domingo, 17 de junho de 2012

DO JEITO QUE ESTÁ













Fará 64 anos e eu peço a devida vênia ao tempo para dizer que de minha parte ele venceu o espaço medido cujo intervalo é mensurado em dias, ou semanas, ou anos. É eterno. será extemporâneo ou atemporal, como um baião de Gonzaga, como em Recife o carnaval; como em mim o amor por ele, como do mar o sal. Sim, é ele, é de novo, mas como não seria? ele fará aniversário, será como sempre, será como antes, talvez eu até durma, talvez eu sinta tédio, mas nunca, nunca, nunquinha, eu posso não amar o tal dia. O ambiente é sempre igual, as pessoas,  a comida, e aniversariante-ora, ora...- é o mesmo, porém, ah porém... Dia 26 meu pai fará aniversário, 64. Mas sempre achei-o um velho. Quando eu tinha 10 anos ele tinha 32! Mas não gostando do tom explicativo retomo o sentido do que quero. Bobo é quem tem medo de parecer ridículo, como um palhaço que se sentisse ofendido por ser chamado de palhaço, ou um gato que se pretendesse tigre. Sei o que sou, o que tenho de bom, o que tenho de mau, e o que não sei definir. O gato que se acha um tigre não incorre no erro de se querer-se acima do que é, isso não é erro. O erro advém do esquecer-se de ser gato, de esgotar os recursos que tem, de não perceber que o tigre não é melhor que o gato, é maior, só e maior. 


Filosofia vagabunda?


Só conheço filosofia vagabunda ou grega. Quando os gregos se foram, e já faz uns três dias isso, restou ao resto o resto. Mas o que haveria para ser dito depois de Shakespeare? o que foi dito: nada! 


Sim, ele fará aniversário. Dia 26. O quanto eu posso eu digo que o amo. Que sempre falarei do amor por ele. Que o que possa parecer exagero, e talvez o seja, e pouco me importa. Amo-o. Nunca mostrei nada que escrevo a ele. Nosso amor não é chato, nem melífluo. Vendo-nos alguém diria: onde está o amor deles? e teria razão. Implicamos um com outro, em tudo. Ele está sempre errado. Melhorou muito sua visão em política.


Não, nunca nos amamos pelas qualidades uns dos outros. Amamo-nos por sermos pai e filho, porra! que mundo idiota de porquês. Eu não sei onde nem como o mundo acabou. Já faz tempo, eu nem  nascido era. Creio que foi alguns anos antes de 75. Sendo meu pai abandonado pelo pai, resolveu ser o que é. Como sou anacrônico como o amor de um filho pelo pai, e deram aos idiotas o direito de se manifestarem, vai aqui meus parabéns ao meu pai. Sem mais. E viva muito, seu Luís, do jeito que está: com saúde, bonito, amado. 

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