segunda-feira, 29 de julho de 2013

FOFURETE



Talvez eu não tenho o riso e o gostar inscritos em meus gestos e face. Não seja explícito nem expansivo, ou mesmo minimante amável, mas sei ler o gestos da alma, respeito amizades. Não me mostre por aparências. nem nos lugares que estou faça-me presente quanto na saudade. Mesmo a mentira da qual se indignas em meu displante em contar-te, não é mentira toda, ou antes e mentira de poeta, só mentira na metade. Ou verdade de poeta, verdade só em parte. -Mas não existe verdade em parte, ou mentira pela metade! dirás tu, quase indignada. Boba, nunca choraste e riste ante um mesma bobagem?
Quando eu me puser solene e sábio, ou dizer-te entendido ou entediado, saiba que sou certo quando me chamas babaca, louco ou tarado, estás dizendo o melhor de mim, o meu lado. Mas se me digo conhecedor e seja em parte verdade, eis em mim um falso conhecedor, o que quer mostrar que sabe, e se soubesse tanto, tanto mais se calaria. Loucos, babacas e tarados (os de palavras, não de ações, claro) são mais sábios dos que os que de si se dizem sábios. Tem idéia do que são e não se pretendem santos, antes procuram o canto, a sombra, a margem.

Não diga que sou frio ou mesmo que não ardo. Diga só que sou quem  no gelo derrete, quem no frio queima, quem no morno não se adequa, quem não é contrário as coisas por cálculo, antes não se adequou ao adequado, não está para dizer-se santo, está aqui para dizer-te que não teme a Deus, teme ao diabo, não duvida de Deus, devida de si próprio, não chora por prazer, o faz por inevitável, nem brinca por querer, brinca por ser criança, nem espera por pretender e sim por esperança. Este, que você conhece as lágrimas e travo, o doce e a cica, não vem se justificar, não quer dizer-se santo. Não quer nada de que não tenha direito ou mereça: quer só alegrar tua alma, fazer-te o dia mais sorriso, ser o sol mesmo chovendo, aumentar o pulsar do coração. Este vem te dizer o que sempre repete: AMO VOCÊ, FOFURA, FOFURINHA, FOFURETE.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

DIOGO E TITO











O vídeo é de oito minutos e sem música. O vídeo é do filho de Diogo Mainardi, um cara cheio de defeitos, como todos os homens. As vezes ele está certo, outras errado e isso tanto faz. O menino que ri não me provoca nada de comovente, não tenha pena dele nem de ninguém. O trajeto até à escola é numa cidade bonita e me parece fria como são frias as de Recife quando muito cedo. O fato é que (que se danem os frios, os imparciais, ao diabo todos eles) eu chorei os quase nove minutos do filme. A parte que eu mais chorei foi a parte em que o sol projeta a sombra do filmador sobre o solo. Diogo Mainardi é um homem que não crê em Deus e não gosta de Lula. Eu não gosto de Lula e creio em Deus. Eu quero dizer que numa coisa acreditamos, no amor. O que me faz chorar é não o Diogo, nem seu filho Tito, é o amor de um pai por seu filho. Tinha o mundo a dizer quando decidi escrever sobre o Tito e o Diogo, não disse nada. Não espere muito de mim nem de Diogo, somos vaidosos e maus. Nem de Tito, ele é homem, e como tal não será grande coisa. Mas entenda que Diogo não pode ser menos que amado por mim, que adorado por mim, que venerado por mim. São por cenas assim, por gestos assim, por amores assim, que eu choro. Agora, amanhã, daqui a dez anos. Quinhentos Diogos apareçam, quinhentas mães percam seus filhos, quinhentas dores me sejam reveladas e de maneira sincera, sem afetação, eu choro, eu estarei lá. Me importa pouco no que isso venha a dar, me importa pouco o que venha  a acontecer. Se não tiver comigo isso de agora, tanto se me dá viver.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

POSSO TE DAR UM BEIJO?










Já que circula pela net um texto atribuídoa Shakespeare, cuja autoria não é do bardo, mando um no mesmo estilo.

Um dia você aprende.

Um dia você aprende que o tempo passa e você fica velho, broxa, estúpido, idiota, na mesma medida em que vai se achando o máximo.

Aprende que se só tivesse você no mundo ou todos fossem você, o mundo seria uma merda, que desgraça viver!

Aprende que toda coisa boa ou razaoável que você fez ou pronunciou é um plágio. Você viu ou leu de alguém que não lembra, pela razão muito justa que uma coisa boa em si não pode ter saído de sua cabeça.

