quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ELA










Bastaria o jeito não tão delicado, a voz mais gutural e menos melíflua, as unhas não pintadas de rosa e ela  não ser uma.  
Bastaria que não fosse bela e com um olhar de quem já viu a vida e desconfia das coisas e pessoas. Que ela não fosse tão singular e singelamente se chamasse Maria. Maria do Carmo, padroeira de Recife. Recife das pontes amadas, das ruas velhas e de uma madrugada de dores e álcool. Bastava ele me dizer de onde tirou o jeito e porquê é tão fácil pra ela fazer-se querida. Bastava eu não ser tão bobo. Mas há um diferença entre os que as coisas são e o que poderiam ser. "Entre a intenção e o gesto". 
Mas ela me encanta por o que tem e é só dela. Um calmo de ser, um jeito de espera. Um verão que fosse primavera, um adequar-se aos espaços como se fosse ela dona dele todo. Ocupar os limites como se estes fossem pouco. Sem forçar nada, sem simular. Sendo linda e ela. E ela.... ELA É O QUE HÁ!

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