UM POEMA DE MARCELO NOVAES
É bom para o nosso filho
estar longe da gritaria, brigas,
barulho, vozerio, azul petróleo.
É bom para ele estar perto do
preto e fazer memória; aproximar-se
dos buracos, quando necessário.
[Das fendas, com olhos de aprendizado].
E que cite seus próprios verbos,
construa o calendário contando
senhas e prioridades, semanas e
procissões, outeiros sugeridos nos
Evangelhos.
Que tenha o mapa nas mãos
e alimente animais no cio [antes
e durante], com cheiro doce.
Decifre o gesto do lobo acuado,
antes de sê-lo: discernindo o cerne.
É bom para o nosso filho achar-se
em meio aos esforços de cavar e cavar
e cavar a ferrugem e o cansaço, da pá
até o osso.
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