terça-feira, 5 de junho de 2012

UM BAIÃO DE GIL





Ela diz que traição não é deitar, fazer amor. traição é como quando Fallstaff olha pra Henrique e sente gelar a alma, no livro de  Shakespeare. Mas a traição é uma coisa ainda mais sofrida, se o mesmo Shakespeare é representado por Kenneth Branagh (acho que é assim) A traição nunca encontrou um rosto como o desse ator Shakespeariano. A traição que o olhar de Henrique lança sobre o de fallstaff é a arte levada ao lugar onde ela deixa de ser arte e passa a ser vida. Quando você sentir coisas que não pode descrever por estar estupidificado com umas palavras em papel, tais as de Dostoievski, em noites brancas. Quando ler Hamlet (todo) mas sobretudo a parte em que ele fala sobre a morte. Quando você vir o beijo de Corisco em Dadá no filme de Glauber, ou o olhar do filho que carrega o caixão paterno, no blog do Marcelo Novaes, ou a desilusão-sarcástica de Brás Cubas, ou um sertão de um pistoleiro absolutamente genial, ou ler o ferrageiro de carmona, do poeta da cara de pedra, ouvir o chorar incontido de Caetano Veloso na morte de Tom Jobim, querer abraçar os cachorros e beijar todo mundo (isso se deu ontem, comigo, escutando Oswaldo Montenegro) e mais no âmbito familiar, e esse você não pode ver, peninha, mas haverá os seus ardores amorosos familiares, todos tem, poucos percebem. Eu percebo. Por isso percebi quando meu pai cantou assum preto pra miinha irmã, e isso vai comigo pra onde eu for. Pra onde eu for vão comigo os mesmos blablabás de antes, inclusive, como não?! as pontes. Eu não posso esquecer o que me deixaria sem mundo, sem referência. Tudo que arte pode o mal não pode. Se você for ao centro de Recife, no pátio de São Pedro, ver o maracatu e não se arrepiar. Dentro da ilha de itamaracá, ainda com poucos anos, uns 18, eu ia pra beira-mar à tardinha, ficava lá, ficava lá. Eu não sou exemplo, nem nada demais, mas se não degenerei, se sou consciente que o mal deve ser evitado, ainda que o pratique, isso se deve as coisas que associei ao bom, a Deus. Eu não devia escrever tanta bobagem, mas isso não é blog pra instruir, nem pra nada. É como na música de Gilberto Gil: Só que esse canto que eu canto é pra de zen. Não tem sentido, não serve pra nada e é  pra ninguém. Pra ninguém botar defeito e não ter porém.

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