada terá sido tão verdadeiro. Neste domingo os eleitores carregam para a votação o peso de uma responsabilidade histórica. E o mais grave é que, dadas as condições do debate eleitoral e as formas prevalecentes de manipulação da opinião pública, boa parte do eleitorado nem atina qual seja a bifurcação diante da qual o país está.

Em uma das mais mistificadoras campanhas dos últimos tempos, a máquina publicitária e corruptora do PT e aliados espalhou boatos de que Aécio acabaria com os programas sociais (em grande parte criados pelo próprio PSDB!) e Marina seria a expressão dos interesses dos banqueiros, tendo nas mãos, com a independência do Banco Central, a bomba atômica para devastar os interesses populares. Por mais ridículas, falsas e primárias que sejam as imagens criadas (também eram simplificadoras as imagens do regime nazista ou do estalinista para definir os “inimigos”), elas fizeram estragos no campo opositor.

A guerra de acusações descabidas escondeu o tempo todo o que a candidata à reeleição deixou claro nos últimos dias: suas distorções ideológicas. Fugindo aos scripts dos marqueteiros, que a pintam como uma risonha e bonachona mãe de família, e do PAC, a presidenta vem reafirmando arrogantemente que tudo que fez foi certo; se algo deu errado foi, como diria Brizola, por conta das “perdas internacionais”. Mais ainda, disse com convicção espantosa ser melhor dialogar com os degoladores de cabeças inocentes do que fazer-lhes a guerra, coisa que só os “bárbaros” ocidentais pensam ser necessária.

E o que é isso: socialismo? populismo? Não: capitalismo de estado, sob controle de um partido (ou do chefe do Estado). Um governo regulamentador, soberbo diante da sociedade, descrente do papel da opinião pública (“não é função da imprensa investigar”, outra pérola dita recentemente por Dilma), com apetite para cooptar o que seja necessário, desde empresários “campeões nacionais” até partidos sedentos de um lugar no coração do governo. Algo parecido com o que o lema do velho PRI mexicano expressava: fora do orçamento, não há salvação; nem para as empresas, nem para os partidos, nem para os sindicatos, para ninguém. Crony capitalism, dizem os americanos. Capitalismo para a companheirada, diríamos nós.

E sempre com certo ar de grandeza, herdado do antecessor: nunca antes como agora. Para provar os acertos, vale tudo: fazer citações sem respeito ao contexto, escamotear as contas públicas ou até mesmo, para se justificar, dizer que “nunca ninguém puniu tanto os corruptos como este governo!”. Como se as instituições de estado (Polícia Federal, Ministério Público, Tribunais etc.) fossem mera extensão dos governantes.

Criou-se um clima de ilusão e embuste usando-se uma retórica baseada no exagero e na propaganda. Será isso democracia? Estamos, pouco a pouco, apesar de mantidas as formas democráticas, afastando-nos de seu real significado. Como em alguns outros países da América Latina. Com jeitinho brasileiro, mas com iguais consequências perversas. O modo de governar(democraticamente ou não) é tão importante para mostrar as diferenças entre os partidos quanto as divergências de orientação nas políticas econômicas ou sociais.

Por mais que a propaganda petista mistifique, as políticas sociais têm o rumo definido desde a Constituição de 1988. Executadas com maior ou menor perícia por parte de quem governa, com maior ou menor disponibilidade de recursos, o caminho dessas políticas está traçado: mais e melhor educação, mais e melhor saúde, mais e melhor amparo a quem necessita (bolsas, aposentadorias etc.). Já a política econômica perdeu o rumo e destrói pouco a pouco as bases institucionais que permitiram consolidar a estabilidade e favorecer o crescimento da economia.

No conjunto de sua obra, o governo atual rompeu o equilíbrio alcançado entre estado, mercado e sociedade é dá passos na direção de um modelo à la Geisel. Tal modelo é incompatível com a democracia e com a economia moderna. Não poderão sobreviver os três ao mesmo tempo.

É este o fantasma que nos ronda. Reeleita a candidata, a assombração vira ameaça real. Ameaça à economia e ao regime político, pelo menos quanto ao modo de entender o que seja democracia. Não é preciso que nos ensinem que democracia requer inclusão social e alargamento da participação política. Esta foi a luta de meu governo, desde o primeiro dia, em condições muito mais adversas. É este governo que necessita aprender que a inclusão e a participação verdadeiramente democráticas requerem defesa vigilante das liberdades fundamentais (especialmente de imprensa), autonomia da sociedade civil, separação entre partido, governo e Estado. Como o governo mostra dificuldade em aprender, só há um caminho: votar na oposição.

Mas em qual oposição? Com o devido respeito às demais forças oposicionistas, que deverão estar juntas conosco no segundo turno, há um candidato e um partido que já demonstraram na prática que obedecem aos valores da democracia, da inclusão social e da modernização do país. Já mostraram também que sabem governar. O PSDB e seus aliados lançaram as bases sociais e econômicas do Brasil contemporâneo. Aécio é a expressão deste Brasil. Governando Minas, fez seu estado avançar (o estado tem hoje o melhor IDEB do país no ensino fundamental) e marcou sua administração por inovações na forma de estabelecer e cobrar resultados. Não foi o único governador a se destacar no período recente, mas esteve sempre entre os melhores. Meu voto, portanto, será dado a Aécio, não só por ele, mas pelo que ele representa, como uma saída para a encruzilhada em que nos encontramos.

Urzes



Marcelo Novaes


Serás Tu, Poeta, Alguém atrás
do Verso Extremo e, por tal labor
[e tanto], agora [já] extenuado?


Tenho sondado notícias tuas,
há doze vinhos.  E Tu insistes no
Extremo, ainda que a Musa te
sopre: “Impossível!”


É o Corvo de Poe no teu ombro.


E insistes, no entanto. Insistes no
Extremo.


Eu, de minha parte, tenho
experimentado o que chamo de
“declínio artístico”. Por ser
de baixa estirpe, minguante,
com a sensibilidade das
urzes.


Por, talvez, menos ligado ao
ritmo dos dias e do corpo, dos
ônibus e dos trens.


Ritmos que Tu, Poeta, conheces
Bem. Como as flautas anteriores às
noites e manhãs.


Ainda que não voe o Corvo
de Allan Poe. Ainda que a
Musa insista em seu
Refrão.


Tu, porém, não Desistes.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Ai vem o ptzinho e seus canalhas e miquinhos dizerem: FHC deixou o país com 12% de inflação e Lula deixou com 6%! Esse é o jogo do pt (sempre em minúscula) comparar sem critérios coisas diferentes no tempo com parâmetros nenhum ou com parâmetros petistas (o que é pior). Se é pra comparar inflação por quem pegou de quem e quanto deixou para quem, FHC humilha ainda mais. FHC acabou com a inflação, colocou o país nos trilhos, recuperou o crédito e o respeito internacionais, modernizou a economia, saneou o sistema bancário, criou a lei de responsabilidade fiscal, fez o Brasil que Lula se gabou de ter feito. Não é reconhecido pelos idiotas, o que é mais uma qualidade dele.