Um dia você aprende. Aprende que suas manias são chatas, suas atitudes são chatas, suas idéias são imbecis, que nunca faria diferença sua opinião no mundo sobre nada. Que você é menos que um zero à esquerda.

Mas é só isso? somos o lixo do que sobrou para reciclar?

Somos e não somos.

Eu faço parte da coisa toda, e se você crê em Deus chame a isso de fé, e se não crê, chame do que quiser, se não quiser não chame, se não puder não venha, se não te apetece não como, se te aborrece, te afasta, se te causa torpor, entorpeça.

O fato, e nada muda isso, é que vim e sei que estou, e faço parte da coisa toda, da coisa inteira. Não me venha com essa que vou morrer e que outros melhores morreram e meus dias já não são tantos. Se for amanhã, de susto, de bala ou vício, assim seja. Mas já me basta ter dado testemunho do tanto de minha vida. Isso não é nada, isso é tudo. Sou um só, só no mundo. Sou de ser o que sou, reconhecendo erros e medos. Sou sem medida, de vícios e fardos. Sou como qualquer um, como qualquer bicho. Se é pra dizer quem sou, que eu diga que sou como todo mundo e tenho tantos defeitos quanto. Mas se é pra dizer quem eu sou também devo dizer que choro, que admiro, que sei do bem, que sei que ele é superior ao mal.

Se eu falo de mim é bom que eu diga tudo, sem máscaras ou medos: sou um ser perverso e comezinho, sou sem pudor e sem pejo. Mas se você me olha com ternura e com o olhar bom, seja homem ou mulher, sentirá minha alma, ela te dirá: posso te dar um beijo?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

NO CHÃO












Se fosse Vinicius De moraes, se estivesse com a Alexandre, e mesmo se fosse o próprio Alexandre, e um Alexandre maior que o próprio da macedônia, ainda assim seria homem, não mais, não menos.
Se fosse apóstolo de Cristo, mesmo preferido por ele, não cabia o chiste, não faria a galhofa. Se fosse mais do que é, mesmo tendo descoberto curas e vislumbrado horizontes e previsto tecnologias e chuvas, é homem ainda, nem mais nem menos.
Mas nem era um destaque em nada, só sabe dar chutes e socos, e não enxerga o Cristo lavando pés. Não sente o outro no outro, só sente ele em si mesmo. Como câncer, como um que despreza o outro e por ele é demolido.

Tinha por ele apreço, achava-o doce e era bonito isso nele porque era forte. O forte que não liga em sua força, que a tem como membro só usado para o que é imprescindível, tem minha admiração. O forte que usa a força para exercitar a fraqueza, levar à tona a fragilidade, me causa tédio.

Se ele perdeu algo não foi a luta, foi minha admiração. Porque era sincera e não carecia de nada que não fosse bom, que não fosse sincero.

Que diabos levem os que pensam que de nada valeria a ele minha admiração. Ele é rico, famoso, tudo o mais, e nada disso mudará por que deixei de admirá-lo.

Ele perdeu minha admiração. Ele perdeu minha admiração e ela era sincera como todas as outras. Não muda nada na vida dele, não muda nada na minha. Ele perdeu minha admiração e isso não digo feliz, não digo por dizer. Perdeu uma admiração sincera. Sinto que poderia ter perdido mil lutas e seria admirado pelas trinta que venceu. Ou perdesse mil e seria admirado pela que venceu se fosse só uma. Mas ele perdeu meu afeto por soberba, por ser ridículo.

Ele está caido. E caísse duas mil vezes não seria por isso que deixaria de admirá-lo, ainda que fosse por uma única vez sua vitória. Ele está caído como um homem que cai sem dignidade, com toda vergonha de sua conduta, como um... Anderson Silva.

Não saíste bem na foto, meu bom. Não por estares no chão. Surrado. Nada disso! o homem caindo como um homem é bonito de se ver. Um gigante indo ao chão com dignidade é lindo. Há na queda um momento de dor e reflexão que depois levam adiante o derrotado de antes. Você não caiu por ser o mais fraco, isso é que o triste. Você caiu por achar que mais que humano, ou que os outros são menos que você.

domingo, 23 de junho de 2013

O QUE NOS UNE



PARA MEU PAI. QUE COMPLETA 65 ANOS HOJE, 26/06/2013.



