sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Agora são 15!




Você é o que cresce, é o que medra, o que impulsiona e que mantém a seta apontada no alvo certo. Você é quem dá sentido as coisas e as põe em conformidade e harmonia. Para não ser chato, nem me estender, te digo: Parabéns! Para que saibais quanto eu te amo espere o dia em que venha de você outro ser.
Tudo de bom e o que for ruim, força. O que puder com o peso, levante. Reconheça seu limite e dos outros. Ame e chore quando doer. Não queira demais, não se tenha em baixa conta. Não subestime nem superestime nada nem ninguém. Que teu limite seja maior que tua intenção. Enfim, que as palavras que tu guarde seja a do Cristo.
AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO VOS AMEI.
beijos de teu pai.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Harold Bloom, que eu admiro e cujo intelecto e conhecimento estão muitíssimo acima do meu, escreve no seu livro sobre Shakespeare, que o bardo tinha um inteligência "sem limites". Sou partidário da admiração sem concordar com o que se diz apenas por quem disse ser isto ou aquilo. Uma genialidade dita por um idiota é um genialidade e ponto. Uma cretinice dita por um sábio (e Harold Bloom é um) é só uma cretinice.
Que  Shakespeare foi o maior intelecto que a humanidade conheceu eu concordo. Nada que eu vi em raciocínio, cognição e capacidade criativa se compara ao bardo. Sua inteligência era colossal, superior a tudo e a todos. Mas sua inteligência tinha limites.  Eram gigantesca como o mar, abrangiam um lugar enorme, como o mar, mas, como o mar, conhecia limites. Só uma inteligência não conheceu limites, a de jesus Cristo. 

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

ISSO ME FAZ FORTE



Bom seria se Caetano só cantasse, que o sol fosse mais ameno, que se fizesse 1/10 do que se promete em eleição. 

Que não houvesse teoria, dialética, explicação. O sim fosse sim e o não a negação.

Que nada causasse escândalo. Não por falta de moral, mas pelo fim da moral que seria banida por não existir quem pensasse no mal.

Não chega a sonhador (os remédios acabaram com meus sonhos dormindo e Shakespeare com os acordados. Sou grato a ambos. Nunca fui de gostar de sonhos dormindo e menos ainda de ser bobo ou bocó em achar que haverá futuros dourados. 

Mas sendo homem, sendo desse gostoso fardo, sei do erro do sonho mas sonho o sonho negado. O sonho dito realista que serve para nos manter acordado. 

Sonho em tons azuis e fulminar de azuis meus inimigos (essa frase é de Marcelo Novaes, amigo e poeta, e é deslumbrante).
Sonho com coisas que não verei nem meu filho verá, o fim das guerras, dos medos e dos mínimos. 
As dores e  doenças desaparecerão. Ruim será o que hoje é bom perante o ótimo que virá. 

Não sou um sonhador mas gosto de pensar que haverá melhora, que tudo se encaixará. 
Não sou um sonhador mas quero acreditar. Acredito no meu acreditar. E isso me faz forte. 

sábado, 17 de setembro de 2016

O respeito



Sentes o medo em tua presa?
O falho de teu ato?
O falso do teu erro?
A fome de teu gato?

Nem tudo é contrário ou antítese.
Nem tudo é só mentira e  verdade.
Não só se dividem as coisas entre
lado e outro ou duas margens.

Tudo é complexo demais,
Tudo engendra ou enseja.
Nada é fácil nem será,
Ainda que mais não seja.

Não, não me dei o direito de escrever poesia. Mesmo porque não delibero sobre isso.
Dei-me, dou-me e dar-me-ei o direito de dizer.
Ainda que ninguém peça, ainda que ninguém olhe.
Se não tenho o que acrescentar nem embelezar a nada, nada deveria escrever, correto? Não!
Minhas preferências são o que amo. Amo porque minhas. Como o baiano eu respeito minhas lágrimas mas ainda mais minha risada. Me respeito tanto para não me levar a sério. Tanto que não levarei a sério mais nada além de meu chorar e de minha gargalhada.

