segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Duplo



"Sou um caranguejo de duas bocas, uma age a favor, a outra contra". Não lembro se a frase é de Caetano ou Cabral, acho que do Caetano. Acho não, tenho certeza. Foi no manifesto-poema "acrilírico", de Caêtas. 
Jogo contra e a favor. Me vejo pelo lado mau (com uma voz detestável mas ainda assim veraz, e portanto mais detestável, pois, como diria o poeta-filísofo-maluco alemão: todo homem teme a nudez.
Meu lado bom (e até Hitler o tinha, e sem espanto veja na net se minto, era afável com os seus e adorado por gente que convivia com ele) é o que levo mais em consideração, por quê? Salomão responde numa das frases mais assustadoramente perfeitas sobre o ser humano: vaidade das vaidades, tudo é vaidade. 
É mais fácil escutar a lisonja que o corretivo. Mais fácil tomar um sorvete que fazer exercícios. 
Sou um ser humano de duas vozes interiores, minha consciência do que deve ser feito e a vontade de fazer o que convém. É dessa opção que defino quem sou, se um homem pequeno, se um de bem. 

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