Sobre o que seja, seja o que for, em que tempo esteja, onde riso ou dor, haverá nosso laço, haverá o que tem sempre havido entre nós, e entre o tempo e nós. Haverá uma música nova de um compositor qualquer, que se sabe nova, que se sabe bela, mas que a mesma música dizendo a mesma coisa sobre o que nos une. O que nos une é mais do que o que pode separar. Mesmo por times, por santos, ou por Lula ou FHC. O que nos une é de força maior do que meus erros, seus erros, e do ferrugem causado pela maresia do conviver, pela dura falta de poesia que tem a vida de todo dia, a vida vivida à vera. 
O que nos une é sempre acima do que pode o mal e o medo. Acima do que vem de aresta, do que vem de de externo, de aparente, do que revela o que foi feito pra ser claro, ser visto. O que nos une não é como coisa que une com laços de nós de cordas, com nós de nós, com nós. São coisas que tão tênues, tão frágeis, imperceptíveis, unem tão fortemente que nenhum metal, liga ou dinheiro, ligaria ou ligará. O que nos une não é o sangue, não o que se quer dizer quando se diz "sangue". De minha parte cumpre-me dizer que sou feliz, estou bem, ficarei melhor, cuidarei de mim.  De seu aniversário cumpre-me dizer que será mais um entre muitos que hão de haver. Que sejas feliz, que dê tudo bem, cuide de você. De minha parte cabe te agradecer, de beijar o rosto, te admirar. De sua parte cabe ser feliz, cabe progredir, prosperar.
Não há muito o que dizer, já é dito sempre entre nós, senão com palavras, com gestos, que são a alma das palavras. Há o que sentir e muito a se comerar. Pelo seu tempo passando, pelo meu também. Que venham mais anos até acabar, os meus, os seus, os de quem virá. Cada um tem sua função, e a do tempo é passar, a nossa é viver, ser feliz, amar.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O QUE NÃO MUDA








Não estou arrogante nem seguro de mim, isso é errado e estranho, como num forno um pinguim. E nem que errei (de fato não errei) para pedir desculpas, não pedirei. Desculpas é de quando erro, é de quando faço, é de quando fazendo sei que fiz. Ai posso recorrer a desculpa mesmo não vendo erro, mesmo sem maldade no que maldade alguém viu. Mas quando não reconheço erro no meu agir, quando erro não houve apesar de eu esmiuçar o que venha a ser plausível de ter sido mal entendido, fico com a sensação de nada querer fazer, de não cogitar o restabelecimento do que era antes, ou que do aparentava ser. Ai, as coisas são piores que as que desenho no meu mundo, isso é um problema, porque isso também se aplica as pesssoas e, sobretudo, a mim. Eu não quero um mundo real e duro, como sói serem os mundos. Quero-os como os das luas e pontes que só cabem na minha cabeça. Meus olhares sobre as coisas afastam o que queimam ou possuam algum tipo de sal ou ácido. Por isso , e não por cálculo, eu prezo a minha amizade com todos que me são sinceros e tem amizade na medida de sua língua ou exterioridades de gesto.
Desde pequeno eu prezo o olhar mais que a língua, língua foi feita para transmitir palavras, não sentimentos. Língua deforma os sentimentos, os faz amorfos, os faz falsos. Trago no peito, guardadinho, presinho, os meus amigos sinceros e que valem o meu gostar, os que se emburram por nada, que se diziam amigos mas se afastaram por nada, por outros, por menos, que se danem.
Venho aqui reafirmar ( e não canso) que lu ainda é minha amiga querida, que ontem enchi os olhos de lágrimas ao ver um comentário de saudades de Maria Regina sobre o marido morto, não para ela. De beijar o rosto de Graça, e ver nela um desprendimento, um força, apesar de ela mesma querer fingir não ser tanta. Reolhar a risada de Gabi e escutar o que nela é ingênuo e doce (tudo) e sempre, ainda e agora mais, reafirmar que não mudo, que segue o sol, que sigo eu, ele fica, eu irei, mas vou assim, do começo ao fim. Se sou chato, devo dizer que vou falar de meu pai, que fará mais um ano, bem mais chato, igual a sempre, querido. E seguirei falando do mesmo onde o mesmo for bom, mudo o dito se o dito sobre o que disse não justificar o que sinto agora. Cresço, melhoro, com minhas cicatrizes e meus fios. Nada, nem pensar, não vou terminar sem meu filho, belo filho, adorado, agora e daqui a mil anos, aqui ou em singapura, no são joão e no santo da hora, quando chegou e quando eu for embora.  Falta dizer que aos outros fica o meu beijo, para Joelma, Lucia, Clícia e Rafaela (amiga recente, segundo a mãe chata, segundo eu : um doce) e a Sileide, fará aniversário amanhã, beijos e que tudo dê certo e melhore. Mas sem mais, vou com Deus, fiquem em paz.

quinta-feira, 23 de maio de 2013