sábado, 3 de setembro de 2016

Deus me perdoe





Tudo se acaba ou pelo tempo ou  se consome em si mesmo, como câncer, como o vício.
Nada fica, nada sobra, nada há que se posso dizer "meu". O bom da vida é isso! Como pode alguém querer ser eterno? É presunção demais e amor a vida  de menos. A  vida é única e acaba e fim de papo. Aceitar isso é ter coragem e força interior. Buscar explicações fáceis para ser e existir e sonhar com paraísos de felicidades perenes, me parece medo e somente isso. Eu fui nos hospitais, nos asilos, nos poemas loucos de homens que pareciam imortais e ainda os escuto mesmo mortos, mas são fantasmas. Fernando Pessoa está morto; João Cabral, Castro Alves e... pasmem, Shakespeare! O que me faz pensar que viverei eternamente? e que graça teria uma vida que não se acaba?
Sim, estive nos hospitais. Passei no setor de oncologia e vi crianças carecas e com dores na alma. Dores indizíveis. Mais doídas porque de criança, mais sofridas por ser sem o aparato de que disponho para me defender das minhas mágoas.
Acho as palavras do Cristo sublimes e devoto todo amor por ele, mas haverá em mim sempre aqueles rostinhos sofridos na minha retina cansada. Sempre, no meio de minha fé haverá aquela dor naqueles rostos. Queria crer com intensidade total,  queria me convencer que existe uma razão para os rostos das crianças com câncer... Queria... Deus me proteja de minha descrença, Deus me perdoe por não crer nele.

domingo, 14 de agosto de 2016

No dia dos pais

Pai não cansa, não cessa, não morre, não falta, não silencia, não bate, não mede, não dorme até o abrir do portão.
Pai é bobo, pateta, palhaço, nunca otário. Nunca estará errado, terá sempre o melhor motivo.
Pai é o que não sabe amar  (quem sabe?).
Pai é o amor com pena, com dó das possíveis dores vislumbradas no futuro do filho. Pai é chato. Muito chato. Uma chatisse que, coisa estranha, será dor quando cessar.
Não pode um filho saber do pai se não for pai. Aliás, poder pode, mas nunca com o riso pateta de constatar como é ridícula a maneira de encarar ridícula as ridículas manias que seu pai tinha.
Pai é sol. Pai é vida. Pai é algo que se já não o temos perto, temos dentro.
Aos filhos que já não tem pais, meus sentimentos e respeito. Aos pais que perderam os filhos, meu silêncio. A dor de um filho sem o pai é a que mais temo. A dor de um pai que perde um filho é para além de mim, de meus nervos, de minhas conjecturas.
Pai é tudo, pai é porto.

O pai de Guimarães rosa, o pai de Goethe, o pai de Jesus, o pai do pitão, o pai do luizinho...  Não importa o que seja ou faça o homem, o que pense, seus critérios morais, seus medos. Quando se diz: PAI, diz-se muito. Iguala-se o humano e o divino. Quando diz-se "pai" se terá dito tudo.

sábado, 13 de agosto de 2016

O sonho do poeta





Sinto mais pesado um dos lados do meu corpo -que não morto de tudo está- e vivo ou sobrevivo em facas educadoras, em pedras, em cactus, menos no diamante, mais no pouco, no seco, no exato.
Entre coisas que desgastam, entre coisas que se acendem, bailarinas inflamadas, touros, pontes e sevilhas. 

Aprendo com suas touradas que a poesia está completa onde ela não foi sequer pressentida.
Que não havendo morte o que há é falta de vida. 
Aprendi e guardo comigo, que não provém a beleza da coisa em si advinda. Que beleza  vem (na poesia) não de do que é, mas de como é descrita. Poucas coisas são em si mesmo bonitas e encerram em si sua beleza. A lua, o mar, o sol. Não se há de escrever poemas que apenas disto tratem (para tal já existem os poetas de Carpina) nem se falará de musas e ninfas. Tem que extrair de onde é improvável, de onde  é impossível. Impossível é o que não pode amarrar o poeta, nem prender-lhe pelo rabo. Ao poeta tudo é lícito desde que não descambe para o feio. 

O pecado do poeta é o feio, o simples, o vulgar. Os lugares-comuns, a frase feita, o pensamento dos outros. Ao poeta é dado o direito de não ser bom poeta, não é dado o direito de querer fingir sê-lo.

O poeta não chora, ele soluça.
Ele não ama, ele, ele constrói o amor para que outros amem.
O poeta não dorme, ele morre e volta a ser quando acorda. 
O poeta não sente, ele arde.
A dor do poeta não cabe em sua lágrima, e isso o angustia,
A fome do poeta não cabe em seu estômago.
O riso do poeta é de que vive o mundo.
Que o medo do poeta nunca se concretize.
Que o sonho do poeta seja tão real que não seja mais sonho de poeta.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Assassinado por um poema







"É preciso que a poesia se imponha", falou Caetano. Meu pai cantou "assum preto" e nem lembra disso, mas minha irmã mais velha deve lembrar, encheu-se-lhe de lágrimas seus olhos.
Marcelo Novaes fulminou de azuis os anjos negros. Deu-me o anti-horror, a poesia bruta-flor. Ontem quase me mata (já algumas vez atenta contra minha vida) com sua destotificação, com sua descontrução de ideal e ideias prontas.
João Cabral, morto atenta sempre (um dia conseguirá) contra minha boba existência.
Se morre de poesia? NÃO!  Mas é só do que se deveria morrer.
E virá o dia (e ninguém notará) em que morrerei fulminado por um poema escrito ou vivido. Saíra em jornal espalhafatoso e -coisa estranha- não chamará atenção a manchete: "HOMEM MORRE EM CARUARU, FULMINADO  POR POESIA."

quinta-feira, 23 de junho de 2016

SOBRE DIFERENÇAS




A pior desgraça do mundo não é o imbecil. É o imbecil que diz: gosto não se discute!
O gosto do idiota é que não se discute. Mas há o idiota conformado em sê-lo, esse não discute suas opiniões, as guarda para si (por pueril, não por sábio) as tem como tivesse um fusca, que sendo um carro e possuindo características de carro, não é assim... Um carro!
O outro tipo de cretino, monstruosamente pior que o dito acima, acha que todo o universo é feito nas medidas dos seus sentidos (estou infernal!) e o que não pode entender, ridiculariza, maldiz, tenta diminuir.
Então você se acha melhor que o fã de Luan Santana?  Claro que sim! Restringindo a superioridade ao nível de uma característica estética-cognitiva, que não me dá vantagem alguma sobre a pessoa, mas sobre um aspecto dela. O que uma pessoa é, o é pela soma de qualidades ou de uma apenas que sobressai a todas.  Ser bom caráter não é compreender textos complexos, e sim, basicamente sentir amor pelo próximo.
Volto ao ponto: O idiota pode ser idiota e chorar por Luan Santana, mas me poupe do rito, me evite o dito.  Não posso, não poderei, não poderia. Meu olhar vê Fernando Pessoa, meu discernimento foi amamentado pelo bardo de Stratford. O que eu admiro você não pode admirar; o que você admira eu não posso, mas nunca pelos seus motivos. Entendeu? Não!?
"OS DITOS INTELIGENTES DORMEM NOS OUVIDOS DOS NÉSCIOS"

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A cura





Minha irmã surpreende-se ao me ouvir dizer que ainda espero cura para minha doença. Surpreendida e com certa lágrima  disfarçada.
Eu espero cura para o mal de parkinson. Não espero nada que precise ser desencadeado no futuro para ser feliz. Sou feliz com meu mal. E se as vezes (tantas) sou mau, vaidoso, mesquinho, o diabo; Não é por vítima, é por culpa. Não do destino, acaso ou esferas celestes, é pelo capeta que me sorri e eu me esqueço das lágrimas do Cristo.
Estou soberbo em minha condição de vascaíno. Estou esperançoso em me curar um dia (pode ser o último de minha vida) e não temo a morte. Que mais posso querer? Muita coisa. Viver é antes de tudo: querer. Acertar o passo, o  relógio e o tom de voz. Não voltar a pedir perdão pelos pecados que já foram perdoados. Nunca por outro motivo que não este: Não cair na mesma rua, no mesmo buraco.